Wagner Gonzalez |
F-1: temporada termina com certezas e dúvidas
GP de Abu Dhabi encerra domingo o campeonato de 2019
Com a devida ressalva ao
domínio da Mercedes Benz e o sexto título de Lewis Hamilton (foto de
abertura/Mercedes) a temporada de F-1 de 2019 chega ao fim no próximo fim de
semana com mais dúvidas que certezas. A incapacidade da Ferrari em gerir o
maior orçamento da categoria e dois pilotos e fases distintas de suas
carreiras, o amadurecimento de Max Verstappen e a chegada de Alexander Albon ao
pelotão dianteiro, a reorganização de times como a McLaren e a Renault e o
desequilíbrio das demais equipes justificam o título desta coluna. O saldo é
amplamente positivo para o torcedor, que pode esperar uma nova temporada mais
competitiva e menos desequilibrada.
Há pouco ou nada para discutir sobre o
rendimento de Lewis Hamilton durante o ano: o inglês que se tornou o primeiro
negro a triunfar na outrora aristocrata e refratária comunidade da F-1 mostrou
regularidade e astúcia durante todo o ano e fez por merecer o título que, a bem
da verdade, apenas o finlandês Valtteri Bottas poderia evitar o destino
consumado. Tudo indica que no ano que vem tal desequilíbrio continuará
inalterado: Hamilton já deixou claro que vai em busca de um resultado que o
iguale ao heptacampeão Michael Schumacher, único da história da conquistar sete
títulos.
Na Ferrari fica cada vez mais claro que
Sebastian Vettel não consegue manter a frieza típica dos alemães frente aos
ataques do ainda novato Charles Leclerc, monegasco que ainda se perde no
entusiasmo pueril, apesar de ter demonstrado possuir potencial para liderar a
Ferrari e agradar à imensa torcida da Scuderia. Embora os dois estejam
confirmados para a temporada de 2020 esta coluna não se surpreenderá se um dos
dois não terminar o ano a bordo dos caros vermelhos de Maranello. Vettel é o
primeiro candidato a deixar esse barco em meio a uma tormenta com a que marcou
o abandono de ambos após um acidente no GP do Brasil.
Na terceira equipe do grid nota-se o
amadurecimento de Max Verstappen e o progresso da Honda como fornecedora de
motores mais competitivos. O anglo-tailandês Alex Albon pode ser considerado a
grande revelação do ano: só não conseguiu seu primeiro pódio em Interlagos por
cortesia de Lewis Hamilton, que provocou sua rodada nas voltas finais da etapa
brasileira quando ambos disputavam o segundo lugar. Carrasco de Pierre Gasly, a
quem substituiu na equipe Red Bull, Albon viu sua vítima involuntária conseguir
seu primeiro na prova onde ele mais brilhou.
McLaren e Renault, equipes que compartem do
mesmo motor, disputaram o quarto lugar na temporada, que deverá ficar nas mãos
da primeira. Ao apostar em dois pilotos mais jovens e com menos vícios – Carlos
Sainz Jr e Lando Norris -, o time inglês deu um passo mais seguro no seu retorno
ao protagonismo da categoria. A Renault, que ano que vem terá o franco-catalão
Estebán Ocón ao lado de Daniel Ricciardo, vai pelo mesmo caminho e poderá
capitalizar esse trabalho em 2020.
No resto do grid nota-se o vai e vem típico da
segunda metade do grid. Propostas de impor um teto de gastos esbarra na
criatividade típica de quem tem mais capital e dificilmente consolidará o sonho
de uma categoria mais equilibrada. Por isso tudo, ainda é pouco provável que o
status quo da F-1 mude radicalmente, ainda que as chances de se ver corridas
mais emocionantes e disputas mais próximas seja algo factível para o ano que
vem.
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