Alta Roda nº 770/120– 06/02/2014 |
Fernando Calmon |
Pouco mais de dois anos depois da apresentação no Salão
de Frankfurt Alemanha, o Volkswagen up! chega às lojas no final deste mês.
Trata-se do automóvel mais importante que a marca já lançou no país, depois do
Fusca e do Gol. E tratou de quebrar alguns paradigmas em modelos pequenos ao
obter notas máximas em testes de colisões e segurança infantil do Latin NCAP,
além do menor consumo de combustível pelo Inmetro, quando equipado com ar-condicionado
e direção assistida.
À exceção do Gurgel BR 800, o VW up! é o carro de menor
comprimento (3,60 m) já produzido em série no Brasil. Ainda assim, o espaço
interno é razoável para a proposta do modelo, graças ao entre-eixos de 2,42
metros (6 cm a mais que o Uno, por exemplo). Largura para ombros no banco
traseiro equivale ao Polo, o que garante conforto para dois adultos apenas.
Atrás, espaço para joelhos fica a dever; para a cabeça, bom.
A VW modificou vários características do modelo alemão: seção
inferior da tampa do porta-malas em aço (original em vidro), janelas traseiras
de descer (basculantes na Europa) e mais 6,5 cm no comprimento para garantir um
porta-malas de 285 litros com estepe convencional (29% mais em comparação
equivalente) e 50 litros no tanque (volume 43% maior). Assim, o carro se
adequou às condições de uso brasileiras, incluindo sistema de ar-condicionado e
altura de rodagem elevada em 2,6 cm, o que sempre piora o coeficiente
aerodinâmico (Cx de 0,32 para 0,36).
Ergonomia para o motorista é muito boa com regulagem de
altura do banco (todas as versões) e do volante (a partir da intermediária). Assistência
elétrica de direção se destaca pela maciez e rapidez, embora a versão de
entrada não a ofereça. A saída de ar central direciona todo o fluxo para a
vertical, o que pode parecer estranho, porém é mais eficiente para o
ar-condicionado.
Motor de 3 cilindros/1 litro/82 cv (etanol) tem
sonoridade e aspereza típicas, sem ser desagradável. Na primeira avaliação, em
circuito fechado e baixa quilometragem no odômetro, o desempenho não empolgou.
Deve-se esperar, no entanto, uma melhora ao se rodar mais, pois os dados de
fábrica apontam 0 a 100 km/h em bons 12,4 s. Engates de câmbio perfeitos,
acerto de suspensões no melhor compromisso maciez/estabilidade, freios bem
dimensionados e dirigibilidade em ótimo nível fazem do up! uma referência dentro
de seu posicionamento de mercado.
Alguns pormenores desagradam: conta-giros pequeno,
ausência de faixa degradê no para-brisa e de opção de vidros elétricos
traseiros. Em compensação há uma prática prateleira divisória escamoteável no
porta-malas e interessantíssimo aparelho multimídia removível, sem fios, tela
tátil, navegador GPS, computador de bordo, pareamento funcional simultâneo para
dois celulares.
Um dos aspectos mais importantes estudados pela VW foi a
faixa de preço do up!. Objetivo, conforme previsto pela coluna, alcançado: custar
menos que o descontinuado Gol G4, se este estivesse equipado com airbags e freios
ABS. Versão de quatro portas, R$ 28.900; a de duas portas, que chega em dois ou
três meses, por R$ 26.900. Nesse patamar concorre, com novo Uno, March e poucos
outros abaixo da barreira psicológica próxima dos R$ 30.000.
RODA VIVA
FORD decidiu
lançar o novo Ka nas versões hatch e sedã simultaneamente. Em razão do atraso
no início da produção, as vendas só começarão em julho próximo. Ambos com motor
de 3 cilindros/1 litro. Haverá ainda o 4-cilindros/1,5 L. A empresa procura um
nome – a ser acrescentado ao Ka – na versão de 4 portas, cujo desenho final já
se conhece.
ESTE será um
ano de novidades para a Honda. Além da reestilização do Fit, no fim de abril, sua
versão sedã City receberá retoques em seguida. Depois vem o cupê importado
Civic Si (motor de 2,4 L/205 cv). E mais no final do ano, o Civic receberá as
pequenas atualizações já presentes no mesmo sedã vendido nos EUA.
TOYOTA precisa
mesmo mudar certas características de projeto do Etios. Recente versão Cross
tem exageros quanto a apetrechos e apêndices para tentar entrar na onda aventureira.
Apliques generosos em preto piano no painel, por exemplo, deixam uniformidade
pouco atrativa. Retrovisores com comando elétrico melhoram a experiência ao
volante.
CONSULTORIA inglesa
Jato informa os dez modelos mais vendidos na Europa, em 2013: Golf, Fiesta,
Clio, Polo, Corsa, 208, Focus, Nissan Qashqai, BMW Série 3 e Astra. Destaques:
Golf vendeu 60% mais que o segundo colocado (situação rara por lá); SUV
crossover da Nissan continua com desempenho de vendas notável; pelo preço e por
ser o único sedã, o Série 3 surpreende.
LEITOR Eugênio
Chiti lembra um automóvel ainda em produção mais antigo que o Uno Mille, que
saiu de linha e passou o “troféu” ao mexicano Nissan Tsuru (primeiro Sentra). É
o indiano Hindustan Ambassador Classic (Morris Oxford III), fabricado desde
1958 quase sem mudanças. Só a versão “modernizada” Ambassador Avigo parou em
2010. O “velhinho” continua firme.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário