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Alta Roda nº 1038/388– 28/03/2019
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Fernando Calmon |
Exportar é crucial
Como o Brasil poderá se inserir no contexto de
abertura de mercado que vem sendo prometida pelo ministro da Economia Paulo
Guedes? Este foi um dos temas mais debatidos no Congresso Latino-Americano da
Indústria Automobilística, que acaba de ser realizado pela Editora Autodata. Há
duas frentes imediatas em discussão em relação aos veículos: comércio sem barreiras
tarifárias com União Europeia e com o México.
Pelas regras do Mercosul, só o bloco de quatro países (Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai) pode negociar. Um acordo esteve próximo no ano passado e a
transição seria longa, de 10 a 15 anos, até o Imposto de Importação sobre
veículos passar a ter alíquota zero. Para aumentar as incertezas, o novo
governo brasileiro estuda alternativas, entre elas um acerto direto com os
europeus. Seria um sério revés para o Mercosul que, depois de 24 anos, nem ao menos
conseguiu se estabelecer como zona de livre comércio.
No entanto, o Brasil se entendeu, há pouco mais de uma semana, com o México. Ao
contrário do regime vigente no Mercosul (para cada dólar importado por um país,
1,5 dólar pode ser exportado para o outro), passou a vigorar o livre comércio,
sem cotas ou impostos alfandegários. Os mexicanos hoje produzem mais que o
Brasil e ainda receberam grandes investimentos de marcas europeias e asiáticas.
Significa que vários modelos, inclusive de marcas premium, poderiam chegar aos
portos por preços bastante competitivos, pois os custos de fabricação no México
são de 20% a 25% menores que os daqui.
Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen para a América Latina, lembrou
durante o congresso um ponto importante. O nível de componentes realmente
produzidos no México é baixo. Para exportar, agora livremente para cá, pelo
menos 40% das peças precisariam ser de origem mexicana. E isso está difícil de
comprovar, pois eles se beneficiam de componentes bem mais baratos, importados
em altos volumes de vários países, em especial dos Estados Unidos. Aqui, ao
contrário, a indústria de autopeças tem forte presença, mas enfrenta o penoso
custo Brasil.
O presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, apontou as distorções ao
comparar preços. Excluídos os impostos, aqui e no exterior, o Brasil apresenta
valores menores. Seríamos, então, competitivos para exportar, mas isso deixa de
ocorrer porque não há desoneração total quando se vende ao exterior, como
outros países o fazem. Com exportações maiores, a escala de produção subiria e
cairiam custos internos. Isso o México faz muito melhor que o Brasil.
Um programa sério de exportação teria de começar com a total retirada de
tributos, sem gerar créditos que se acumulam, como os do ICMS. Só no Estado de
São Paulo as fabricantes têm entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões a receber.
Também seria necessário aumentar o conteúdo tecnológico (comprando e vendendo,
de e para o exterior, isento de impostos), a produtividade nas fábricas e,
claro, investir muito, mas muito mesmo, em infraestrutura.
O País precisa abrir sua economia. Mas sem um processo ordenado e simultâneo de
aumento de competitividade da indústria e do setor de serviços, isso não será
possível.
ONIX passa
a ser nome mundial em compactos da GM, inclusive na China. Haverá cinco
silhuetas: hatch, sedã, SUV (Tracker), monovolume (Spin) e picape (Montana).
Prisma cresceu e já surgiu na China como Onix sedã. Aqui vai ocupar o lugar do
Cobalt. Coluna antecipa início de produção em Gravataí (RS): setembro e
novembro deste ano, sedã e hatch, respectivamente. No mercado, 30 dias
depois.
OITAVA geração do Porsche 911 chega em maio ao
Brasil. Carrera S, R$ 679.000, e 4S (tração 4x4), R$ 719.000. Potência (450 cv)
e torque (54 kgfm) subiram. Em dirigibilidade surpreende: ainda melhor em
curvas. Apesar de estar mais largo e de usar rodas de 20 pol. de diâmetro na
frente e 21 pol. atrás, massa diminuiu 24 kg. Eletroassistência melhorou
resposta do pedal de freio.
PRIMAZIA mundial do novo 911, detecção de pista
molhada por meio de microfones nas caixas de rodas reprograma parâmetros de
desempenho. Linhas estão ainda mais harmônicas: teto em angulação pronunciada,
maçanetas das portas embutidas, desenho do defletor atrás e fina faixa luminosa
unindo as lanternas traseiras. Interior foi todo renovado.
JEEP Renegade Limited recebeu retoques frontais
com inspiração moderna no utilitário original dos anos 1940. Boa evolução foi o
para-choque dianteiro igual ao da versão 4x4 a fim de aumentar o ângulo de
entrada, agora compatível à proposta do modelo. Antes raspava facilmente em
lombadas e valetas. Nova tela multimídia ficou bem melhor que a anterior.
BURACOS de todos os tipos e tamanhos em ruas e até
em estradas infernizam a vida dos brasileiros. Depois das fortes chuvas de
verão a situação piorou. A ponto de a Dunlop relembrar que, desde 2015, oferece
garantia de reposição de pneus danificados de forma irreversível, quando
vendidos na sua rede autorizada. Verdadeiro seguro contra irresponsabilidade
dos governos.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo