Alta Roda nº 999/349 – 28/06/2018
Está cada vez
mais difícil chegar a um consenso sobre o ritmo em que a frota mundial de
veículos terá de mudar de perfil para ajudar a controlar as emissões de efeito
estufa responsáveis por mudanças climáticas do planeta. O principal gás é o CO2
emitido por veículos de transporte em terra, mar e ar e o metano de várias
origens, sendo a principal a pecuária.
Cálculos mais recentes apontam que o número de veículos elétricos no mundo
necessita atingir 220 milhões em 2030 para limitar o aumento de temperatura da
Terra abaixo de 2 graus até o final do século, como prevê o Acordo do Clima. Se
forem retirados dessa conta os híbridos comuns e os plugáveis que utilizam
motores a combustão em associação a elétricos, fica praticamente impossível
alcançar essa meta. Então, é necessário que a indústria automobilística
continue a investir em eficiência energética, soluções alternativas
(biocombustíveis) e até na melhoria dos combustíveis fósseis.
A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva levou o assunto novamente a
debates em seminário recente em São Paulo. Um dos consensos, apontado por
Frederico Kremer, da Petrobrás, é que cada país ou região terá o próprio
quebra-cabeça a resolver. Soluções empregadas na China, por exemplo, assolada
por graves problemas de poluição ambiental clássica, não se replicam
diretamente em outros países.
Mesmo as baterias de íons de lítio, utilizadas atualmente em todos os
automóveis elétricos, não representam solução definitiva. Além dos problemas de
peso, volume, autonomia, densidade energética e de reciclagem, dependem também
do cobalto, minério produzido em grande parte no Congo em condições difíceis de
extração. Luiz Oliveira, da Renault, adiantou que a empresa está tentando
alternativas ao cobalto.
Uma possibilidade está nas baterias de estado sólido. Por sua alta densidade
energética, ocupam bem menos espaço nos veículos, são mais seguras e rápidas
para recarregar. O problema ainda é o preço.
Pilhas a hidrogênio, sempre lembradas, esbarram na infraestrutura de
abastecimento. Porém, o hidrogênio (que em combinação com o oxigênio libera
eletricidade) pode também ser obtido por meio de reformador no veículo e de um
biocombustível como o etanol. Este, no ciclo de vida da produção até a emissão
no escapamento, é praticamente neutro em termos de CO2. O etanol também pode
ser usado em motores flex de automóveis híbridos.
Ricardo Abreu, da Mahle, ressaltou estudos no exterior sobre a necessidade de
combustíveis convencionais de alta octanagem. Uma gasolina com essas
características, que pode receber até 30% de etanol, permite motores bem mais
eficientes em termos de consumo e assim obter ganhos em emissões de CO2.
Em resumo, seria um erro achar que apenas veículos elétricos puros resolverão
todos os problemas ambientais do planeta em duas décadas. Viabilidade econômica
ainda demora e exigirá subsídios impagáveis em altos volumes de produção.
Dividir riscos ao adotar diferentes soluções parece ser questão de bom senso.
Sem paixões ou sectarismo.
RODA
VIVA
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FCA decidiu entrar no jogo da Volkswagen e
General Motors sobre lançamentos para os próximos anos. Antonio Filosa,
presidente para América Latina, contabiliza 15 novidades para a Fiat e 10 para
Jeep e RAM entre este ano e 2022, incluídos modelos importados, reestilizações,
motores turbo, novos câmbios e até híbridos. Fiat terá mesmo três SUVs: a
partir do Mobi, do Argo e versão própria do “Grand Compass” de sete
lugares.
CONTRARIAMENTE ao que se especulou, perua Weekend
e multivan Doblò (versão de passageiros) permanecem em produção, mas em ritmo
bem lento. Cada um vende apenas cerca de 300 unidades por mês. Enquanto a Fiat
não lançar o SUV baseado no Argo, no próximo ano, ambos continuarão.
JEEP, além do Compass de maiores dimensões fabricado em
Pernambuco, poderá importar o futuro modelo de entrada (menor que o Renegade).
Marca RAM terá picape 1500 vinda do México e outra (menor) com capacidade de
uma tonelada. A FCA ainda decidirá se esta, acima do Toro, poderá ser feita no
Brasil.
MUSTANG alcançou o ritmo de vendas esperado pela
Ford. Modelo chama atenção pelo porte, grande aerofólio traseiro e ronco
inconfundível do motor V-8. Há cinco modos de condução. O mais “civilizado”,
apesar da suspensão firme, aceita bem a pavimentação irregular típica das nossas
ruas. Acelerações vigorosas, direção precisa e bancos envolventes
destacam-se.
LIFAN X80 traz a fórmula chinesa para SUVs de sete
lugares: preço competitivo (R$ 129.777) por ser montado no Uruguai, bons
materiais de acabamento, quadro de instrumentos virtual e profusão de itens de
conforto e conveniência. Motor 2-litros turbo entrega 184 cv, o que deixa
desempenho um pouco fraco. Difícil manter preço com escalada do dólar.
ESTUDO da BASF indica tons de branco, preto e
laranja, nessa ordem, como tendências de cores para veículos vendidos na
América do Sul nos próximos quatro a cinco anos. Laranja é cor de nicho, mas
poderá atrair novos compradores que desejam diferenciação.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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