Alta Roda nº 1048/348– 06/06/2019
Fernando Calmon |
Percalços
da tecnologia
Empresas ligadas à tecnologia da
informação (TI) estão sob a mira de governos dos dois lados do Atlântico Norte.
Apple, Facebook, Google e até a gigante do comércio digital Amazon perderam,
nos últimos dias, em conjunto, nada menos que US$ 131 bilhões de valor de
mercado. O valor é 50% superior à capitalização em bolsa de valores do Grupo
VW-Porsche, o maior do mundo em produção e vendas de veículos. Ou quase o valor
da Toyota (US$ 166 bi), na cotação em 4 de junho.
Entre os problemas gerados pelo gigantismo estão, principalmente, a privacidade
dos usuários e a tendência monopolista. Já se fala até em cisão induzida dos
grupos, como aconteceu há um século na indústria do petróleo. Ou seja, de tempo
em tempo, a história se repete.
No setor de mobilidade, o cenário é um pouco menos exuberante. Acham,
entretanto, que o conceito de propriedade de um veículo vai morrer em breve. E
quase todos vão preferir usar aplicativos de transporte ou, simplesmente,
alugar um carro por curtos períodos (até por horas). Nos Estados Unidos, por
exemplo, o leasing é muito utilizado, mas nem por isso o desejo de posse de um
automóvel considerado “seu” sofreu grandes abalos. Não há indícios de que isso
mude tão cedo. Na Europa, compartilhamento parece mais palatável.
Vamos tomar o exemplo do Uber. Seu principal concorrente nos Estados Unidos,
Lyft, decidiu antes abrir seu capital, porém suas ações desvalorizaram 30%. O
Uber até agora nunca teve um ano lucrativo, porém continua apostando em
condução autônoma e assim independer de motoristas. Pouco antes de abrir seu
capital na bolsa de Nova York, há cerca de um mês, a empresa foi cautelosa ao
advertir que se trata de tecnologia cara, consome tempo de desenvolvimento e
até admitiu deixar de alcançar todos os objetivos.
Esses “ataques de sinceridade” são normais nesses casos. Sua capitalização
inicial foi inferior ao estimado, em parte por um momento ruim na bolsa
nova-iorquina. Agora, contudo, se recuperou para algo em torno de US$ 60
bilhões.
Algumas vozes discordantes surgem sobre a real consequência no trânsito urbano.
Estudo publicado há menos de um mês nos Estados Unidos mostra que piorou em San
Francisco e em outras grandes cidades. A pesquisa concluiu que os diversos
aplicativos concentram a demanda em áreas muito congestionadas e em horários de
pico.
Aqui também acontece. E usuários perceberam casos de ficar menos caro chamar um
carro do que pagar a tarifa de transporte público. Isso se tornou explícito
depois de o Uber “inventar” a modalidade Juntos, apenas a versão modernizada do
antigo lotação em táxis ou veículos particulares.
Essas empresas de tecnologia, em geral, apresentam relacionamento com os
clientes um tanto pusilânime. Em caso de reclamação se “escondem” atrás de
comunicação somente por escrito, em troca de mensagens ou chats que parecem não
ter fim. Contatos por voz, muitas vezes, são mais fáceis de resolver, mas
procuram evitar a todo custo. Isso acaba por gerar irritação.
Experimente, por exemplo, apontar rotas inadequadas de aplicativos que tanto
ajudam no dia a dia, mas que te levam ao lado errado da rua do seu destino. O
período de lua de mel um dia acaba...
ALTA RODA
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HYUNDAI dá
pistas sobre a segunda geração do HB20, que deve chegar em outubro. Espaço
interno aumentará graças a 3 cm extras na distância entre eixos. Porta-malas
também ficará um pouco maior. Novidade mecânica é o motor de 1 litro, turbo
(120 cv) e injeção direta (hoje, indireta, menos eficiente). Atualização
estilística chega depois de sete anos no mercado.
MOTOR turbo de 1,5 L e 173 cv (apenas a gasolina,
o que não é o ideal) tornou o Honda HR-V Touring um dos três mais rápidos SUV
compactos. Melhorias no acabamento, teto solar panorâmico e todas as luzes em
LED destacam-se. Merecia conjunto de rodas exclusivo. Escapamento duplo
diminuiu um pouco o porta-malas. Boa evolução no câmbio. O preço destoa: R$
139.900.
VENDAS de automóveis e veículos comerciais leves e
pesados ainda estão em ascensão. Nos primeiros cinco meses deste ano cresceram
12,5% em relação ao mesmo período de 2018. Os números foram ajudados pela
recuperação forte de caminhões e ônibus. O presidente da Fenabrave, Alarico
Assumpção Jr., avalia estagnação nas expectativas até a conclusão das
Reformas.
FORD abriu o leque na sua oferta de modelos da
linhagem Freestyle. Para o ano-modelo 2020, o Ka hatch oferece agora motor de 1
litro e preço menor: R$ 56.690 (câmbio manual). No caso do EcoSport, ao
contrário, há uma versão mais cara que vai de R$ 87.290 a R$ 93.290. Cor preta
está no teto, colunas, grade, molduras dos faróis de neblina e
retrovisores.
VINTE anos no mercado de rastreamento veicular
levaram a Ituran a atribuir o maior avanço neste setor ao recurso de big data.
Análise e interpretação de grandes volumes de dados, de modo contínuo,
aceleraram o processo de localização e recuperação de veículos furtados ou
roubados. Também ajudaram na precificação menor do seguro pela precisão das
informações.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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