Wagner Gonzalez |
Debaixo da
garoa, um copo meio cheio, meio vazio
Verão inglês colocou água no chope da equipe Williams. Famosos
pela cerveja natural, alemães fizeram mais uma dobradinha em pódio que Ferrari
marcou presença. Em Daytona, acidente espetacular marca vitória de Dale
Earnhardt Jr.
Largada fulminante, chegada nem tanto
Ri melhor quem… Copo meio
cheio… Nenhum dito popular serve melhor para descrever o GP da Inglaterra como
a famosa frase do lendário pentacampeão, o argentino Juan Manuel Fangio:
“Carreras son carreras”.
Felipe Massa alinhou em
terceiro no grid e assumiu a ponta em uma largada que entrou para sua história,
talvez até mesmo para a história da F-1. Afinal, poucas vezes uma dobradinha
com chances de derrotar a praticamente imbatível equipe Mercedes foi
desperdiçada de maneira tão clara. No final, a chuva se encarregou de garantir
que Lewis Hamilton e Nico Rosberg terminassem mais uma vez em primeiro e
segundo lugares e Sebastian Vettel subisse novamente ao pódio.
O que se
viu em Silverstone, além de uma mostra do verão inglês, foi um Felipe Massa em
grande dia ser anulado por uma estratégia nada ou pouco digna de uma equipe de
F-1 com tamanha tradição. Não se pode esquecer que a categoria está mais do que
nunca tomada pelo politicamente correto a ponto de colocar ordens e jogo de
equipe na categoria do inadequado. Mas quem é autoentusiasta se perguntou por
que durante as voltas em que o brasileiro do carro 19 e o finlandês do carro 77
lideravam a prova eles não se ajudaram para aumentar a vantagem sobre o
rapazinho do 44. Qualquer mecânico de kart, daqueles que ficam fazendo mímicas
absurdas e incompreensíveis à beira da pista, teria sido capaz de transmitir
claramente essa ordem.
Foi esse desperdício que
deixou o copo da vitória meio vazio, volume que nem mesmo a garoa que invadiu
Silverstone sem credencial serviu para compensar. Pior: aumentou a seca de
vitória da equipe — a última foi na Espanha, em 2012 — e do brasileiro (GP do
Brasil de 2008) e adiou a primeira conquista de Valteri Bottas. Tal qual muita
gente que assiste o GP do Brasil pela TV está cansada de ouvir, os ingleses da
Williams demonstraram não saber que a “..a chuva vem de Oxford”.
Brincadeiras
à parte, só mesmo essa folclórica frase para explicar a tática equivocada para
trocar os pneus de seco pelos intermediários quando os 5.891 metros ficaram
úmidos ou molhados. Até mesmo os adversários com conhecimento de causa, e de
casa, estranharam a tática da Williams, caso de Toto Wolff, austríaco cuja
esposa é piloto de desenvolvimento da equipe inglesa, da qual já foi acionista,
e lidera a equipe Mercedes. Para ele, os rivais deveriam ter usado táticas
diferentes para cada piloto, em especial para Bottas, “que parecia mais rápido”.
Mesmo
ocupando a segunda fila do grid (Bottas largou em quarto), a Williams acabou
sucumbindo à estratégia e malandragem de Sebastian Vettel. O alemão deu show de
pilotagem na chuva ao disputar posição com Kimi Räikkönen, como você pode ver
abaixo.
Como não adianta chorar
sobre a garoa derramada, a Williams tratou de valorizar o resultado e chutar a
bola para a frente, o que no caso é focar no GP da Hungria, dia 26. Nesse meio
tempo será preciso conter os ataques à manutenção de Valteri Bottas na equipe
em 2016. Se a Ferrari já tinha interesse no finlandês, o capítulo Silverstone
certamente tem tons de epílogo nessa relação. O resumo desta ópera pode ser
descrito como o interesse de Frank Williams em faturar o máximo possível para
liberar o piloto, que começa a se cansar da demora em vencer seu primeiro GP e
vislumbra pastos mais verdes, como sempre parece ser o gramado do vizinho.
D-R por D-R, nada supera o
clima que reina no Império de Dennis, o Ron, não o travesso das antigas
revistas de quadrinhos. Com um pouco de sorte você poderá assistir a esta entrevista onde Ron Dennis
responde perguntas de Martin Brundle. Com conhecimento de causa e de
casa, Brundle encosta Dennis na parede ao questionar a atual falta de
competitividade da McLaren e, surpreso com uma resposta típica de político em
campanha, fuzila uma réplica tipo não-é-bem-isso-que-se-vê-na-pista. Os dois
concordaram em novo capítulo dessa tertúlia para o final da temporada.
O clima de desespero já
envolve a Honda e ex-amigos como Eddie Jordan. Se para o construtor japonês,
cujos valores orientais preservam a paciência e o tempo, o projeto é de cinco
anos, para Dennis e seu orgulho os resultados devem aparecer ontem, algo que
quem acompanha a F-1 sabe que não é o caso. Com relação a Eddie Jordan, que nos
seus tempos de dono de equipe era próximo a Dennis-, a declaração que o mal da
McLaren está na arrogância do seu líder, provocou uma resposta igualmente
áspera:
“A F-1 é uma família que mora
em um monte de vilinhas e cada uma tem sempre seu idiota. Ele (Jordan) se
encaixa perfeitamente nesse papel…”
Enquanto o desempenho
competitivo não vem, a sombra do processo que levou Ron Dennis a assumir o
comando da McLaren aparece como um verdadeiro lobo mau. O ex-mecânico de John
Cooper conquistou a equipe quando Teddy Mayer começou a perder seu toque de
fada no final dos anos 1970 e acabou entregando a varinha para Dennis em 1981.
Teddy Mayer não acabou no Irajá, mas ainda não dá para dizer o mesmo de Ron
Dennis.
Diferenças à parte, o famoso
Grupo Estratégico da F-1, aquele que Bernie Ecclestone quer ver dizimado, se
reuniu novamente e serviu para deixar Ron Dennis, digamos, menos estressado.
Além de uma cruzada para diminuir o uso de parafernálias eletrônicas a partir
do GP da Bélgica (marcado para 21 de agosto), novos fabricantes poderão usar um
quinto motor, ou melhor: unidade de potência, em seu primeiro ano. Soou como
presente para a Honda e um atestado de cinismo para os que fazem o regulamento
da categoria. Afinal, hoje em dia, tem gente que já perdeu 25 posições em um
grid que tem meros 22 participantes. O futuro é, digamos, nosso conhecido: no
ano que vem o sistema de escapamento dos motores será modificado para produzir
um ronco mais forte, atitude comparável à eficiência digna de serviços públicos
brasileiros…
Para ver o resultado completo
do GP da Inglaterra e a situação do campeonato basta clicar aqui.
Nascar: na reação em cadeia
piloto escapa ileso
Nem a chuva que atrasou a
programação em três horas e meia arrefeceu os ânimos dos pilotos que
disputaram a Coke 400, etapa da Sprint Cup (principal categoria da Nascar) em
Daytona. Você pode ver aqui um
resumo dos principais acidentes da prova vencida por Dale Earnhardt Junior.. Neste link você vê o acidente
em vídeo registrado por um espectador; cuidado, são cenas fortes… Neste outro você a sequência
por outro ângulo e com melhor definição, inclusive da caixa de
câmbio que ficou separada do automóvel. Austin Dillon, o piloto do carro que
decolou e bateu contra as grades de proteção (que cumpriram sua função com
méritos…) saiu caminhando do acidente. Entre os espectadores que foram
atingidos por detritos e peças dos automóveis, seis foram liberados após receber
primeiros socorros no local e os demais encaminhados para um hospital local,
onde receberam os cuidados necessários. Todos passam bem.
WG
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