terça-feira, 14 de julho de 2015

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez
Crise, que crise?

Entre uma popularidade em queda acentuada e a ameaça de perder mais equipes a F-1 já começa a trabalhar em função de um calendário de 21 corridas para 2016, duas a mais que neste ano. Enquanto isso, a temporada 2015/16 da F-E acabou ficando com as mesmas dez provas, sendo que uma data entre as prova de Buenos Aires e Long Beach ainda está vaga. Houve quem tentasse trazer a categoria para Florianópolis ou Salvador…


Cartolas e sombreros

Na onda de inserir o México no panorama internacional do automobilismo, a Federação Internacional do Automóvel realizou, no último fim de semana, seu Congresso Mundial do Esporte a Motor (World Motor Sport Council, ou simplesmente WMSC) em meio a uma programação que inclui diversos outros ágapes destinados a promover o automobilismo nas Américas. Não se tem notícia da contribuição que a entidade verde-amarela reconhecida pela FIA, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), tenha prestado aos trabalhos e quem falou português com sotaque brasileiro no evento foi Emerson Fittipaldi, anunciado como embaixador do Grande Prêmio do México. Vale lembrar que os indicadores internacionais indicam que a indústria automobilística local cresceu 15,6% no ano encerrado em maio, enquanto neste lado de baixo do equador houve um encolhimento de 26,2%…

Isso ajuda a entender o foco de Jean Todt, o presidente da FIA: uma campanha mundial para melhorar a segurança do trânsito, o que já lhe valeu o apoio da ONU. Nem por isso as principais categorias mundiais receberam o tratamento que a organização de Wimbledon dispensou ao atual campeão mundial de F-1. Por não respeitar o “dress code” imposto para quem foi convidado a assistir a final do famoso torneio de tênis no exclusivo camarote real, Lewis Hamilton viu-se constrangido a dar um cavalo de pau e voltar para casa exibindo uma vistosa camisa florida. O corte de cabelo ainda foi disfarçado com um chapéu de estilo menos radical…

O WMSC aprovou um calendário com nada menos de 21 corridas para o Mundial de F-1 de 2016, que ganhou a inclusão do Azerbaijão, que terá uma prova nas ruas da capital Baku, e a volta da Alemanha, em Hockenheim, traçado que ao contrário da vizinha e bela Heidelberg já perdeu muito charme desde que devastaram suas longas retas no meio da floresta local. Nesse calendário o Brasil foi mantido como penúltima etapa, no dia 13 de novembro; a temporada começa dia 3 de abril na Austrália e termina dia 27 de novembro em Abu Dhabi.

A seqüência das corridas foi bastante alterada e a mudança mais crítica é a proximidade entre as etapas da Malásia (18/9) e Cingapura (25/9). Países limítrofes, eles certamente dividirão entre si o número de pagantes de ingressos, disputa em que o último levará vantagem pelo fato de ser disputado em uma cidade-estado bastante organizada e com largada noturna. 

Veja o calendário provisório para 2016, agenda que deve confirmada dia 30 de setembro, em Paris:

3/4, Austrália; 10/4, China; 24/4, Bahrein; 1/5, Rússia; 15/5, Espanha; 29/5, Mônaco; 12/6, Canadá; 26/6, Inglaterra; 3/7, Áustria; 17/7, Azerbaijão; 31/7, Alemanha; 7/8, Hungria; 28/8, Bélgica; 4/9, Itália; 18/9, Cingapura; 25/9, Malásia; 9/10, Japão; 23/10, Estados Unidos; 30/10, México; 13/11, Brasil; e 27/11, Abu Dhabi.

No âmbito técnico, foi oficializada a liberação de uma quinta unidade de potência para novos construtores, ou seja, a Honda, e quem esgotar a cota (quatro para os demais fabricantes) vai ter punição única: largar do fundo do grid. Com relação aos pilotos, adolescentes, jovens e não tão jovens aspirantes a um lugar na F-1, agora deverão cumprir um mínimo de duas temporadas em categorias de monopostos reconhecidas pela FIA, medida que bem poderia ser batizada de “Lei Verstappen”: o holandês Max estreou na categoria top aos 17 anos de idade, com meia temporada de F-3 no currículo. Além disso será preciso somar 40 pontos em categorias intermediárias e ao longo de três temporadas; como o mar não está para peixe e as vagas na F-1 são apenas 20, quem conseguir os tais 40 pontos tem o direito de pedir a super-licença nos três anos seguintes.

Quem sair campeão da F-Indy ou da GP-2 embolsa 50 pontos e resolve o problema. Na esperança de valorizar seu novo produto — a ressuscitada F-2 — quem conquistar este campeonato levará cinco dúzias de pontos. Outrora o verdadeiro vestibular para a F-1, a categoria foi inicialmente substituída pela F-3000 para desovar os motores Cosworth aposentados pela era turbo dos anos 1980. Sem nunca ter emplacado, acabou canibalizada por opções mais ou menos sérias, GP-2 e F-Renault 3,5 no primeiro caso e A1 GP no segundo. É lícito especular que não dá para especular a sorte dessa fênix de ocasião: com a categoria maior em crise de identidade e de público e o Mundial de Resistência (WEC para os íntimos), crescendo em ritmo semelhante ao aumento dos custos do esporte, é bom pedir um prato de canja para prevenir possíveis desarranjos no meio do caminho.

Esses desarranjos já deram o ar da graça: depois de uma proposta que excluía várias categorias importantes como válidas no sistema de pontuação para obter a super-licença que dá direito a competir na F-1, a FIA mudou seu set up para uma regulagem estilo mea culpa e reconheceu a importância de 15 categorias, entre elas o WEC, DTM, F-Renault 3,5, Super Fórmula (Japão) e a F-3 Européia. Até mesmo o Mundial de Kart e a F-Renault 2.0 passam a contribuir nessa caderneta de poupança que pode render a carteirinha mais exclusiva que um piloto pode querer — a partir dos 18 anos de idade, que fique bem claro.
Outras decisões do encontro no México vão afetar o mundo do rali: os carros ficarão mais largos, assim como o aerofólio traseiro e a carroceria poderá ser bastante modificada nos pára-choques e pára-lamas. Nos anos 1980 isso já foi adotado e acabou sendo anulado quando os automóveis passaram a andar mais do que a segurança que estradas usadas nas etapas do Mundial podiam oferecer.

Pilotos e vagas

A ida de Valteri Bottas para a Scuderia de Maranello parece cada vez mais certa. Nome cotado para a vaga de Kimi Räikkönen, esta semana o australiano Daniel Ricciardo declarou que “é sempre bom ter o nome lembrado por uma equipe como a Ferrari mas tenho um contrato com a Red Bull até 2016”. 

Além disso, o nome de outro postulante, Jenson Button, começa a ser suscitado como substituto de Bottas na Williams, equipe que promoveu sua estreia na F-1 no ano 2000. Tal especulação reforça a crença de que o inglês poderá perder o lugar para o belga Stoffel Vandoorne, atual líder da GP2 e queridinho de plantão na equipe de Ron Dennis. Dois detalhes dão força a esta teoria, um econômico e outro estratégico: Vandoorme aceitaria receber um salário bem menor que o de Button (campeão mundial de 2009), que por coincidência deixou de ser o empresário do piloto belga.

Brasil pode usar cota para entrar na F-E

Depois de muitas negociações para elevar para 12, ou mesmo 13, o número de eventos da temporada de F-E, o espanhol Alejandro Agag parece ter diminuído a voltagem e se contentado em manter 10 etapas no próximo campeonato da categoria de carros elétricos. O Brasil esboçou interesse em receber um E-Prix — como as competições são chamados pelos marqueteiros de plantão — e Salvador e Florianópolis entraram no jogo. No primeiro caso a organização ficaria por conta de Carlos Col e no segundo, nas mãos de Tamas Rohonyi. Col admitiu ter entrado em contato com Agag durante a etapa de Buenos Aires, mas afirmou que o projeto parou por aí; confirmou também ter “ouvido falar” do interesse dos catarinenses, mas “ali a conta não fecha”. Ainda assim, o País poderia ocupar uma vaga no calendário 2015/2016: entre as etapas de Buenos Aires (6/2/2016) e Long Beach (2/4/2016), existe uma data com local TBD — sigla em inglês para “a ser determinado” — e que ocupa o fim de semana de 19 de março. Em épocas de crise é pouco provável que a competição tenha cores verde e amarela, mas…

Espanhol apronta na Áustria
Vai saber se o fato da corrida ter acontecido no circuito dos touros vermelhos teve algo a ver com isso… No último fim de semana, o espanhol Roberto Mehri, que disputa o Mundial de F-1 pela equipe Manor, disputou a prova da categoria F-Renault 3,5 no circuito Red Bull Ring, outrora conhecido como Zeltweg, na Áustria. Logo após receber a bandeirada de chegada em quarto lugar na primeira corrida, Mehri diminuiu abruptamente a velocidade do seu carro e deve estar se perguntando até agora como o canadense Nicholas Latifi não conseguiu evitar seu carro. Latifi disputava posição com o francês Tom Dilmann e deve ter olhado tempo demais no retrovisor; como estava acelerando em plena reta, só notou o carro do espanhol quando era tarde demais. Mehri foi excluído dessa corrida e impedido de participar da segunda. Veja bem o que aconteceu neste vídeo. A vitória foi do inglês Oliver Rowland. Na corrida 2 o francês Matthieu Vaxiviere venceu e o brasileiro Pietro Fantin ficou em quarto lugar.

Todo dia é dia de Rock
A data foi ontem, mas o rock nunca sai do compasso. Daí o registro da mais íntima ligação que essa música já teve com a Fórmula 1: o sueco Slim Borgudd, que começou sua carreira de baterista no Made in Sweden, que você vê neste vídeo executando “You can’t go home”. Mais tarde atuou com as bandas Solar Plexus, Hootenanny Singers e Abba, que o patrocinou em boa parte dos 10 GPs que ele participou. Karl Edward Tommy Borgudd disputou sete Grandes Prêmios pela ATS em 1981 e três pela Tyrrell em 1982. Seu melhor resultado foi o sexto lugar no GP da Inglaterra de 1981.

WG





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