Wagner Gonzalez |
Triunfos brasileiros em Daytona, na Índia e na Nova Zelândia
Anos atrás, quando optou por disputar o automobilismo
europeu, o paulista Pipo Derani tinha como objetivo chegar à F-1. Domingo
passado ele se consagrou no automobilismo mundial como um novo astro na
categoria Resistência, onde estreou no ano passado. Ao vencer a 24 Horas de
Daytona em sua primeira participação, Derani deixou de ser uma promessa de 22
anos de idade para se transformar no principal piloto do quarteto que venceu a
competição e nova estrela da cena do WEC.
Foi a terceira vitória consecutiva de um piloto
brasileiro na corrida — quarta em cinco anos — e o resultado final teve ainda
Rubens Barrichello em segundo lugar. Christian Fittipaldi (vencedor em 2004 e
2014) ficou em quarto, Daniel Serra em décimo, Augusto Farfus em
décimo-primeiro enquanto Tony Kanaan (vencedor em 2015) e Ozz Negri (vencedor
em 2012). abandonaram.
Os companheiros de equipe de Luís Felipe Derani — o
apelido Pipo, adotado na sua infância, já virou sua marca internacional —
poderiam passar facilmente por seu pai, Walter Derani, que anos atrás foi um
dos grandes incentivadores da categoria GT no Brasil. O paulistano completou 22
anos no último dia 12 de outubro e praticamente todos os seus companheiros de
equipe têm o dobro de sua idade. Os americanos Scott Sharp, Ed Brown e Johannes
van Overbeek tem, respectivamente 48, 50 e 43 anos; eles voltam a correr juntos
na 12 Horas de Sebring nos dias 18 e 19 de março no traçado próximo a Orlando.
O foco do brasileiro é o Campeonato Mundial de Resistência, onde também defende
a equipe do veterano Scott Sharp. Ao descer do carro com qual garantiu a
primeira vitória de um carro da categoria LMP2, de um chassi Ligier e de um
motor Honda em Daytona, ainda em frente ao pódio, Derani comentou: “Não tenho
palavras para descrever este momento…”
Derani largou na primeira fila à frente de Oswaldo Negri
Jr e durante toda a corrida ajudou a manter seu carro entre os dez primeiros,
tendo inclusive marcado a volta mais rápida da prova. Negri foi obrigado a
abandonar por problemas mecânicos. Na fase final da competição mantinha o mesmo
ritmo do líder da prova, o carro que Christian Fittipaldi dividiu com os
portugueses João Barbosa, Felipe Albuquerque e Scott Pruett e de outro Corvette
igual ao de Fittipaldi, tripulado pelos irmãos Wayne e Jordan Taylor, Max
Angelelli e Rubens Barrichello.
Famoso pela confiabilidade, o carro de Fittipaldi teve problemas
na fase intermediária da corrida, mas a equipe recuperou três voltas e assumiu
a liderança até cerca de duas horas da bandeirada final. A quebra de uma
semiárvore custou cinco voltas no box e a queda para o quinto lugar. No final
terminaram em quarto e garantiram o índice de 100% de provas terminadas com o
Corvette DP da equipe Action Express.
Algumas semanas atrás Rubens Barrichello entrou em
contato com Wayne Taylor, antigo rival na F-3 inglesa, na esperança de defender
sua equipe na corrida de Daytona. Se as negociações iniciais não tiveram êxito,
duas infecções que acometeram Jordan Taylor (filho mais novo de Wayne) antes da
prova reabriram as negociações com Rubens e o brasileiro acabou confirmado na
equipe na noite de quarta-feira; na corrida pilotou por dois turnos e acabou
subindo ao pódio com Jordan e Ricky Taylor. Max Angelelli, que conduziu o carro
nas últimas duas horas, saiu direto do carro para o centro médico para se
recuperar da fumaça que invadiu a cabine no final da competição. Tony
Kanaan, que também tinha chances de vencer na classificação gera, também não
completou a prova por causa de problemas de freios em seu carro.
