LE MANS 2016,
EXEMPLO A IMITAR
Wagner Gonzalez |
A edição 2016 da 24 Horas de Le Mans foi
apresentada oficialmente na semana passada e mostrou por que, apesar de toda a
torcida contra da FOM e da FIA, os organizadores franceses tem muito a ensinar
ao esporte em todo o mundo, particularmente no Brasil. Com 60 carros
confirmados e outros dez numa lista de reserva, a competição tem vigor
suficiente para extrapolar a importância do próprio Campeonato Mundial de
Resistência (WEC) e formar um mercado que vai alimentar a categoria nos
próximos anos.
Por mais longo (1h17’) que seja, vale a pena assistir a este vídeo, que mostra não apenas quem são os principais atores e as
principais forças envolvidas na prova de resistência mais famosa do mundo,
mas, principalmente, a postura fria e distante de Jean Todt. O presidente
da Federação Internacional do Automóvel (FIA), estava visivelmente constrangido
em ter que admitir que, graças a Le Mans, a categoria de Resistência segue
crescendo e formando um mercado de trabalho muito mais amplo e aberto que a
badalada e milionária F-1.
Em um discurso de dois minutos, ele se referiu
várias vezes à própria entidade e apenas vez, aos 11 minutos do vídeo,
mencionou as 24 Horas de Le Mans. Se o campeonato fosse realmente tão importante
e ocupasse o lugar que diz ocupar em seu coração, bem que ele poderia ter
evitado a coincidência de datas entre Le Mans e o GP do Azerbaijão…
Enquanto as alemãs Audi e
Porsche e a japonesa Toyota serão as protagonistas da categoria LM P1, na LM P2
é a marca Ligier quem dominará as atenções frente aos concorrentes Alpine, BR,
Gibson e Oreca, os cinco construtores homologados para esta temporada. Na 24
Horas de Daytona a equipe Extreme Speed, de Scott Sharp, surpreendeu ao
conquistar a vitória na categoria geral com um Ligier LMP2 Honda. Obviamente
não se pode incluir o carro do brasileiro Pipo Derani entre os candidatos á
vitória na geral nas nove etapas do WEC, mas não resta dúvida que a classe é
bastante disputada e oferece bons espetáculos.
A apresentação de Le Mans 2016 envolveu os principais
fabricantes de protótipos, os responsáveis pelos programas de Resistência da
Audi, Porsche e Toyota e várias outras personalidades do segmento. Foi um
evento onde o Automóvel Clube do Oeste (ACO) da França soube fazer tudo isso
num padrão que uniu o glamour dos grandes eventos americanos e muitos toques de
sofisticação europeia. Mais importante: fez isso em uma transmissão aberta de
internet, plataforma de comunicação que ainda causa calafrios em Bernie
Ecclestone e alimenta uma disputa nada velada entre os grandes fabricantes
envolvidos na F-1 — Ferrari, Honda, Mercedes e Renault —, que são os grandes
financiadores e interessados no potencial promocional dessa categoria.
Obviamente não se deve esperar algo do tipo dos responsáveis pelo
automobilismo brasileiro. O site da Confederação Brasileira de Automobilismo,
normalmente a primeira fonte de consulta para quem quer se informar sobre o
esporte, sequer tem calendários das categorias que a entidade supervisiona e
cobras polpudas taxas de homologação para permitir que existam. Mias curioso
ainda é ver que o espaço destinado ao calendário do Campeonato Brasileiro de
Kart está em branco, enquanto uma outra notícia, postada dia 21 de janeiro,
informa que o certame acontecerá entre os dias 11 e 23 de julho no Kartódromo
de Conde (PB). Poderia ser uma falha pontual, mas várias categorias também não
tem seus calendários publicados: a Stock Car divulgou a segunda versão do seu calendário de
2016 no dia 17 de dezembro de 2015, até ontem o que a CBA mostrava era isto.
Provavelmente o recesso de fim de ano e o carnaval podem ter influenciado nesta
situação…
Renault volta à F-1 de olho no mercado de competição
Demorou, mas chegou com força total: o novo programa de competições da
Renault foi anunciado na semana passada e contempla muito mais que a
participação da marca como construtor na F-1, tal qual Mercedes e Ferrari. De
acordo com Carlos Ghosn, presidente executivo da fabricante, o projeto
inclui desde as unidades de Enstone e Viry-Chatillon — onde serão produzidos,
respectivamente, chassi e motor do Renault RS 16 — até a Renault Sport Cars,
evolução da Renault Sport Technologies, e um programa que inclui a equipe e
demais campeonatos de F-Renault 2.0, Troféu Renault Sport RS 01, e programas
para clientes para pista e rali. Esta decisão deverá incluir futuramente os
modelos Alpine, marca que foi revivida há alguns anos e que deve lançar ainda
este ano seu primeiro GT. Sem dúvida, uma forma de capitalizar com mais
eficiência e rapidez os pesados investimentos feitos para recomprar a equipe
Lotus e sua sede na Inglaterra.
Além disso foi anunciada a
criação da Academia Renault, que vai focar na descoberta e preparação de novos
pilotos. Segundo a marca francesa, “60% dos pilotos atuais da F-1 passaram pela
F-Renault durante suas temporadas de aprendizado”. Na F-1 o francês Esteban
Ocon foi confirmado como piloto-reserva da equipe, que terá o dinamarquês Kevin
Magnussen e o inglês Jolyon Palmer como titulares.
Tony Stewart no estaleiro
Tricampeão da Nascar, o
americano Tony Stewart vai ficar de fora das primeiras etapas da temporada
2016, que inicia dia 21 com uma exibição neste fim de semana, em Daytona.
Stewart, de 45 anos, sofreu um acidente quando andava de quadriciclo com amigos
e sofreu fratura na vértebra lombar L-1. Embora seu regresso às pistas tenha
sido confirmado para esta temporada ainda não se sabe quem será seu substituto.
Elliot Sadler, Justin Algaier, Ty Dillion, John Hunter Nemecheck e Bobby
Lemonte são nomes cogitados para pilotar o Chevrolet #14 inscrito pela equipe
Stewart Haas Racing. Clint Bowyer, que este ano defende o time HScott
Motorsports, é apontado como seu substituto na Stewart-Haas em 2017: Stewart já
confirmou que encerra a sua carreira no final desta temporada.
WG
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