Alta Roda nº 715/75 – 10/01/2013 |
Fernando Calmon |
O
fechamento final dos números da indústria automobilística em 2012 foram bem
próximos aos previstos pela Anfavea, mas alguns indicadores ficaram
ligeiramente abaixo. Pode-se considerar o ano passado como de transição até a
efetiva estreia agora do novo regime automobilístico, cujo título marqueteiro
Inovar-Auto é exagero.
Produção
caiu 1,9% em 2012 (primeira vez em nove anos), porém reagirá em 2013, um pouco
ajudada pela recuperação de caminhões e ônibus, mas principalmente em razão de
fábricas inteiramente novas em produção plena (Hyundai, Toyota e, modestamente,
a Suzuki) e ampliações da Renault, PSA Peugeot Citroën e Mitsubishi, entre
outras.
Anfavea
estima que a produção crescerá 4,5% este ano. O Brasil perdeu para Índia a
posição de sexto maior fabricante mundial de veículos (manteve quarta posição
em vendas, em 2012). Recuperá-la não parece nada fácil.
Problema
maior continuam sendo exportações que ajudam a manter empregos no Brasil.
Depois de queda expressiva de 20% de 2012 sobre 2011, a previsão é outro tombo
de quase 5% em 2013. Os mercados lá fora permanecem bastante debilitados, de
fato, mas altos custos internos de produção e nossa moeda mais propícia a
importar do que exportar dificultam tudo.
Vendas
ao exterior representaram apenas 13% da produção, em 2012, quando o ideal
seriam 25%. Em 2005, apenas a exportação de veículos montados significou cerca
de 30% do total produzido, o que dificilmente voltará a se repetir. Este ano
ainda haverá discussão com os argentinos, até junho, sobre o acordo de livre
comércio que deve ser adiado pela terceira vez. Tudo indica que continuarão
restrições para exportar para lá.
Quanto
ao mercado interno, fator a observar é o ritmo de queda da inadimplência que
ficou em 5,6% em 2012, cerca de dois pontos percentuais acima do normal. Isso
impede queda mais expressiva dos juros, que já deveriam estar consistentemente
abaixo de 1% ao mês para financiamentos típicos de 36 meses com 10% de entrada.
Também
vale observar o papel dos bancos em relação aos chamados “feirões”. Até 2011
garantiam boas comissões às concessionárias graças aos juros altos. O cenário
reverteu. Agora os fabricantes de veículos é que deverão prover rentabilidade
mínima às lojas. Como se refletirá nos preços ao consumidor ainda é incógnita.
A
volta do IPI cheio será gradual até o final do primeiro semestre,
historicamente período mais fraco do ano. Assim, essa transição vem em boa
hora.
Adoção
mandatória dos rastreadores em 2013 ainda depende de outra rodada de testes,
com frota de veículos em diferentes pontos do País. Se tudo sair bem, os
fabricantes farão encomendas e instalarão em parte dos veículos (aplicação
gradativa) justamente em julho, já com IPI alto restabelecido.
As
fábricas, em produção seriada, colocarão as peças em locais que serão
descobertos por ladrões de carros com facilidade. Teme-se que aumentem
sequestros de motoristas para impedir ou retardar ordem de rastreamento, pois o
serviço tem contratação opcional. Tomara que não se repita o mesmo triste
episódio do estojo de primeiros socorros obrigatório, depois cancelado. Só que
a conta agora é bem mais pesada.
RODA
VIVA
JANEIRO começou
com estoques totais de 24 dias, somando fábricas e concessionárias. Em
condições normais, os estoques se situam em torno de 30 dias. Há um efeito
estatístico, pois as vendas foram fortes em dezembro, mas também significa que
não há tantos carros disponíveis ainda com o IPI mais baixo. Descontos
precisarão ser “garimpados”.
PELO menos
quatro fabricantes terão motores fabricados aqui com turbocompressores, nos
próximos dois anos. Objetivo, no caso, será de redução de cilindrada a fim de
diminuir consumo de combustível. Chevrolet, Ford, PSA Peugeot Citroën e
Volkswagen estariam confirmados. Fiat e Renault também podem decidir a qualquer
momento. No futuro, não haverá mais motores de ciclo Otto aspirados, a exemplo
dos Diesel.
TURBOCOMPRESSOR ajudará a
resgatar motores de um litro de cilindrada. Eles continuaram a cair na
preferência do consumidor ao longo de 2012: 41,7% do total das vendas de
automóveis (entre compactos de entrada o percentual é maior). Em 2011, a
participação de mercado era de 45,2%. Principal explicação: aumento do poder
aquisitivo dos compradores da base do mercado
.
ATÉ meados de
2013, a indústria instalada no Brasil completará a produção de 20 milhões de
veículos equipados com motores flexíveis etanol/gasolina. Marca realmente
importante pois o primeiro motor desse tipo surgiu, timidamente, em março de
2003 (Gol, 1.600 cm³). Ou seja, apenas uma década para atingir a marca
histórica.
SITES de
prestações de serviço para facilitar a gestão do automóvel firmam-se na
internet. Um deles, meucockpit.com.br, envia alertas sobre vencimento de
impostos, seguros e acompanhamento da manutenção preventiva. Também oferece estatísticas
de consumo de combustível, além de calcular o custo do automóvel por km rodado.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
Vou reproduzir sua menagem para o Fernando calmon.
ResponderExcluirum forte abraço.