Analisar
o comportamento atual dos compradores de veículos já não é tão simples como no
passado graças às ferramentas eletrônicas hoje disponíveis. Antes, grande parte
das análises e decisões de compra era tomada durante a visita tradicional aos
salões das concessionárias. Hoje, essa visita ainda é indispensável, mas o
poder de decisão mudou de eixo e, frequentemente, o consumidor já chega à loja com
a “cabeça feita”.Para entender melhor essa reviravolta, a consultoria internacional
Capgemini pesquisou 8.000 consumidores de oito países – Brasil, Alemanha,
China, Estados Unidos, França, Índia, Reino Unido, Rússia – que representam
cerca de dois terços das vendas mundiais de veículos. Seu relatório anual
Carros on line apontou mudanças de comportamento na experiência de compra e de
uso por parte dos interessados.
Nada
menos de 94% de todas as vendas nesses países começam por pesquisas na
internet, desde Google e Yahoo até sites de fabricantes, concessionárias e
especializados no comércio virtual. Redes sociais, blogs e fóruns cresceram de
importância no processo de escolha: 69% se dizem influenciados ao ler postagens
positivas e 57%, por postagens negativas, principalmente entre o público mais
jovem.Isso muda, porém, em função da região. Nos países de maior poder aquisitivo,
por razões de histórico prévio e cultura automobilística enraizada, essas
opiniões são menos consideradas. Outra tendência generalizada é a diminuição de
importância de conselhos e palpites de familiares e amigos.
Concessionárias
estão mais convencidas da importância dos testes de direção prévios. E os
clientes em potencial gostariam de poder agendar esses testes a partir do site,
ao lado da ferramenta de configuração do automóvel desejado, que consideram
primordial. Essa ferramenta também deve estar disponível na loja em totens com
telas táteis, fáceis de operar. São bem-vindos aplicativos para telefones
inteligentes e tabletes.Outra curiosa constatação: enquanto apenas 35% dos
alemães considerariam completar todo o processo de compra online, 50% de brasileiros,
chineses e indianos admitiram que, um dia, aceitariam iniciar e terminar o
ciclo comercial apenas pela internet. Quando perguntados sobre encomendas de
peças e acessórios, dois terços dos alemães topariam as compras eletrônicas,
alinhados aos interessados de países emergentes.
Dentro
dessa guinada em direção ao ambiente virtual, os participantes da pesquisa
esperam veículos cada vez mais conectados. Aplicativos devem destacar
características de direção e segurança, diagnósticos a bordo, serviços como
aviso automático em caso de acidente e, claro, o melhor possível em termos de
infotenimento (combinação de informação e entretenimento). No futuro não muito
distante, navegadores poderiam ser itens de série na maioria dos modelos.Finalmente,
na média mundial, a pesquisa captou aumento de fidelização de 16% para marcas e
11% para concessionárias, em relação ao ano anterior, em decorrência dos
esforços de entender e atender bem os consumidores. Entretanto, 74% dos
entrevistados se queixaram sobre a demora de resposta ao primeiro contato,
tanto em sites de fabricantes como das lojas.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado
desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de
mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística
semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85
jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto
(Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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