Wagner Gonzalez |
Crise, que
crise?
Entre uma popularidade em
queda acentuada e a ameaça de perder mais equipes a F-1 já começa a trabalhar
em função de um calendário de 21 corridas para 2016, duas a mais que neste ano.
Enquanto isso, a temporada 2015/16 da F-E acabou ficando com as mesmas dez
provas, sendo que uma data entre as prova de Buenos Aires e Long Beach ainda
está vaga. Houve quem tentasse trazer a categoria para Florianópolis ou
Salvador…
Cartolas e sombreros
Na onda
de inserir o México no panorama internacional do automobilismo, a Federação
Internacional do Automóvel realizou, no último fim de semana, seu Congresso
Mundial do Esporte a Motor (World Motor Sport Council, ou simplesmente WMSC) em
meio a uma programação que inclui diversos outros ágapes destinados a promover
o automobilismo nas Américas. Não se tem notícia da contribuição que a entidade
verde-amarela reconhecida pela FIA, a Confederação Brasileira de Automobilismo
(CBA), tenha prestado aos trabalhos e quem falou português com sotaque
brasileiro no evento foi Emerson Fittipaldi, anunciado como embaixador do
Grande Prêmio do México. Vale lembrar que os indicadores internacionais indicam
que a indústria automobilística local cresceu 15,6% no ano encerrado em maio,
enquanto neste lado de baixo do equador houve um encolhimento de 26,2%…
Isso ajuda a entender o
foco de Jean Todt, o presidente da FIA: uma campanha mundial para melhorar a
segurança do trânsito, o que já lhe valeu o apoio da ONU. Nem por isso as
principais categorias mundiais receberam o tratamento que a organização de
Wimbledon dispensou ao atual campeão mundial de F-1. Por não respeitar o “dress
code” imposto para quem foi convidado a assistir a final do famoso torneio de
tênis no exclusivo camarote real, Lewis Hamilton viu-se constrangido a dar um
cavalo de pau e voltar para casa exibindo uma vistosa camisa florida. O corte
de cabelo ainda foi disfarçado com um chapéu de estilo menos radical…
O WMSC aprovou um
calendário com nada menos de 21 corridas para o Mundial de F-1 de 2016, que
ganhou a inclusão do Azerbaijão, que terá uma prova nas ruas da capital Baku, e
a volta da Alemanha, em Hockenheim, traçado que ao contrário da vizinha e bela
Heidelberg já perdeu muito charme desde que devastaram suas longas retas no
meio da floresta local. Nesse calendário o Brasil foi mantido como penúltima
etapa, no dia 13 de novembro; a temporada começa dia 3 de abril na Austrália e
termina dia 27 de novembro em Abu Dhabi.
A seqüência das corridas foi bastante alterada e a
mudança mais crítica é a proximidade entre as etapas da Malásia (18/9) e
Cingapura (25/9). Países limítrofes, eles certamente dividirão entre si o
número de pagantes de ingressos, disputa em que o último levará vantagem pelo
fato de ser disputado em uma cidade-estado bastante organizada e com largada
noturna.
Veja o calendário
provisório para 2016, agenda que deve confirmada dia 30 de setembro, em Paris:
3/4, Austrália; 10/4, China; 24/4, Bahrein; 1/5, Rússia;
15/5, Espanha; 29/5, Mônaco; 12/6, Canadá; 26/6, Inglaterra; 3/7, Áustria;
17/7, Azerbaijão; 31/7, Alemanha; 7/8, Hungria; 28/8, Bélgica; 4/9, Itália;
18/9, Cingapura; 25/9, Malásia; 9/10, Japão; 23/10, Estados Unidos; 30/10,
México; 13/11, Brasil; e 27/11, Abu Dhabi.
No âmbito técnico, foi oficializada a liberação de uma
quinta unidade de potência para novos construtores, ou seja, a Honda, e quem
esgotar a cota (quatro para os demais fabricantes) vai ter punição única:
largar do fundo do grid. Com relação aos pilotos, adolescentes, jovens e não
tão jovens aspirantes a um lugar na F-1, agora deverão cumprir um mínimo de
duas temporadas em categorias de monopostos reconhecidas pela FIA, medida que
bem poderia ser batizada de “Lei Verstappen”: o holandês Max estreou na
categoria top aos 17 anos de idade, com meia temporada de F-3 no currículo.
Além disso será preciso somar 40 pontos em categorias intermediárias e ao longo
de três temporadas; como o mar não está para peixe e as vagas na F-1 são apenas
20, quem conseguir os tais 40 pontos tem o direito de pedir a super-licença nos
três anos seguintes.
Quem sair campeão da F-Indy ou da GP-2 embolsa 50
pontos e resolve o problema. Na esperança de valorizar seu novo produto — a
ressuscitada F-2 — quem conquistar este campeonato levará cinco dúzias de
pontos. Outrora o verdadeiro vestibular para a F-1, a categoria foi
inicialmente substituída pela F-3000 para desovar os motores Cosworth
aposentados pela era turbo dos anos 1980. Sem nunca ter emplacado, acabou canibalizada
por opções mais ou menos sérias, GP-2 e F-Renault 3,5 no primeiro caso e A1 GP
no segundo. É lícito especular que não dá para especular a sorte dessa fênix de
ocasião: com a categoria maior em crise de identidade e de público e o Mundial
de Resistência (WEC para os íntimos), crescendo em ritmo semelhante ao aumento
dos custos do esporte, é bom pedir um prato de canja para prevenir possíveis
desarranjos no meio do caminho.
