quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

LE MANS 2016, EXEMPLO A IMITAR

Wagner Gonzalez
A edição 2016 da 24 Horas de Le Mans foi apresentada oficialmente na semana passada e mostrou por que, apesar de toda a torcida contra da FOM e da FIA, os organizadores franceses tem muito a ensinar ao esporte em todo o mundo, particularmente no Brasil. Com 60 carros confirmados e outros dez numa lista de reserva, a competição tem vigor suficiente para extrapolar a importância do próprio Campeonato Mundial de Resistência (WEC) e formar um mercado que vai alimentar a categoria nos próximos anos.


Por mais longo (1h17’) que seja, vale a pena assistir a este vídeo, que mostra não apenas quem são os principais atores e as principais forças envolvidas na prova de resistência mais famosa do mundo, mas,  principalmente, a postura fria e distante de Jean Todt. O presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), estava visivelmente constrangido em ter que admitir que, graças a Le Mans, a categoria de Resistência segue crescendo e formando um mercado de trabalho muito mais amplo e aberto que a badalada e milionária F-1. 

Em um discurso de dois minutos, ele se referiu várias vezes à própria entidade e apenas vez, aos 11 minutos do vídeo, mencionou as 24 Horas de Le Mans. Se o campeonato fosse realmente tão importante e ocupasse o lugar que diz ocupar em seu coração, bem que ele poderia ter evitado a coincidência de datas entre Le Mans e o GP do Azerbaijão…


Enquanto as alemãs Audi e Porsche e a japonesa Toyota serão as protagonistas da categoria LM P1, na LM P2 é a marca Ligier quem dominará as atenções frente aos concorrentes Alpine, BR, Gibson e Oreca, os cinco construtores homologados para esta temporada. Na 24 Horas de Daytona a equipe Extreme Speed, de Scott Sharp, surpreendeu ao conquistar a vitória na categoria geral com um Ligier LMP2 Honda. Obviamente não se pode incluir o carro do brasileiro Pipo Derani entre os candidatos á vitória na geral nas nove etapas do WEC, mas não resta dúvida que a classe é bastante disputada e oferece bons espetáculos.

A apresentação de Le Mans 2016 envolveu os principais fabricantes de protótipos, os responsáveis pelos programas de Resistência da Audi, Porsche e Toyota e várias outras personalidades do segmento. Foi um evento onde o Automóvel Clube do Oeste (ACO) da França soube fazer tudo isso num padrão que uniu o glamour dos grandes eventos americanos e muitos toques de sofisticação europeia. Mais importante: fez isso em uma transmissão aberta de internet, plataforma de comunicação que ainda causa calafrios em Bernie Ecclestone e alimenta uma disputa nada velada entre os grandes fabricantes envolvidos na F-1 — Ferrari, Honda, Mercedes e Renault —, que são os grandes financiadores e interessados no potencial promocional dessa categoria.

Obviamente não se deve esperar algo do tipo dos responsáveis pelo automobilismo brasileiro. O site da Confederação Brasileira de Automobilismo, normalmente a primeira fonte de consulta para quem quer se informar sobre o esporte, sequer tem calendários das categorias que a entidade supervisiona e cobras polpudas taxas de homologação para permitir que existam. Mias curioso ainda é ver que o espaço destinado ao calendário do Campeonato Brasileiro de Kart está em branco, enquanto uma outra notícia, postada dia 21 de janeiro, informa que o certame acontecerá entre os dias 11 e 23 de julho no Kartódromo de Conde (PB). Poderia ser uma falha pontual, mas várias categorias também não tem seus calendários publicados: a Stock Car divulgou a segunda versão do seu calendário de 2016 no dia 17 de dezembro de 2015, até ontem o que a CBA mostrava era isto. Provavelmente o recesso de fim de ano e o carnaval podem ter influenciado nesta situação…

Renault volta à F-1 de olho no mercado de competição
Demorou, mas chegou com força total: o novo programa de competições da Renault foi anunciado na semana passada e contempla muito mais que a participação da marca como construtor na F-1, tal qual Mercedes e Ferrari. De acordo com Carlos Ghosn, presidente executivo da fabricante,  o projeto inclui desde as unidades de Enstone e Viry-Chatillon — onde serão produzidos, respectivamente, chassi e motor do Renault RS 16 — até a Renault Sport Cars, evolução da Renault Sport Technologies, e um programa que inclui a equipe e demais campeonatos de F-Renault 2.0, Troféu Renault Sport RS 01, e programas para clientes para pista e rali. Esta decisão deverá incluir futuramente os modelos Alpine, marca que foi revivida há alguns anos e que deve lançar ainda este ano seu primeiro GT. Sem dúvida, uma forma de capitalizar com mais eficiência e rapidez os pesados investimentos feitos para recomprar a equipe Lotus e sua sede na Inglaterra.

Além disso foi anunciada a criação da Academia Renault, que vai focar na descoberta e preparação de novos pilotos. Segundo a marca francesa, “60% dos pilotos atuais da F-1 passaram pela F-Renault durante suas temporadas de aprendizado”. Na F-1 o francês Esteban Ocon foi confirmado como piloto-reserva da equipe, que terá o dinamarquês Kevin Magnussen e o inglês Jolyon Palmer como titulares.

Tony Stewart no estaleiro
Tricampeão da Nascar, o americano Tony Stewart vai ficar de fora das primeiras etapas da temporada 2016, que inicia dia 21 com uma exibição neste fim de semana, em Daytona. Stewart, de 45 anos, sofreu um acidente quando andava de quadriciclo com amigos e sofreu fratura na vértebra lombar L-1. Embora seu regresso às pistas tenha sido confirmado para esta temporada ainda não se sabe quem será seu substituto. Elliot Sadler, Justin Algaier, Ty Dillion, John Hunter Nemecheck e Bobby Lemonte são nomes cogitados para pilotar o Chevrolet #14 inscrito pela equipe Stewart Haas Racing. Clint Bowyer, que este ano defende o time HScott Motorsports, é apontado como seu substituto na Stewart-Haas em 2017: Stewart já confirmou que encerra a sua carreira no final desta temporada.

WG

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