Alta Roda nº 884/234 – 14 /04 /2016
Fernando Calmon |
Segmento
de picapes médias de cabine dupla é um dos mais rentáveis
do mercado por suas dimensões avantajadas, equipamentos oferecidos, motores
diesel (muito mais caros) e tração 4x4 com reduzida. Outro “segredo” para esse
sucesso é a legislação injusta do IPI. Esses veículos recolhem apenas 8% de imposto
simplesmente por terem caçamba, independentemente do motor (diesel ou flex). Um
compacto com motor de 1 litro paga 7% de IPI, sem nenhum estímulo por ser flex,
como ocorre com motores de 1 a 2 litros (menos 2 p.p.) e acima de 2 litros
(menos 5 p.p.).
Os fabricantes partiram para um rápido ciclo de renovação. Em apenas seis meses
(de novembro 2015 a maio 2016), quatro lançamentos: Toyota Hilux, Fiat Toro,
Ford Ranger (semana passada) e Chevrolet S10 (próximo mês). Ranger 2017
completou a estratégia da marca de ter apenas modelos mundiais produzidos aqui
e na Argentina, de onde vem a picape. Isso aconteceu em menos de quatro anos,
raro de acontecer entre veículos comerciais leves.
A picape mudou a grade dianteira, faróis, caixas de rodas, mas parte traseira
ficou igual. Interessante é o arco bem estilizado atrás do óculo traseiro e
discretos racks de teto. “Santantônio” tubular cromado e estribos laterais
estão na versão de topo Limited. No habitáculo a Ford caprichou no novo painel,
materiais de acabamento, volante multitecla, quadro de instrumentos
parcialmente reconfigurável, além de uma tela multimídia central de 8 pol. e
interface Sync 2 (não permite espelhamento do telefone).
Ranger ganhou em segurança ativa (ESC) e passiva (sete airbags, incluído o de
joelho para o motorista), tudo de série. E oferece recursos eletrônicos como
controle de velocidade adaptativo e assistente de manutenção de faixa de
rolagem, mais comuns em automóveis. Oferece câmera de ré, controle eletrônico
de farol alto e sensores de distância dianteiros e traseiros.
Adotou direção eletroassistida em todas as versões para ajudar na redução de
consumo de combustível de até 15% para os três motores disponíveis, segundo o
fabricante. Motor flex dispensa gasolina para partida em dias frios. Há novos
coxins de cabine e para as unidades motrizes Diesel, mas a dirigibilidade em
pisos irregulares ainda perde, por pouco, para Hilux e Amarok, na avaliação
preliminar em estrada e fora dela, em Puerto Iguazu, Argentina.
No total são 10 versões – todas de cabine dupla –, tração 4x2 e 4x4 (nesse caso
sempre Diesel), câmbios manual e automático para cobrir praticamente todos os
nichos deste segmento. Preços vão de R$ 99.500 (XLS, flex) a R$ 179.900
(Limited, Diesel). Primeira picape com cinco anos de garantia, a Ford
finalmente eliminou a troca de óleo semestral, agora a cada ano ou 10.000 km.
RODA VIVA
HYUNDAI amplia sua oferta de motores com o
três-cilindros, de 1 litro, agora turboflex. HB20 é o primeiro entre os
compactos, tanto na versão hatch quanto sedã, já que o up! TSI é um subcompacto
e o Fiesta EcoBoost só chega no próximo mês. Números de potência e torque – 105
cv (etanol) e 15 kgf.m – são semelhantes ao modelo da VW que, no entanto, tem
12% a mais de torque.
HB20 turboflex oferece câmbio manual de seis marchas
(cinco na versão aspirada) e assim garante duplo A no programa de aferição de
consumo do Inmetro/Conpet. Como é maior e mais pesado que o up! suas respostas
ao acelerador são um pouco mais lentas. Custa R$ 3.700 a mais, posição
intermediária de preço entre as atuais motorizações de 1 L e 1,6 L (quatro
cilindros).
SOBRE a discussão em torno do preço dos combustíveis
no mercado interno, não basta apenas consultar o preço em bolsa e converter
para reais. O que o consumidor paga na bomba abrange fretes terrestres e
marítimos, seguros e outras despesas até chegar aqui. Segundo o consultor
Plinio Nastari, gasolina está 9% mais barata e o diesel 40% mais caro do que no
exterior.
NOVO Audi A4, embora sem grandes mudanças de estilo,
cresceu em dimensões internas e externas para ter seu próprio posicionamento em
relação ao A3 sedã. Pesa 110 kg menos. Mais aerodinâmica (Cx 0,23), a nona
geração ganhou novo motor turbo 2L/190 cv que ao mesmo tempo garante bom
desempenho e nota A em consumo (Conpet). No segundo semestre virão motor de 252
cv e tração 4x4.
ARGENTINA voltou ao circuito de novos produtos e de
exportações para cá. Confirmada a data de 3 de maio próximo para apresentar à
imprensa local o Chevrolet Cruze sedã, segunda geração, com 100 kg a menos que
a atual. Vendas começam lá em junho e, no Brasil, após seis meses. Inclui motor
1,4 turbo também produzido em Rosário e a versão hatch para 2017.
MOVIMENTO semelhante faz a FCA ao decidir produzir
apenas no país vizinho o sucessor do sedã Linea em 2017. Dessa vez a Fiat
tentará acabar com o conflito de dimensões que a deixou sem condições de
concorrer entre os sedãs médios-compactos. Fábrica de Córdoba será modernizada
e ampliada. Versão hatch deste sedã (novo Palio) continuará em Betim (MG).
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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