Alta Roda nº842/192– 02/07/2015
Fernando Calmon |
Sem dúvida, a
semana que passou foi a mais agitada do ano, com dois lançamentos no exterior
(Chevrolet Cruze, em Detroit, e Alfa Romeo Giulia, em Milão) e um no Brasil
(Ford Focus atualizado, em Fortaleza). Cada um tem sua importância relativa:
Cruze, inteiramente novo, é o mesmo que a Argentina produzirá a partir do fim de
2016; Giulia marca o renascimento da outrora invejável marca italiana no dia em
que completou 105 anos; o também argentino Focus hatch agora fica igual ao
produzido em outros continentes, o que deixa a Ford com todos os seus
automóveis alinhados aos do exterior.
O médio compacto da Chevrolet (a ser feito no México) chega ao mercado
americano em março próximo e no Brasil no fim de 2016. O carro cresceu – 2,7
metros de distância entre eixos garantem ótimo espaço interno –, porém ficou
150 kg mais leve. Apresentação do modelo mais vendido da marca foi estática e
só da versão de topo, como é usual, embora a empresa tenha confirmado que o
motor será um turbo de 1,4 litro/154 cv até 10% mais econômico que o atual
aspirado de 1,8 L. Há vários dispositivos eletrônicos de segurança oferecidos
de série, a fim de elevar o nível de concorrência até com marcas premium.
Giulia escolhido para apresentação no palco, sem acesso ao seu interior, foi a
versão de alto desempenho Quadrifoglio, seu símbolo nas corridas. Visto de
perfil lembra o BMW Série 3, mas de frente traz a tradicional grade triangular
(“cuore” da marca) e traseira também ousada com quatro saídas de escapamento em
arranjo inusitado. Alfa Romeo não deu pormenores técnicos, mas a potência de
510 cv de seu V6 turbo é a mesma do Mercedes-Benz C-63 S AMG e a distribuição
de peso de 50% em cada eixo (tração traseira) segue o mesmo “ponto de honra” da
BMW. Mais importante: entra no clube super-restrito dos sedãs capazes de
acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 4 s (exatos 3,9 s).
A Ford, além das mudanças visuais na parte frontal do Focus hatch 2016,
aumentou o conteúdo sem elevar o preço (corresponde a queda real), fez ajustes
na suspensão traseira, na direção eletroassistida, retocou o interior e adotou
novo volante com borboletas para troca de marchas no câmbio automatizado de
duas embreagens, da versão de topo Titanium. Preços começam em R$ 69.900 e vão
a 95.900. Entre as novidades, sistema anticolisão até 20 km/h e de assistência
ao estacionar em vagas longitudinais e transversais.
A empresa decidiu ofertar condições de trocas especiais para quem comprou a
geração anterior, que mudou há menos de dois anos, fora dos padrões do mercado
brasileiro bastante sensível a novidades. A versão sedã, no fim de julho, terá
o nome adicional Fastback para tentar um equilíbrio com o hatch, que representa
cerca de 90% das vendas totais do Focus.
A GM também anunciou a expansão internacional de seu serviço OnStar de
assistência remota, lançado há 19 anos nos EUA. Aqui estreará no Cruze 2016
(geração anterior à nova mostrada em Detroit) em setembro. O sistema inclui
chip telefônico próprio para facilitar comunicação com a central administrativa
e oferecer desde mapas eletrônicos personalizados e destravamento remoto das
portas a serviços de reservas, de apoio e emergenciais.
RODA VIVA
DEPOIS da picape de quatro portas compacta Oroch,
que chega em dois meses, a Renault partirá para o crossover Captur. Na
realidade, o nome será o mesmo do francês e suas linhas terão semelhança, mas a
arquitetura nada terá a ver com o Clio produzido na Europa, duas gerações à
frente do que vem da Argentina.
CITROËN começa em setembro a produzir (início de
vendas até um mês depois) o modelo 2016 do C3 Aircross, que receberá
reestilização discreta de meia geração. Esta é a versão de suspensão elevada e
estepe externo do monovolume C3 Picasso, justamente a que mais vende. Tanto que
a fábrica já decidiu (embora não confirme agora) deixar apenas o Aircross em
produção.
HONDA HR-V é dos raros modelos que superaram
expectativas. Crossover tem visibilidade e dirigibilidade entre seus destaques,
porta-malas generoso e bom espaço no banco traseiro (assoalho plano e assentos
erguíveis). Câmbio CVT não agrada, se muito exigido. Exclusivo (na faixa de
preço) freio de estacionamento elétrico automático permite função elegível de
arrasto em marcha lenta (creeping), que deveria ser padrão em carros
automáticos.
DECORAÇÃO discreta é ponto positivo da perua VW
Space Cross, além de direção precisa, suspensão firme e motor muito silencioso
e elástico. Câmbio automatizado I-Motion está mais suave nas trocas de marchas,
mas função creeping suprimida de forma permanente dificulta manobras em baixa
velocidade.
POUCOS respeitam a placa “Pare” em cruzamentos. Em
parte por ignorância: parar é parar mesmo, não apenas diminuir a velocidade,
olhar e continuar. Outros a consideram perda de tempo e desnecessária, quando
na realidade quem decide é quem colocou a placa. Mau hábito está arraigado e só
multa (a mesma de avançar sinal) resolve.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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