A melhor corrida do ano foi uma mistura de dor e alegria, resgatou talentos e colocou os fracos em seu lugar
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: f1.com, indycar.com
E lá se vão 30 anos, lembro que o primeiro GP da Hungria em 1986 foi um desafio, tanto para as equipes quanto para os jornalistas que cobriam o evento em um país recém saído da cortina de ferro. Claro que as dificuldades técnicas que o mundo em transformação tinha, apenas criaram um clima de novidade para aqueles que faziam a cobertura. Portanto, a etapa tinha tudo para ser um fim de semana de festa, não fosse a triste notícia da morte do piloto Jules Bianchi.
De todas, a equipe que mais sofreu com a perda foi a Ferrari, que estava criando o menino para assumir, talvez agora em 2016, o cockpit de um dos carros vermelhos de Maranello. A dor da equipe só é comparada com a morte de Gilles Villeneuve em 1982, os dois tinham em comum a garra que os italianos tanto exigem de seus condutores quando defendem as cores da escuderia, afinal, Jules era uma árvore que iria render doces frutos no futuro.
Mas a vida continua, os desafios são imensos e as cobranças idem. Colocado em xeque, o atual chefão da equipe já estava até ganhando um apelido no meio do automobilismo. Segundo o melhor comentarista de Fórmula 1 da atualidade, o ex-piloto Luciano Burti, Maurizio Arrivabene já estava sendo chamado de Arrivederci pelo pessoal dos boxes, tamanha dificuldade que o italiano estava encontrando para comandar a equipe.
Acontece que, quem tem Vettel sempre pode esperar um toque de genialidade na condução de um carro de corridas. O alemão largou muito bem e não deu a menor chance para os adversários, nunca perdeu a ponta e comandou com mão de aço a tocada até a bandeirada final, agradeceu em italiano, inglês e dedicou em francês a vitória ao companheiro morto.
É uma conquista em um momento muito importante do campeonato. Hamilton deixou voltar o capeta que senta no seu colo sempre que é subjugado por outro piloto. Logo na primeira curva já foi passear na brita, perdeu tempo, se meteu em confusão, foi penalizado e mesmo assim conseguiu manter a liderança do campeonato antes da parada para as férias.
Acontece que seu companheiro de equipe, que deveria ter saído da etapa como líder, se enroscou com o Daniel Ricciardo e ganhou de presente um pneu furado faltando poucas voltas para o final. Na verdade, Rosberg não tem a chamada “sorte de campeão”, sempre que está pronto para se dar bem acaba se metendo em confusão desnecessária. Azar o dele, vai ter que remar mais se quiser bater o companheiro este ano.
A vitória de Vettel foi incontestável, segura e firme como devem ser as conquistas de um tetra campeão. Ele começou a igualar recordes de gênios do automobilismo, agora ele tem o mesmo número de conquistas que Senna teve na carreira, 41. Quem saiu muito fortalecida desta etapa foi a equipe Red Bull, seus dois pilotos fecharam o pódio e mostraram que estão evoluindo muito, claro que as brigas com os adversários foram ferozes, mas garantiram uma espetacular colocação na corrida. Detalhe: pela primeira vez no ano não havia nenhum piloto da Mercedes entre os três primeiros, sinal de que a segunda metade do campeonato vai ser de lascar.
O resto, bem, foi o resto, tirando a tremenda luta que o Felipe Nasr tem para conduzir o carro que não evolui, tudo ficou dentro da normalidade. As Williams continuam sendo motivo de chacota, afinal, carro que anda bem não tem essa de ser pior em pista mais lenta, como piloto que reclama da distância dos pedais, foi lembrar-se de arrumar o banco na metade do campeonato? Ah malandro, me poupe e comece a assumir a enorme deficiência e distância para pilotos muito melhores.
Eu vou ficando por aqui, no fim de semana tem Fórmula Indy em Mid-Ohio, a antepenúltima etapa do campeonato e em circuito misto, bem apropriado para começar a fechar o funil do campeonato.
Beijos & queijos
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