Alta Roda nº 996/346 – 07/06/2018
Fernando Calmon |
A história mostrou muitas surpresas ao longo de mais de
130 anos desde a patente do primeiro automóvel em 1886 por Karl Benz. Muitas
marcas apareceram e sucumbiram, mas pelo menos 20 mantêm-se no mercado há mais
de 100 anos. Uma delas é a Fiat, que enfrentou dificuldades financeiras e
acabou se fundindo com a Chrysler.
O artífice desse plano foi Sergio Marchionne, então presidente do grupo
italiano. Ele recebeu do governo dos Estados Unidos a marca americana, que
havia falido em 2009, para depois formar a FCA (Fiat Chrysler Automobiles) em
2014. O executivo ítalo-canadense vai se despedir da companhia em março do
próximo ano, depois de cumprir uma jornada de consolidação do grupo.
Marchionne conseguirá zerar a dívida operacional da FCA ao fim deste semestre,
considerado um grande feito administrativo e estratégico para o futuro. No dia
1º de junho último apresentou, em Balocco, Itália, um novo plano de negócios
para o período 2018-2022, a ser tocado por seu sucessor, que só será conhecido
no início de 2019. A plateia era de analistas financeiros, representantes do
mercado de capitais e jornalistas de economia e de produto.
O atual presidente da FCA é uma pessoa determinada e audaciosa, além de ter
contado com um pouco de sorte. Foi cobrado por ter ficado muito longe da meta
de 400.000 modelos Alfa Romeo vendidos por ano (apenas 110.000 em 2017). Foi
prudente em relação à automação. Hoje muitos já oferecem o nível 2, mas o nível
3 (motorista não precisa colocar as mãos no volante, mas deve supervisionar) tem
custo estimado em US$ 30.000/R$ 114.000, algo inviável.
Seu conceito de eletrificação é bastante pragmático. Vai desde motor elétrico
para ajudar um turbocompressor, arquitetura de 48 volts e alternoarranque em
motores a combustão, passando pelo híbrido básico, híbrido plugável e carro a
bateria. Todas essas soluções serão empregadas pelas várias marcas do
grupo.
Marchionne transformará a Fiat em marca de nicho de pequenos modelos urbanos,
na Europa, com o 500 e o Panda. Mas para a América Latina os planos são bem
mais amplos. Garantiu que terá três novos SUVs, sem adiantar pormenores. O que
se espera: um com base na plataforma Argo/Cronos (2020), o outro uma vertente
aventureira/crossover a partir do Mobi renovado (2021), ambos previstos para
Betim (MG), onde também se produzirá a nova geração da picape Strada
(2020).
O terceiro SUV será uma versão Fiat do Jeep Compass de sete lugares, ambos
reservados para Goiana (PE), em 2020. Trata-se de um produto novo, de dimensões
internas e externas maiores, provavelmente a partir da base do novo Cherokee. A
FCA também terá uma picape para uma tonelada, maior que a Toro, com esquema
tradicional de carroceria sobre chassi. Utilizará a marca RAM, mas será
importada do México (2021).
Antonio Filosa, que comanda o Grupo FCA América Latina a partir de Betim,
acrescentou que ainda haverá quatro renovações profundas das linhas atuais das
duas marcas nos próximos três anos. Ele descartou, porém, produção no País de
um modelo menor que o Renegade. Apelidado de Baby Jeep, está nos planos da
companhia anunciados em Balocco, para 2021 ou 2022. É certo que será, então,
importado pelo Brasil.
RODA VIVA
|
IMPRESSÃO 3D mudará o conceito de fabricação de
veículos. Aponta para reduções importantes de custos de produção em combinação
com indústria 4.0 e internet das coisas. Permitirá também redução de estoques e
maior personalização de acessórios para o consumidor. Semana que vem ocorrerá
conferência e exposição em São Paulo sobre o tema.
EMBORA a BMW fizesse algum mistério, haverá sucessor do Z4, descontinuado
em 2016. O novo roadster (conversível de dois lugares) foi mostrado agora,
ainda disfarçado, em campo de testes na França. Além da silhueta clássica de
motor dianteiro, capô longo e tração traseira, a fábrica adianta que haverá
novo propulsor de seis cilindros e alta potência. Nada de híbrido...
CRONOS tem como destaques estilo atual e interior bem projetado com
materiais de bom aspecto para seu nível de preço. Espaço atrás para pernas é
algo limitado: sedãs concorrentes dispõem de distância entre eixos bem maior.
Relação conforto-estabilidade das suspensões é ponto alto. Motor de 1,8 L
mostra certa aspereza, enquanto o de 1,3 L é suave, mas falta fôlego.
BLITZ de trânsito é comum nas cidades brasileiras e vem aumentando por
conta da fiscalização do índice de alcoolemia dos motoristas. Site Doutor
Multas sugere quatro ações, às vezes esquecidas: obedecer logo às ordens dos
agentes de trânsito e policiais; não dar motivos para que suspeitem de sua
conduta; descartar postura defensiva ou agressiva; não tentar fugir da
blitz.
CÂMERAS de ré começaram a ser obrigatórias este mês em todos os veículos
vendidos nos Estados Unidos. Em geral são modelos de porte maior que os
europeus e menor visibilidade traseira. Estudos foram profundos e sem antecipar
prazos, como Latin NCAP costuma preconizar. Lei foi aprovada pelo congresso
americano em 2008, regulamentada só em 2014 e em vigor agora.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
Nenhum comentário:
Postar um comentário