TEMPO DE MUDANÇAS
A F-1 chega à Rússia, local da quarta etapa da temporada,
em clima de mudanças dentro e fora das pistas. No primeiro caso encaixam-se
Ferrari, Red Bull e Renault; no segundo, a discussão das regras para a
temporada de 2017, debate onde o aumento de pressão aerodinâmica e pneus mais
largos geram controvérsia por parte dos pilotos e pelo tempo que resta para
projetar e construir os carros do ano que vem.
Enquanto isso, neste fim de
semana o circuito de Sochi coloca variantes importantes (foto de abertura) para
acertar os carros aos seus 5.848 metros: uma curva longa à esquerda de raio
constante (a de número 3) e duas sequências de freadas fortes — curvas 5 até a
8 e da 13 para a 18.
A grande expectativa no lado negro do ambiente de Sochi é
como a Ferrari vai reagir após três corridas em que o máximo que conseguiu foi
dar algum calor aos frios alemães da Mercedes, que segue incólume e absoluta
pela terceira temporada. De desistências na volta de apresentação a incêndios
no setor de trem de força, Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen sentem-se
limitados em seus esforços para quebrar a série de seis vitórias consecutivas
três em 2015 e três em 2016) de Nico Rosberg. Comenta-se que a Scuderia poderá
usar uma evolução do motor na esperança de conseguir a primeira vitória desde
Cingapura 2015. Se isto realmente acontecer Vettel estaria usando o terceiro
dos cinco motores a que tem direito durante o ano, algo que compromete o
trabalho da temporada. Se Sochi tem velocidade média em torno de 216 km/h,
muito acima do que será visto em Mônaco, a próxima etapa do campeonato. Isso
posto, pede-se uma balança de precisão para pesar os prós e contras dessa
alteração.
Outra questão prática é a disputa semi-interna entre Red
Bull e Renault: a primeira usa os motores franceses recalibrados pelo gênio
suíço Mario Illen e a segunda, a mesma matéria-prima em forma bruta, produzida
na base de Viry-Chatillon. Enquanto a equipe austro-inglesa monta o equipamento
em um chassi 2017 e conta com dois pilotos — Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat —
sabidamente rápidos e experiência nitidamente superior, a segunda usa um chassi
derivado do modelo 2016 e dois pilotos bem menos amadurecidos — o arrojado
Kevin Magnussen e o estreante Jolyon Palmer. Mais, enquanto a Red Bull ocupa a
terceira posição entre os Construtores e Ricciardo dividiu a primeira fila de
largada com Nico Rosberg, a segunda sequer marcou seus primeiros pontos
“Não temos desculpas”, diz Cyril Abiteboul, o responsável
pela operação francesa na F-1. “A realidade é que precisamos continuar nos
esforçando e melhorar nosso desempenho geral, sem comprometer o nosso potencial
para 2017.” Não deixa de ser uma clara referência que neste ano de transição a
equipe vai estar pisando sur des œufs.
Para dar um tempero especial, o russo Sergey Sirotkinvai participar da primeira
sessão de treinos na sexta-feira usando o carro de Kevin Magnussen
Para os brasileiros, Sochi parece ser o céu e o inferno:
o reconhecido bom desempenho dos Williams FW38 nas retas poderá ajudar Felipe
Massa, que este ano mostra um rendimento bem superior ao de Valteri Bottas. Já
Felipe Nasr segue seu calvário em uma equipe onde uma perene crise econômica
parece ter minado mais profundamente a motivação dos suíços da Sauber.
Nesta terça-feira o Grupo Estratégico da F-1 se reúne para
debater as possíveis mudanças do regulamento técnico da categoria para 2017.
Mais detalhes em breve.
Interlagos
A administração de Fernando Haddad não para de
surpreender. Enquanto prossegue com reformas infinitas e pouco explicadas no
Autódromo de Interlagos, agora fotografar qualquer coisa que não seja carros de
corrida nesse local requer autorização prévia e, óbvio, o pagamento de taxas. O
curioso é que tal exigência parece só ser cobrada de fotógrafos profissionais:
primeiro porque o público nas arquibancadas é próximo de zero e, segundo,
porque nunca se viu alguém requerendo essa autorização para quem está no improvisado
paddock montado na área um dia conhecida como Curva do Sargento.
Enquanto isso, as provas do Campeonato Paulista seguem de
maneira mambembe, com pouca ou nenhuma divulgação por parte dos seus promotores
e a insatisfação contida de pilotos e preparadores. A falta de liderança entre
as várias categorias que disputam os eventos regionais contribui para que os
esportistas federados sejam cobrados de equipamentos e conduta sequer
mencionadas a aqueles que entram na pista com carros superpreparados e modificados
para os eventos de “track-day”, “time attack” e afins. Em outras palavras, dois
pesos e duas medidas.
WG
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