Até o momento o grande foco dos programas de avaliação de
segurança de carros novos tem sido a proteção aos ocupantes dos bancos
dianteiros. Motorista e passageiro estão realmente mais expostos em acidentes,
além de a frequência de passageiros no banco de trás ser bem menor. Em uso
urbano, por exemplo, a média é de apenas 1,5 ocupantes por carro, ou menos. Em
estradas, mal alcança duas pessoas por veículo na maioria dos países, salvo em
viagens e feriados.
Nos testes de colisão em laboratórios, há dois dummies (bonecos com sensores) que
simulam crianças, de oito meses e três anos de idade, no banco de trás. A
avaliação, basicamente, é dos sistemas de retenção dos bancos infantis e
robustez de fixação. Em breve, o Euro NCAP (programa europeu de avaliação)
adotará dummies que utilizam assentos
de elevação para crianças até 7,5 anos de idade e também bonecos que reproduzem
adultos.
Segundo a TRW, fabricante de cintos e airbags, “a segurança
de passageiros no banco traseiro não pode ser considerada menos importante do
que a dos ocupantes dos bancos dianteiros. Testes de impactos frontal, lateral
e traseiro, nos próximos anos, exigirão soluções inovadoras”.
Uma delas é o airbag de interação lateral, colocado entre os
dois passageiros do banco traseiro. Tem a função de proteção adicional em acidentes
em que outro veículo colide transversalmente ou há um choque lateral contra
poste e outros obstáculos. Mesmo protegidos por cintos de segurança e bolsas de
ar laterais e de cortina, a dinâmica do acidente frequentemente leva a um
choque de cabeças dos ocupantes. Lesões mortais podem ocorrer.
Colisões laterais são bem perigosas e respondem por um terço
das mortes em estradas. O grau de intrusão de outro veículo e o espaço restrito
para superfícies absorvedoras de energia (em acidentes frontais e traseiros
existem grandes massas deformáveis) limitam a ação protetora dos dispositivos
existentes. Por isso, a empresa desenvolve duas novas tecnologias.
Uma solução é o airbag externo lateral capaz de reduzir a
invasão do habitáculo e a onda de choque transmitida aos ocupantes. Critérios
biomecânicos de danos no tórax, abdômen e pélvis dos dummies mostraram bons resultados quando comparados a acidentes na
vida real.
Outro dispositivo avançado, o airbag lateral interno de
grandes dimensões, trabalha em conjunto com bancos dianteiros capazes de se
deslocar para o centro do carro, em movimento rotacional, 50 ms (milissegundos)
antes do impacto. Isso permite criar espaço adicional para a superbolsa inflar.
Cintos de segurança de dois estágios são utilizados para o pré-choque e o
choque real. A bolsa, então, é disparada 15 ms antes da colisão de tal forma a
estar completamente expandida e na posição correta, quando o obstáculo começa a
invadir a cabine. Análises dos dummies comprovam
diminuição de danos corporais.
Ambos os dispositivos trabalham associados aos sistemas de
bordo pré-impacto, que utilizam câmeras e radares. Detectam colisões laterais
iminentes e identificam características como tempo até o choque, velocidade de
impacto, além de dimensões, trajetória e posição do objeto que atingirá o
veículo. Permitem estratégias de ativação, no momento certo.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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