Navegadores GPS protagonizaram uma revolução no modo como
os motoristas e seus veículos passaram a circular por ruas e estradas. Em
passado não muito distante mapas impressos e guias em formato de livro de
difícil consulta eram os únicos recursos disponíveis para chegar a um destino
desconhecido. Fácil se perder, mesmo que o carona ajudasse a interpretar as
melhores rotas. E se errasse o rumo, sobrava o consolo de apelar ao famoso lema
dos desorientados: “Quem tem boca vai a Roma”. Só restava parar mesmo e confiar
nas orientações dos passantes dispostos a ajudar.
Os primeiros PND (sigla, em inglês, para dispositivo
pessoal de navegação), com suas instruções por voz e mapas móveis nas telas,
deixavam as pessoas embasbacadas com a força da tecnologia. As telas, no início,
eram pequenas (três pol.) e as rotas não tão precisas e nem muito abrangentes.
Mas aperfeiçoamentos chegaram rapidamente ao incluir novas cidades, estradas,
pontos de interesse, roteiros de maior precisão e atualizados com frequência.
Não tardou a chegada do conceito de rotas eficientes. Por
meio de estatísticas o caminho pôde ser reorientado em função de históricos de
trechos congestionados e de determinados dias da semana. O passo seguinte foi o
surgimento dos mapas colaborativos, quando os próprios usuários inseriam
informações on line, ainda antes da difusão dos telefones inteligentes.
A mais recente evolução chegou agora por meio da empresa
holandesa TomTom e o seu inovador sistema Traffic. Brasil é o 33º país a integrar
uma grande rede mundial de informações entrelaçadas em tempo real. São centenas
de milhões de dispositivos GPS de frotistas particulares e oficiais, além de
usuários individuais, interligados via rede de dados móveis GSM com outras
fontes, desde informações de acidentes e obras reportados por agentes de
trânsito e jornalistas até sensores de solo responsáveis pelo controle de
semáforos.
Estima-se que 100 milhões de pessoas no mundo deem sua
contribuição diária de forma automática. Basta estar dirigindo. A partir disso
é possível saber, pela velocidade média dos deslocamentos, os pontos exatos de
lentidão e informar rotas alternativas, mesmo que aparentemente não sejam as
naturais. Esse sistema integrado reduz o tempo médio de viagens em até 13% e,
no caso de áreas congestionadas, até 30%. Portanto, um percurso que normalmente
levaria uma hora diminuiria para cerca de 40 minutos.
Em cidades conurbadas, se apenas 10% dos motoristas
usassem tal recurso o tempo de deslocamento poderia cair até 15% para usuários
do sistema e 5% para os demais como beneficiários indiretos. Dessa maneira, o
uso racional representaria alívio em investimentos públicos para ampliação da
malha viária, sem contar a diminuição da poluição e a melhoria da qualidade de
vida dos centros urbanos.Aplicativos para telefones celulares inteligentes, como o
Waze, já conquistaram muitos fãs no mundo. Ajudam a traçar rotas alternativas,
embora dependam de adesão espontânea e não livrem do atraso quem já está no
congestionamento. Um recurso complexo e eficiente, como o Traffic, terá custo
maior. O navegador com tela de seis pol. custará por volta de R$ 900, fora
impostos.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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