Alta Roda nº 997/347 – 14/06/2018
Fernando Calmon |
Apesar de grande
avanço dos SUVs, crossovers e versões aventureiras no Brasil – fenômeno mundial
–, os hatches e sedãs dos segmentos A e B ainda representam 60% das vendas
totais de veículos de passageiros, excluídas as picapes de cabine simples e
dupla. Nesse contexto é preciso muita atenção das fabricantes para melhorar a
participação de mercado e atender à maior massa de compradores.
Toyota completou a sua grade de produtos ao lançar o Yaris e posicioná-lo em
termos de preço entre Etios e Corolla. As versões hatches vão de R$ 59.590 a
77.590 e os sedãs, de R$ 63.990 a 79.990. São preços alinhados aos lançamentos
mais recentes, mas se comparados os respectivos equipamentos perde
competitividade. A previsão é de 55% das vendas para o hatch e 45% para o sedã com
volume de até 6.000 unidades por mês no mercado interno. Câmbio manual (seis
marchas) terá apenas 5% do mix. O hatch chega às concessionárias no fim do mês
e o sedã, em julho.
Em relação ao VW Polo, por exemplo, o Yaris hatch empata em termos de espaço
interno, enquanto a versão sedã perde para o VW Virtus, cuja distância entre
eixos é 10 cm maior. Vantagem para o modelo japonês é o assoalho plano atrás,
mas não há saída do ar-condicionado para o compartimento traseiro, existente no
rival.
Yaris nacional é maior que o homônimo europeu e se baseia no modelo tailandês.
Embora a fábrica informe que a arquitetura não se deriva do Etios sedã, a
distância entre eixos é igual e as bitolas, praticamente as mesmas, bem como
tanque de combustível de 45 litros (deveria ter no mínimo 50 litros). Os
porta-malas variam entre 310 e 473 litros (hatch e sedã), volumes um pouco
menores que a média dos concorrentes (Honda City, 536 litros).
O estilo de ambos é moderno, sem exageros. Internamente também evoluiu com um
quadro de instrumentos fácil de ler e tela multimídia de sete polegadas. Porém,
a coluna direção continua com incômoda regulagem em altura do tipo queda livre
e sem ajuste de distância. Materiais de acabamento do interior são razoáveis,
embora os plásticos não tão agradáveis ao toque. A tampa de material aglomerado
sobre o estepe é um ponto falho. Macaco continua fixado sob o assento do
motorista, como nos Etios.
A Toyota fez pequenos ajustes nos motores do Etios, utilizados também no Yaris.
Ganharam 3 cv, passando o de 1,3 L para 101 cv (etanol) e o de 1,5 L para 110
cv (etanol). Desempenho é menor, pois o novo modelo pesa em torno de 150 kg a
mais. A diferença, no entanto, não chega a incomodar porque o novo modelo
utiliza o mesmo câmbio automático, tipo CVT, de sete marchas virtuais (igual ao
do Corolla).
O Yaris se destaca, em particular, pelo acerto das suspensões e o silêncio a
bordo. Absorve muito bem as irregularidades da pavimentação, embora só estejam
disponíveis rodas com aro de 15 polegadas, que garantem menos aspereza ao rodar
em relação aos aros de 16 e de 17 polegadas.
Entre vários equipamentos de segurança inclui-se controle eletrônico de
estabilidade de série. Há apenas dois airbags, salvo na versão de topo XLS, que
oferece sete. Algo incongruente: faróis de neblina de série, porém luzes
diurnas (DRL) ser acessório, mesmo na versão mais cara.
RODA VIVA
PRODUÇÃO de veículos no mês passado foi entre
70.000 e 80.000 unidades menor que o programado, estima a Anfavea em razão da
greve de caminhoneiros. Podem ser recuperadas nos próximos meses. Vendas também
afetadas (menos 25.000), mas estoque total diminuiu apenas um dia, de 32 para
31 dias (maio contra abril). No acumulado, vendas 17% maiores em 2018.
ANUNCIADA suspensão pela FCA de toda a produção de
motores a diesel para veículos leves na Europa até 2021, das marcas Fiat, Jeep,
Alfa Romeo e Maserati, não deve incluir o Brasil. Renegade e Compass
continuariam com essa opção aqui. Por outro lado, versões com turbocompressor
estarão nos motores flex de 3 e 4 cilindros, de 1 L e 1,33 L, da atual família
GSE.
CITROËN C4 Lounge impressiona pelo espaço interno,
em especial no banco traseiro para pernas e cabeças. Há saídas de
ar-condicionado atrás. Novo quadro de instrumentos, mais moderno, sofre com
reflexos. Volante poderia ter diâmetro um pouco menor e o porta-malas ser um
pouco maior. Ponto alto: motor turboflex de 173 cv (etanol) e câmbio automático
6-marchas.
PORSCHE comemorou 70 anos do licenciamento do
primeiro modelo, um 356, em 8 de junho de 1948, na Áustria, onde foi
desenvolvido pelo filho de Ferdinand Porsche, criador do Fusca. Como o pai, ele
também se chamava Ferdinand e logo recebeu o apelido Ferry. Hoje produz 250.000
carros por ano. Sua família controla o Grupo VW com a holding Porsche SE.
LEI seca no Brasil, que proíbe motoristas de beber
qualquer quantidade de álcool antes de dirigir, completa 10 anos em 2018.
Segundo pesquisa da Escola Nacional de Seguros, desde a implantação, poupou 40
mil vidas e 235.000 pessoas de invalidez permanente em acidentes de trânsito.
Mudou a mentalidade dos motoristas, inclusive dos mais jovens, sobre
segurança.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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