Esses desarranjos já deram o ar da graça: depois de
uma proposta que excluía várias categorias importantes como válidas no sistema
de pontuação para obter a super-licença que dá direito a competir na F-1, a FIA
mudou seu set up para uma regulagem estilo mea culpa e reconheceu a importância
de 15 categorias, entre elas o WEC, DTM, F-Renault 3,5, Super Fórmula (Japão) e
a F-3 Européia. Até mesmo o Mundial de Kart e a F-Renault 2.0 passam a
contribuir nessa caderneta de poupança que pode render a carteirinha mais
exclusiva que um piloto pode querer — a partir dos 18 anos de idade, que fique
bem claro.
Outras decisões do encontro no México vão afetar o
mundo do rali: os carros ficarão mais largos, assim como o aerofólio traseiro e
a carroceria poderá ser bastante modificada nos pára-choques e pára-lamas. Nos
anos 1980 isso já foi adotado e acabou sendo anulado quando os automóveis
passaram a andar mais do que a segurança que estradas usadas nas etapas do
Mundial podiam oferecer.
Pilotos
e vagas
A ida de
Valteri Bottas para a Scuderia de Maranello parece cada vez mais certa. Nome
cotado para a vaga de Kimi Räikkönen, esta semana o australiano Daniel
Ricciardo declarou que “é sempre bom ter o nome lembrado por uma equipe como a
Ferrari mas tenho um contrato com a Red Bull até 2016”.
Além disso, o nome de
outro postulante, Jenson Button, começa a ser suscitado como substituto de
Bottas na Williams, equipe que promoveu sua estreia na F-1 no ano 2000. Tal
especulação reforça a crença de que o inglês poderá perder o lugar para o belga
Stoffel Vandoorne, atual líder da GP2 e queridinho de plantão na equipe de Ron
Dennis. Dois detalhes dão força a esta teoria, um econômico e outro
estratégico: Vandoorme aceitaria receber um salário bem menor que o de Button
(campeão mundial de 2009), que por coincidência deixou de ser o empresário do
piloto belga.
Brasil pode usar cota para entrar na F-E
Depois de muitas
negociações para elevar para 12, ou mesmo 13, o número de eventos da temporada
de F-E, o espanhol Alejandro Agag parece ter diminuído a voltagem e se
contentado em manter 10 etapas no próximo campeonato da categoria de carros
elétricos. O Brasil esboçou interesse em receber um E-Prix — como as
competições são chamados pelos marqueteiros de plantão — e Salvador e
Florianópolis entraram no jogo. No primeiro caso a organização ficaria por
conta de Carlos Col e no segundo, nas mãos de Tamas Rohonyi. Col admitiu ter
entrado em contato com Agag durante a etapa de Buenos Aires, mas afirmou que o
projeto parou por aí; confirmou também ter “ouvido falar” do interesse dos
catarinenses, mas “ali a conta não fecha”. Ainda assim, o País poderia ocupar
uma vaga no calendário 2015/2016: entre as etapas de Buenos Aires (6/2/2016) e
Long Beach (2/4/2016), existe uma data com local TBD — sigla em inglês para “a
ser determinado” — e que ocupa o fim de semana de 19 de março. Em épocas de
crise é pouco provável que a competição tenha cores verde e amarela, mas…
Espanhol
apronta na Áustria
Vai saber se o fato da corrida ter acontecido no
circuito dos touros vermelhos teve algo a ver com isso… No último fim de
semana, o espanhol Roberto Mehri, que disputa o Mundial de F-1 pela equipe
Manor, disputou a prova da categoria F-Renault 3,5 no circuito Red Bull Ring,
outrora conhecido como Zeltweg, na Áustria. Logo após receber a bandeirada de
chegada em quarto lugar na primeira corrida, Mehri diminuiu abruptamente a
velocidade do seu carro e deve estar se perguntando até agora como o canadense
Nicholas Latifi não conseguiu evitar seu carro. Latifi disputava posição com o
francês Tom Dilmann e deve ter olhado tempo demais no retrovisor; como estava
acelerando em plena reta, só notou o carro do espanhol quando era tarde demais.
Mehri foi excluído dessa corrida e impedido de participar da segunda. Veja bem
o que aconteceu neste
vídeo. A vitória foi do inglês Oliver Rowland. Na corrida 2 o
francês Matthieu Vaxiviere venceu e o brasileiro Pietro Fantin ficou em quarto
lugar.
Todo
dia é dia de Rock
A data foi ontem, mas o
rock nunca sai do compasso. Daí o registro da mais íntima ligação que essa
música já teve com a Fórmula 1: o sueco Slim Borgudd, que começou sua carreira
de baterista no Made in Sweden, que você vê neste vídeo executando
“You can’t go home”. Mais tarde atuou com as bandas Solar
Plexus, Hootenanny Singers e Abba, que o patrocinou em boa parte dos
10 GPs que ele participou. Karl Edward Tommy Borgudd disputou sete Grandes
Prêmios pela ATS em 1981 e três pela Tyrrell em 1982. Seu melhor resultado foi
o sexto lugar no GP da Inglaterra de 1981.
WG
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