Alta Roda nº844/194– 16/07/2015
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Vêm de longa
data os adiamentos sucessivos de decisões na cultura brasileira e mais ainda
quando os governos estão envolvidos. A Coluna de 27 de janeiro último listou 10
das principais pendências legislativas ou regulatórias que afetavam o setor
automobilístico e menos de seis meses depois só piorou (veja aqui).
A obrigatoriedade do extintor (de princípio de incêndio) do tipo ABC na frota
de carros usados já está no terceiro adiamento em 2015, embora previsto há mais
de cinco anos. De abril, foi para julho e depois para outubro. Além de bem mais
caro, sua utilidade continua questionável. É reflexo mais de grupos de
interesse específico e menos de real preocupação com a segurança.
Há, entretanto, mais uma postergação e o consumidor, outra vez, foi
prejudicado. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) tinha decidido antes de 2012 que toda a gasolina comercializada no país
deveria ser obrigatoriamente aditivada a partir de 1º de janeiro de 2014.
Deu-se um prazo para seleção básica e teste dos aditivos detergentes e
dispersantes, sem prejuízo de cada distribuidora continuar a desenvolver e
oferecer suas próprias fórmulas com respectivos nomes comerciais.
No final de 2013, a ANP adiou por 18 meses, para 1º de julho último, a
distribuição nacional dessa gasolina com aditivos para limpar e manter limpos
válvulas e injetores. Os proprietários de carros teriam menos despesas de
manutenção e até diminuição discreta de consumo de combustível ao longo do
tempo. Os desentendimentos ocorreram, apesar do prazo adequado, em relação à
aditivação ser nas refinarias ou nos tanques das distribuidoras, com custos
diferentes.
Agora no dia 29 de junho, apenas 48 horas antes de vencer o prazo anterior, a
ANP publicou nova Resolução adiando por mais dois anos, para 1º de julho de
2017, a chegada da gasolina com aditivação básica. As justificativas da agência
são, em resumo, de que foi informada em fevereiro último pela Petrobras que ao
trocar o motor no banco de provas, já gasto, por outro do mesmo modelo a
análise da formação de depósitos nas válvulas de admissão não apresentou
resultados confiáveis.
E acrescentou: “Além disso, os agentes econômicos responsáveis pela adição dos
detergentes dispersantes à gasolina vêm apresentando diversas dificuldades para
adaptação de suas instalações e, consequentemente, o atendimento ao prazo
determinado”. Ou seja, a causa do primeiro adiamento se repete agora apesar das
dilatações concedidas.
Pode haver outras razões, escamoteadas, entre elas o temor de que a gasolina
subisse novamente de preço, apesar de se saber por experiências internacionais
que a aditivação tem custos pequenos frente a benefícios bem maiores.
Infelizmente, as agências reguladoras brasileiras estão sujeitas a pressões
políticas do governo e do Legislativo e não conseguem cumprir suas tarefas com
a mesma eficiência de suas congêneres em outros países.
Agora só resta, mais uma vez, esperar até que os 40.575 postos de combustíveis
líquidos (dado atualizado em 22 de junho passado) de todo o Brasil recebam
gasolina com aditivação básica.
RODA VIVA
EMBORA a FCA nunca tivesse confirmado a produção de um
verdadeiro sedã médio-compacto, como o Viaggio chinês ou o Dart americano, em
sua nova fábrica de Goiana (PE), havia possibilidade remota de que isso
acontecesse. Fontes desta Coluna, no entanto, garantem estar totalmente
descartada. Já existem 15 protagonistas e a Fiat não tem tradição nesse
segmento.
VIDA mais difícil para fabricantes com presença
importante na base do mercado. Versões de 1 litro, as mais baratas em razão do
IPI menor, apresentaram queda acentuada de participação nas vendas de
automóveis, de 34,2% (maio) para 31,7% em junho último. E as quatro grandes
(Fiat, Ford, GM e VW) desabaram para patamar nunca visto: apenas 56% de
penetração de mercado.
OUTRA surpresa foi o Corolla, na oitava colocação,
vender mais que o Uno (em nono lugar) pela primeira vez. Porém, é preciso
lembrar que o Civic, tradicional maior rival do sedã japonês, teve sua produção
desacelerada para permitir crescimento do HR-V, este com demanda superior à
oferta. Só no começo de 2016, com a nova fábrica, a Honda aumentará a produção.
NESTA nova geração do cupê TT a Audi se superou.
Retoques visuais na medida certa como passar as quatro argolas de sua logomarca
da nova grade para o capô, novo quadro eletrônico de instrumentos virtual
totalmente configurável e comandos de ar-condicionado nas próprias saídas de
ar. Potência aumentada para 230 cv veio na hora certa e empolga quem quer
sempre ter o carro à mão com visibilidade, ergonomia e precisão.
CENTENÁRIO de fundação da alemã ZF este ano
coincidiu com a aquisição da americana TRW para formar o terceiro maior grupo
de autopeças do mundo. A primeira sempre focou em engrenagens e elementos
completos de transmissão, em especial caixas de câmbio. A segunda tem forte
atuação em itens de segurança ativa e passiva de alta tecnologia.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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