quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Fernando Calmon - Alta Roda - Não é para esquecer

Alta Roda nº809/159 – 06/11/2014


Fernando Calmon
O Salão do Automóvel de São Paulo, que se encerra no dia 9 deste mês, surpreende pelo conjunto da obra. São vários lançamentos, nacionais e importados, mas com diferentes graus de importância que, somados, tornam esta edição uma das melhores da história. A rigor, um modelo se destacou por significar a reestreia de uma marca tradicional, que já produziu no Nordeste brasileiro há mais de cinco décadas, e volta para a mesma região com fábrica muito maior.

O Jeep Renegade é nova referência entre os utilitários esporte compactos pela ampla gama prometida, que inclui câmbio automático de nove marchas, motor diesel, assistente de estacionamento e teto solar removível.

Esse segmento, no entanto, teve muitas outras novidades. Honda HR-V e Peugeot 2008, embora sem aptidões fora de estrada como o produto da Fiat Chrysler, estão prontos para a produção, os três ao longo de 2015. A Nissan avançou com seu SUV também para o mesmo público, o Kicks (nome provisório), que surgiu no Anhembi com estilo arrojado e bem próximo ao definitivo, provavelmente para o final de 2015.

Chamou tanta atenção que o sedã Versa, levemente reestilizado e agora já na linha de montagem, ficou em plano secundário. Até as marcas chinesas Chery e JAC não deixaram passar a oportunidade com o Tiggo 5 e o T5, respectivamente. A Suzuki surpreendeu graças ao novo S.Cross.

A confirmação da fabricação aqui do SUV médio-compacto Land Rover Discovery, como primeiro produto da marca inglesa, já era esperada. Ao seu lado no mesmo estande, o elegante sedã médio-grande Jaguar XE, ainda com volante no lado direito, é um bom indicativo de que também está nos planos das instalações de Itatiaia (RJ) em 2016.

Interessantes as diferentes estratégias da Renault e da Fiat em relação às suas novas picapes. Enquanto a Duster Oroch aparecia em lugar de destaque, com estilo e nome definidos, como a primeira compacta de cabine dupla e quatro portas no mercado, a Fiat decidiu disfarçar bastante sua inédita picape média. Na realidade, ambas ainda não disputam essa categoria e, portanto, poderiam se exibir de forma mais aberta. Entretanto, a marca italiana exagerou no disfarce e no conflito de proporções, apesar de rumores apontarem para sua estreia no segundo semestre do próximo ano antes mesmo da Oroch.

Pseudoaventureiros continuam a surgir, a exemplo de Cross Up!, Spin Activ, Sandero Stepway e Saveiro Cross cabine dupla. Já a Hyundai deu boas indicações de como evoluirá o estilo do HB20 por meio do conceitual R-Spec (SUV compacto, aliás, também nos planos para 2016) e reintroduzirá o Veloster agora com motor adequado, 1,6 L turbo/204 cv. Discretamente, a Citroën exibiu no C4 Lounge o primeiro turbo flex (173 cv/etanol) de uma marca de alta produção, antes disponível apenas no BMW Série 3.

Entre importados, vários lançamentos do recente Salão de Paris já valem a visita ao de São Paulo: Mercedes-AMG GT, BMW i8, Porsche 918 Spyder, Audi Off Road Concept, Lexus NX, Honda NSX, Nissan GT-R e Toyota FCV (primeiro elétrico de série a usar pilha a hidrogênio), além de carros bonitos embora de venda limitada como as peruas Classe C e Golf. As duas americanas têm o Ford Mustang (importação é certa) e o Corvette Stingray (ainda em avaliação). 

RODA VIVA

RUMORES dão conta de que recentes quedas de vendas e dificuldades financeiras crescentes de quase todos os fabricantes (também chamado de “Prejuízo Brasil”) levariam a possível pedido de revisão das metas de diminuição de consumo de combustível do Inovar-Auto, previstas para 2017. Anfavea nega qualquer mudança.

FATO é que, em momento econômico ruim, a indústria terá de desembolsar muito. Fala-se que o governo federal prepara para meados de 2015 decreto de compras preferenciais de veículos com melhor selo de consumo (A ou B). Trata-se de outro desafio, pois até agora o programa de etiquetagem é voluntário. Governo recuará?

HYUNDAI Grand Santa Fe, um dos poucos SUVs para sete passageiros, entrega o que promete. Espaço interno generoso, motor V-6/270 cv/32,4 kgfm silencioso e adequado ao peso do veículo, desempenho razoável em uso leve fora de estrada graças a um sistema moderno 4x4, vários comandos elétricos (até do freio de estacionamento). Suspensão poderia ser mais firme.

FENABRAVE, banco estatal Caixa e seu associado PAN assinaram acordo, semana passada, para apoiar as vendas de fim de ano das concessionárias. Serão oferecidas taxas de juros mais baixas, pagamento inicial após o carnaval e financiamentos de natureza emergencial às empresas. Sem dúvida ajuda, mas as condições econômicas ainda precisam melhorar muito.

PESQUISA da Fundación Mapfre, ligada à seguradora, indicou que itens de segurança estão em terceiro lugar na ordem de preferência dos comparadores no Brasil. Motivo principal é o preço e depois a marca. Amostragem foi pequena – 300 consumidores – e não deixa de surpreender. Afinal, quando opcionais, aqueles equipamentos não costumam estar entre as prioridades.



PERFIL

   

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

Siga também através do twitter:  www.twitter.com/fernandocalmon                                                                                                                               

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