Concorrentes importantes na categoria GTLM, Daniel Serra
e Augusto Farfus andaram sempre entre os líderes dessa classe; o duelo entre os
dois Corvette da equipe oficial foi emocionante e o inglês Oliver Gavin e o
espanhol Antonio Garcia disputaram a vitória de maneira impetuosa nas últimas
voltas e cruzaram a linha de chegada, nessa ordem, separados por cerca de 0,3
segundo. Nesta categoria houve as estreias do BMW M6 nas versões GTLM e
GTD e do Ford GT. Se os carros bávaros terminaram a prova e andaram entre os
primeiros, os americanos acabaram sendo a grande decepção da corrida, tamanho o
número de problemas que envolveu os dois modelos inscritos por Chip Ganassi.
Para quem pretende disputar vitórias com BMW, Ferrari e Porsche, tudo indica
que o caminho para o sucesso é muito mais longo do que o imaginado.
O Campeonato Weather Tech Imsa prossegue em março.
Resultados da prova e pontuação podem
ser conferidos neste site.
Maldonado fora, Magnussen
dentro
O venezuelano Pastor Maldonado anunciou ontem, nas redes
sociais, que não disputará o Campeonato Mundial de F-1 deste ano, que começa
dia 20 de março, em Melbourne, na Austrália. O piloto que correu na equipe
Lotus nas últimas duas temporadas já tinha sido confirmado para 2016, ao lado
do inglês Jolyon Palmer, mas uma série de acontecimentos alterou radicalmente
essa situação. Indiscutivelmente, a crise financeira que assombra a Venezuela e
a compra da Lotus pela Renault foram as causas principais.
O governo de Nícolas Maduro sofre com a queda estupenda
do preço do petróleo no mercado mundial e com a perda da maioria no Congresso
após as últimas eleições, combinação que dificulta amplamente a manutenção do
patrocínio que garantia a presença do venezuelano na escuderia. Ainda que
rápido e arrojado, em doses erráticas, é verdade, Maldonado sempre foi certeza
de boas disputas e muita dramaticidade nas pistas, algo bom para a audiência
mas pouco útil para um fabricante de automóveis que se habituou a disputar e vencer
corridas e títulos na categoria.
Assim, não foi surpresa quando emissários da Renault
viajaram à capital Caracas no final do ano passado para discutir a manutenção
do contrato com a PVDSA, a “Petrobrás venezuelana”, e os fundos para investir
no time em 2016. Como a ligação da Renault com a Total — algo próximo da
Petrobrás em seus tempos de glória e administração correta —, é forte, o
interesse em manter Maldonado ficou ainda mais depauperado. Posto isso, não é
nenhuma surpresa a contratação do dinamarquês Kevin Magnussen para substituir o
sul-americano; fosse descrito no jargão de enófilos, Magnussen teria corpo de
Alonso, com bouquet de Mansell e notas fortes de Maldonado. Ainda não se sabe
se os anos que passou nos barris da McLaren serviram para equilibrar seus
taninos.
A confirmação de sua contratação será quarta-feira,
quando a Renault anuncia oficialmente seu retorno à F-1 na condição de
construtor. Não se surpreenda se o uniforme da Renault — que sempre esteve a
altura da alta costura francesa —, este ano seja fornecido por uma confecção
dinamarquesa. Seria a mesma que investiu um bom punhado de dólares na volta do
filho de Jan, piloto que Jackie Stewart anunciou como novo Senna mas que marcou
apenas um ponto em sua passagem pela categoria. Kevin, pelo menos, estreou com
um segundo lugar no GP de Austrália de 2014 e venceu o Campeonato de F-Renault
3.5 em 2013.
Chilton na Indy aproxima
Wehrlein da F-1
A confirmação de Max Chilton na equipe Chip Ganassi — ao
lado de Scott Dixon, Charlie Kimball e Tony Kanaan —, reforça a possibilidade
do alemão Pascal Wehrlein assinar contrato com a equipe Marussia, que este ano
terá motores Mercedes-Benz. Chilton era um nome interessante à equipe inglesa
graças à fortuna dos seus pais e, em menor intensidade, ao seus dotes de
piloto.
Pietro Fittipaldi vence na
Índia
Pietro Fittipaldi conquistou no fim de semana o título do
MRF Challenge, na Índia, campeonato que vem ganhando destaque na região que os
ingleses ainda se referem como o subcontinente asiático. Trata-se do terceiro
título de sua carreira após conquistar o Nascar Whelen Series Late Model em
2011 e o Campeonato Britânico de F-4 em 2014. No ano passado correu na série
GP3 e este ano já foi confirmado pela equipe Fortec para participar da O
resultado é um alento para o brasileiro radicado nos EUA, que este ano ano vai
disputar a F-3.5 V8, antiga F-Renault 3.5.
O MRF CHallenge é bancado pela fábrica de pneus MRF
empresa que explora, como poucos, o automobilismo como forma de promover seus
produtos e formar novos pilotos na Índia. Fundada em 1946 por K. M. Mammen
Mappillai, sua primeira fábrica foi estabelecida em Tiruvottiyur, Madras (o
“M”de sua razão social), onde fabricava brinquedos infláveis. Atualmente produz
uma ampla gama de pneus para automóveis, caminhões, máquinas agrícolas, motos,
tratores e produtos para esportes a motor.
Em 1997 construiu um F-3 e atualmente promove dois
campeonatos com monopostos, um com motor Renault 2,0 e outro com motor Ford
1,6. Este último tem chassi tubular e é mais rudimentar. O primeiro usa um
chassi de compósito de fibra de carbono projetado pela Dallara de acordo
com as normas de F-3 e construído localmente pela Jayem Automotives, em
Coimbatore. Entre os adversários de Pietro Fittipaldi no campeonato da temporada
2015/16 estavam Giuliano Alesi, Harrison Newey e Mick Schumacher; os sobrenomes
famosos são uma clara referência aos pais de cada um e a confirmação de como a
MRF consegue transformar seu investimento em um sucesso de marketing…
Pedro Piquet é vice-líder na Nova
Zelândia
Faltando duas etapas para o final da edição 2016 da
Toyota Racing Series, Pedro Piquet assumiu a vice-liderança do torneio que
prossegue em Taupo (dias 6 e 7 de fevereiro) e em Manfeild (12 a 14 de
fevereiro). Na classificação atual o brasileiro está em segundo lugar, cm 488
pontos, contra 518 do líder Lando Norris, inglês de 16 anos e mais jovem
Campeão Mundial de Kart, título conquistado em 2014, na França.
Ao vencer a etapa de sábado em Hampton Downs, Pedro
Piquet inscreveu seu nome em um troféu que, desde 1921 é dado ao vencedor do GP
da Nova Zelândia. Entre os nomes que constam dessa lista estão como Stirling
Moss, Jack Brabham, Bruce McLaren, John Surtees, Graham Hill, Chris Amon (até
hoje considerado o maior piloto desse país em todos os tempos), Keke Rosberg e
Roberto Pupo Moreno.
Nota do colunista: os resultados conquistados no Exterior
no último fim de semana comprovam que os pilotos brasileiros têm qualidades
para se destacar em várias categorias, apesar de todo esforço das
autoridades esportivas nacionais em conturbar e dificultar a prática e o
crescimento do automobilismo dentro do País. Vale lembrar que no ano passado
Pedro Piquet foi obrigado a interromper sua participação na Toyota Racing
Series por um capricho da Confederação Brasileira de Automobilismo, a CBA.
Meses depois a entidade emitiu uma discreta nota em que se desculpava pelo erro
cometido, nota onde não aparecia qualquer possibilidade de ressarcir o prejuízo
econômico causado ao piloto.
WG
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