Alta Roda nº 1060/350– 28/08/2019
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Fernando Calmon |
Desafiante Mundo Novo
A velocidade como o mundo automobilístico está
mudando ficou mais uma vez registrada durante o 27º Simpósio Internacional de
Engenharia Automotiva, organizado em São Paulo durante dois dias, semana
passada, pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva. Uma síntese do
momento, em nível nacional e mundial, foi bem lembrada pelo consultor do
Sindipeças, Gábor Deák, em frase bem simples: “Estamos passando da era de km/h
para experiências/km”. No caso, uma referência às novas tecnologias que
continuam a surgir por todos os lados e impõem um ritmo quase alucinante tanto
para as empresas quanto para quem está atrás do volante.
É incomum um seminário técnico dar pistas sobre lançamentos de modelos no
mercado. Mas isso aconteceu quando a secretária de Desenvolvimento Econômico de
São Paulo, Patrícia Ellen, afirmou que o governador João Dória iria em breve à
Alemanha e ao Japão para anunciar investimentos no Estado. Todos interpretaram
como expansão do programa paulista IncentivAuto. Embora ela não tenha nomeado
as marcas, pareceu óbvio que se trata da Volkswagen e da Toyota. Essa espécie
de “spoiler” levou a duas conclusões.
A VW deve confirmar o sucessor do Gol com a missão de substituir, ao mesmo
tempo, os atuais up! e Gol em 2021 ou, mais tardar, 2022. Provavelmente
trata-se de uma derivação menor que a atual arquitetura MQB, antes considerada
inviável economicamente para modelos pequenos. Ambos os modelos, hoje
produzidos em Taubaté (SP) fazem parte de um segmento que responde por nada
menos de 45% do mercado brasileiro de veículos de passageiros, incluídos SUVs e
crossovers, excluídas as picapes (uso misto).
Quanto à Toyota com certeza produzirá um SUV compacto no Brasil. É uma lacuna a
preencher, mas o projeto demora mais um pouco, algo para 2023. A marca japonesa
não revela se usará sua arquitetura mais moderna, TNGA, que estreia agora em
setembro no novo Corolla (incluída versão híbrida flex, primeira desse tipo no
mundo) e também está no RAV4. É possível que o SUV, previsto para Sorocaba
(SP), tenha como base uma evolução do atual Yaris para conter custos e garantir
preço competitivo numa altura em que os “utilitários” deverão responder por
algo em torno de um terço do mercado brasileiro (hoje 22%).
Uma das palestras mais interessantes foi de Hélio Oyama, da Qualcomm no Brasil.
Ele focou na tecnologia CV2-X, sigla em inglês para integração entre telefone
celular, veículos e infraestrutura viária. É um capítulo da mobilidade
autônoma, mas com a grande vantagem de possibilitar custos menores. A chegada da
rede de telefonia 5G e sua rapidez de comunicação até 20 vezes superior à atual
4G, poderá reduzir bastante os acidentes. Isso acontecerá porque em conjunto
com radares, lidares e câmeras, ou mesmo só parte deles, antecipará situações
perigosas graças à comunicação instantânea.
A rede 5G terá implantação lenta no Brasil, mas não tanto quanto a 4G, até hoje
com enorme deficiência em estradas. E sua confiabilidade impressiona. O ano tem
cerca de 32 milhões de segundos e o sinal 5G cairá por no máximo 32 s, ou algo
como apenas 0,000001%!
ALTA RODA
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MARCA chinesa
Geely (dona da Volvo e Lotus) prepara volta ao Brasil. Anteriormente atuou aqui
em parceria com o Grupo Gandini (Kia). Dessa vez, planos são mais ambiciosos e
estão sob sigilo. Em breve, porém, será anunciado acordo com o Grupo HPE
(Mitsubishi e Suzuki). Consultado pela Coluna, o HPE se limitou a informar:
“nenhuma declaração a fazer”.
FERDINAND PIËCH, 82, morreu neste domingo, na Alemanha.
Eleito Executivo do Século, em 1999, era neto de Ferdinand Porsche. Foi
responsável pela ampliação do Grupo VW, que tornou o maior fabricante mundial
de veículos. Engenheiro brilhante, criou a arquitetura veicular MQB para 40
modelos. Projetou o icônico Porsche 917, dominador das corridas de longa
duração de 50 anos atrás.
VOLVO S60 tem credenciais para enfrentar
concorrência com sedãs médios alemães. Estilo é um dos pontos altos e o
acabamento, de bom nível. Além de quase 10 cm a mais de entre-eixos (2,87 m),
oferece três níveis de potência: 190, 254 e 407 cv, este para a versão híbrida
4x4. Porta-malas foi sacrificado, mas ainda comporta 392 litros. R$ 195.950 a
R$ 269.950.
RENOVAÇÃO total do Toyota RAV4, importado do
Japão, veio acompanhado de um eficiente conjunto híbrido. Potência combinada de
222 cv mudou completamente desempenho e comportamento geral deste SUV 4x4.
Ficou mais espaçoso e o porta-malas cresceu para 580 litros. Acelerações são
boas, bem como o silêncio a bordo. Sistema multimídia desagrada.
AINDA não foi desta vez que a liberação do
trabalho aos domingos poderá facilitar a comercialização de veículos. Apesar do
alto nível de desemprego, Senado decidiu retirar esse item da Medida Provisória
da Liberdade Econômica, anteriormente aprovada pela Câmara dos Deputados.
Entretanto, a proposta voltará à análise parlamentar por meio de projeto de lei.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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