quarta-feira, 6 de abril de 2016

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez
A TV Record mostrou no último domingo (3 de abril) uma longa reportagem, com mais de 16’ de duração, descrevendo as agruras financeiras que assolam a vida de Emerson Fittipaldi, primeiro brasileiro a conquistar um título mundial de F-1 e responsável pelo surgimento da maior era que automobilismo nacional viveu até hoje. Extremamente técnico e grande visionário, Emerson nunca brilhou por se cercar de bons administradores ou administrar os lucros proporcionados por suas vitórias, títulos e carisma.

O valor não tangível do que ele proporcionou ao Brasil superam, largamente, os desvarios econômicos que igualmente marcaram sua carreira. Daí a destroçar os símbolos de sua carreira e fazer sensacionalismo oportunista ao registrar autoridades retirando bens de seu escritório e divulga-los em horário nobre da TV é, no mínimo, discutível. Que as dívidas existem é fato, porém, não é a primeira vez que isso acontece e Emerson sempre se reergueu. Longe deste colunista postular por sua canonização, mas deve-se reverenciar o legado de alguém que criou oportunidades a muitos pilotos, gerou empregos para atender à demanda de um automobilismo regional que cresceu e se consolidou.

Por mais histórias confusas e discordâncias que Emerson Fittipaldi tenha se envolvido no passado, nada mais injusto que reviver o escândalo da Jules Rimet e derreter seus troféus e automóveis para quitar dívidas. Cabe ao piloto dar o primeiro passo e procurar pessoas de confiança e capacidade comprovada para a recuperar sua saúde financeira. E que isso aconteça antes que se descubra que essa reportagem só ganhou destaque porque interessa a esta ou aquela empresa ou entidade.

F-1 Rosberg segue invicto
O alemão Nico Rosberg conquistou sua segunda vitória do ano e quinta consecutiva ao conquistar o GP do Bahrein, competição que valeu como segunda etapa do Campeonato Mundial de F-1. A corrida serviu para embaralhar ainda mais as forças da categoria neste início de temporada, como o real potencial da Ferrari, o progresso da Red Bull, a Williams deixando de ser a terceira força, a novata Haas pontuando novamente e o belga Stefan Vandoorne marcar um ponto em sua estréia como piloto oficial da McLaren. O campeonato prossegue dentro de duas semanas, com o GP da China, em Shanghai.

A equipe Mercedes novamente mostrou-se superior aos adversários no quesito conjunto da obra, ao passo que a Ferrari – seu maior rival -, teve altos e baixos: recuperou-se de um primeiro dia de treinos onde tomou cerca de dois segundos dos alemães e, na volta de apresentação da corrida viu as chances de Sebastian Vettel diluírem-se em uma espessa nuvem de fumaça, envolvente o suficiente para deixar o piloto nos boxes. Kimi Räikkönen fez o que pode, mas, verdade seja dita, só ficou em segundo graças a uma pequena ajuda do compatriota e arquirrival Valteri Bottas. Na primeira curva Bottas e Hamilton se chocaram e a corrida de ambas ficou comprometida. A ver se a invencibilidade de Rosberg sucumbirá a um Hamilton em dia sem problemas.

Na Williams, mais uma vez, a estratégia de pneus impediu que a boa largada de Felipe Massa fosse consolidada com um resultado a altura de sua excelente largada: o brasileiro completou a primeira curva atrás apenas de Rosberg. Pior, é que o passo adiante – aquele movimento para ficar mais perto de Mercedes e Ferrari -, parece cada mais difícil, como mostra o fato da Reb Bull aparecer como terceira colocada na classificação dos Construtores. O falado bico novo não pode ser avaliado como esperado, algo que deverá acontecer em Shanghai. Se der certo, ótimo, mas não se deve esquecer que a Red Bull continua fazendo progressos muito mais palpáveis.

Enquanto isso, no mais perfeito estilo mineiro, a Haas já dá motivos para que dirigentes como Pat Symmonds, da Williams, questione o fato de um empresário norte-americano pratique a terceirização para construir um carro de alto rendimento. EM outras palavras, Symmonds levantou a bandeira de que a equipe norte-americana – ao comissionar a Dallara para fazer um chassi equipado com trem de força da Ferrari -, contamine o valor de mercado de equipes consolidadas e que constroem tudo em casa, como a própria Williams.

Já a Renault segue comendo a baguette que o diabo amassou e viveu um fim de semana pouco produtivo e jamais esboçou qualquer potencial. Óbvio que há um longo caminho a percorrer até que os franceses voltem a se impor na categoria e mais claro ainda está o fato de que, ao decidir incorporar a Lotus no apagar das luzes da temporada de 2015 largou em desvantagem frente à equipe de Gene Haas, que dá mostras de se tornar a boa surpresa da temporada. Falando em surpresas, a estreia de Stafan Vandoorne, pela McLaren, mostrou um piloto aguerrido, combativo e que custa muito menos por ponto do que os campeões e caros Fernando Alonso e Jenson Button. Se Vandoorne for confirmado para mais uma apresentação em função de permitir a recuperação completa de Fernando Alonso, o espanhol e o inglês devem começar a procurar emprego para a próxima temporada.

A mais nova crise econômica da Sauber poderá significar a incorporação do time suíço pela holding FCA. A negociação seria um passo importante para lançar as bases da volta da Alfa-Romeo à F-1.

Interlagos, pobre Interlagos
Em Interlagos uma série de largadas para categorias como Copa Classic, F-1600, Marcas e Pilotos e Old Stock, além do Torneio Interlagos de Regularidade, competição apoiada pelo AutoEntusiastas. Se a Federação de Automobilismo de São Paulo (Fasp) e seus dirigentes – os mesmos que presidem e administram os clubes -, não assumirem seu papel real nesse processo os clientes potenciais do esporte não vão demorar a virar as costas e matar a galinha de ovos de ouro que alimenta meia dúzia de cartolas. Não se viu serviço de bombeiros, o padrão dos comissários de pista (os bandeirinhas) deixou a desejar e não havia qualquer controle de público nas áreas próximas à pista. Este vídeo mostra muito bem o procedimento adotado em um acidente na prova de Old Stock.

Mais, um competidor, que tem cargo diretivo na Confederação Brasileira de Automobilismo, disputou a prova dessa categoria, onde também é um dos promotores. Nem essas “imunidades” impediram que ele fosse desclassificado por não usar a indumentária exigida para os pilotos, o que é um ponto a favor do diretor de prova, Marcus Ramaciotti. Tão lastimável exemplo ocorreu apesar ter anunciado de antemão que faria vistoria completa no equipamento de segurança.

Regional bem organizado é a salvação
Novamente volto a defender que a solução para a sobrevivência do automobilismo brasileiro depende diretamente das atividades regionais. No autódromo de Tarumã, próximo a Porto Alegre, o circo da Endurance deu um belo espetáculo e reuniu 37 carros na disputa dos 500 Km de Tarumã, competição onde a vitória foi decidida por escassos 600 milésimos de segundo em favor da dupla Franco Pasquale/Tiel de Andrade (Protótipo Tubarão). Nilson e José Ribeiro, pai e filho, ficaram em segundo com um protótipo MXR.

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