Alta Roda nº 739/890– 27/06/2013 |
Fernando Calmon |
Salão do Automóvel de Buenos Aires, que se encerra dia
30, é boa oportunidade de repassar o longo processo de integração das
indústrias automobilísticas dos dois países. Na verdade o livre comércio vem
sendo sucessivamente adiado. Último acordo previa 1º de julho deste ano para
deixar as fronteiras completamente livres, mas se dá como certo novo adiamento
pelo menos até o final de 2014.
Dependência da produção argentina do mercado brasileiro é enorme: 90% de suas
exportações vêm para cá. Também se deve considerar que, hoje, 70% das
exportações de veículos brasileiros destinam-se à Argentina. O balanço em
valores está equilibrado, pois enquanto o País envia modelos compactos, traz
veículos médios. Contra os argentinos pesam autopeças e componentes: não há escala
de produção. No final, carros brasileiros representam pouco menos de 50% do
mercado argentino, enquanto os automóveis vizinhos, apenas 10% do nosso.
Este ano as vendas na Argentina crescerão pelo menos 10% (Brasil, no máximo 4%)
e arranharão as 900.000 unidades. Tal crescimento é pouco saudável, pois se
baseia na defesa dos compradores contra a inflação anual real perto de 30%,
ainda escamoteada pelo governo.
O VI Salão de Buenos Aires, realizado a cada dois anos, mostra oferta mais
variada de veículos importados, basicamente pelas mesmas marcas aqui presentes.
Chineses não têm muita vez por lá. Embora importadores sem produção local
tenham que exportar produtos locais para compensar dólares gastos, Argentina
tem custo logístico menor pela concentração da frota e impostos inferiores. Por
isso, nos estandes se veem tantos carros que não chegarão ao Brasil, como Fiat
Panda.
O VI Salão de Buenos Aires, realizado a cada dois anos,
mostra oferta mais variada de veículos importados, basicamente pelas mesmas
marcas aqui presentes. Chineses não têm muita vez por lá. Embora importadores
sem produção local tenham que exportar produtos locais para compensar dólares
gastos, Argentina tem custo logístico menor pela concentração da frota e
impostos inferiores. Por isso, nos estandes se veem tantos carros que não
chegarão ao Brasil, como Fiat Panda.
Estrearam modelos produzidos lá que, no máximo, em três meses estarão no
Brasil: Ford Focus (hatch e sedã) e Citroën C4 Lounge, sucessor do sedã Pallas.
Renault exibiu o novo Logan superequipado (típico de salão), que sairá de São
José de Pinhais (PR), no último trimestre deste ano. Chevrolet Tracker, SUV
compacto produzido no México e pouco maior que o EcoSport, também será importado,
dividindo cotas com Sonic e Captiva mexicanos.
Toyota mostrou Etios ao público argentino, mas até o início das vendas em
outubro receberá alterações no painel e outras internas providenciadas pela
filial brasileira apenas um ano depois do lançamento. Nova geração do SUV médio
Kuga, que divide arquitetura com o Focus, deve ser produzida na Argentina e
exportada para cá, desde que a fábrica consiga divisas para trazer peças da
Espanha. Se confirmado, Toyota responderá com nacionalização do RAV4, já bem encaminhada.
Entre os importados que logo estarão aqui, destaques para os Nissans Sentra e
Altima. Pequenos retoques no Renault Koleos, SUV médio sul-coreano, estrearam
em Buenos Aires. Pode vir ao Brasil, se sobrar cotas do Captur (SUV compacto) e
Mégane R.S.
Volkswagen apresentou aos argentinos o Golf VII, além do uP! e o conceitual
Tiguan. No início, até a produção no Paraná, virá para cá o Golf VII GTI
importado da Alemanha. Subcompacto uP! será diferente do alemão, pois aqui terá
interior e porta-malas maiores, além de janelas traseiras que podem ser
baixadas e não só basculadas.
RODA VIVA
SEGUNDA fábrica
que a Honda construirá no interior de São Paulo já tem dois produtos definidos,
baseados na nova arquitetura de compactos desenvolvidos para países emergentes,
ou seja, menos sofisticada. Um deles é o SUV já exibido como carro-conceito no
Salão de Detroit e outro um hatch. Este nada terá a ver com o Brio fabricado na
Tailândia e na Índia.
MITSUBISHI iniciou
a venda do SUV médio ASX produzido em Catalão (GO). Igual ao importado do
Japão, utiliza arquitetura do sedã médio-compacto Lancer, cuja versão nacional
chega em um ano. Motor já é montado no Brasil e versão flex está nos planos.
Câmbio CVT tem seis marchas virtuais. Suspensões bem acertadas, apesar do curso
curto. Parte de R$ 83.490.
POUCO mais
de dois anos de lançamento no Brasil e JAC reformulou os compactos J3 e J3
Turin, em nível superior ao de tradicional meia-geração. Parte frontal mudou
bem e a traseira do sedã, idem. Boas mudanças internas, com novos materiais,
painel e quadro de instrumentos, este de nítida inspiração alemã. Preços iguais:
R$ 35.990 e R$ 37.900. Os de produção local, em 2015, serão completamente novos.
CHERY lançou
o SUV Tiggo com reformulações internas e externas que podem ajudar na reação de
vendas da marca chinesa. Revitalização externa inclui da grade à capa do estepe
externo. Recebeu capricho no acabamento interno e equipamentos como bússola,
altímetro e barômetro. Motor de 2 litros podia ter mais torque. Montado do
Uruguai, por R$ 51.990.
DUNLOP, marca inglesa de pneus do grupo japonês
Sumitomo, não se acanhou em entrar no mercado brasileiro na faixa de maior
concorrência, de início importando. Produto a ser feito no Paraná, a partir de
outubro, é da linha EC 201 para rodas de aro 13 e 14 pol., nas medidas mais
procuradas.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário