Wagner Gonzalez |
A TV Record mostrou no último domingo (3 de abril) uma
longa reportagem, com mais de 16’ de duração, descrevendo as agruras
financeiras que assolam a vida de Emerson Fittipaldi, primeiro brasileiro a
conquistar um título mundial de F-1 e responsável pelo surgimento da maior era
que automobilismo nacional viveu até hoje. Extremamente técnico e grande
visionário, Emerson nunca brilhou por se cercar de bons administradores ou
administrar os lucros proporcionados por suas vitórias, títulos e carisma.
O valor não tangível do que
ele proporcionou ao Brasil superam, largamente, os desvarios econômicos que
igualmente marcaram sua carreira. Daí a destroçar os símbolos de sua carreira e
fazer sensacionalismo oportunista ao registrar autoridades retirando bens de
seu escritório e divulga-los em horário nobre da TV é, no mínimo, discutível.
Que as dívidas existem é fato, porém, não é a primeira vez que isso acontece e
Emerson sempre se reergueu. Longe deste colunista postular por sua canonização,
mas deve-se reverenciar o legado de alguém que criou oportunidades a muitos
pilotos, gerou empregos para atender à demanda de um automobilismo regional que
cresceu e se consolidou.
Por mais histórias confusas e
discordâncias que Emerson Fittipaldi tenha se envolvido no passado, nada mais
injusto que reviver o escândalo da Jules Rimet e derreter seus troféus e automóveis
para quitar dívidas. Cabe ao piloto dar o primeiro passo e procurar pessoas de
confiança e capacidade comprovada para a recuperar sua saúde financeira. E que
isso aconteça antes que se descubra que essa reportagem só ganhou destaque
porque interessa a esta ou aquela empresa ou entidade.
F-1 Rosberg segue invicto
O alemão Nico Rosberg conquistou sua segunda vitória do
ano e quinta consecutiva ao conquistar o GP do Bahrein, competição que valeu
como segunda etapa do Campeonato Mundial de F-1. A corrida serviu para
embaralhar ainda mais as forças da categoria neste início de temporada, como o
real potencial da Ferrari, o progresso da Red Bull, a Williams deixando de ser
a terceira força, a novata Haas pontuando novamente e o belga Stefan Vandoorne
marcar um ponto em sua estréia como piloto oficial da McLaren. O campeonato
prossegue dentro de duas semanas, com o GP da China, em Shanghai.
A equipe Mercedes novamente
mostrou-se superior aos adversários no quesito conjunto da obra, ao passo que a
Ferrari – seu maior rival -, teve altos e baixos: recuperou-se de um primeiro
dia de treinos onde tomou cerca de dois segundos dos alemães e, na volta de
apresentação da corrida viu as chances de Sebastian Vettel diluírem-se em uma
espessa nuvem de fumaça, envolvente o suficiente para deixar o piloto nos
boxes. Kimi Räikkönen fez o que pode, mas, verdade seja dita, só ficou em
segundo graças a uma pequena ajuda do compatriota e arquirrival Valteri Bottas.
Na primeira curva Bottas e Hamilton se chocaram e a corrida de ambas ficou
comprometida. A ver se a invencibilidade de Rosberg sucumbirá a um Hamilton em
dia sem problemas.
Na Williams, mais uma vez,
a estratégia de pneus impediu que a boa largada de Felipe Massa fosse
consolidada com um resultado a altura de sua excelente largada: o brasileiro
completou a primeira curva atrás apenas de Rosberg. Pior, é que o passo adiante
– aquele movimento para ficar mais perto de Mercedes e Ferrari -, parece cada
mais difícil, como mostra o fato da Reb Bull aparecer como terceira colocada na
classificação dos Construtores. O falado bico novo não pode ser avaliado como
esperado, algo que deverá acontecer em Shanghai. Se der certo, ótimo, mas não
se deve esquecer que a Red Bull continua fazendo progressos muito mais
palpáveis.
Enquanto isso, no mais perfeito estilo mineiro, a Haas já
dá motivos para que dirigentes como Pat Symmonds, da Williams, questione o fato
de um empresário norte-americano pratique a terceirização para construir um
carro de alto rendimento. EM outras palavras, Symmonds levantou a bandeira de
que a equipe norte-americana – ao comissionar a Dallara para fazer um chassi
equipado com trem de força da Ferrari -, contamine o valor de mercado de
equipes consolidadas e que constroem tudo em casa, como a própria Williams.
Já a Renault segue comendo a
baguette que o diabo amassou e viveu um fim de semana pouco produtivo e jamais
esboçou qualquer potencial. Óbvio que há um longo caminho a percorrer até que
os franceses voltem a se impor na categoria e mais claro ainda está o fato de
que, ao decidir incorporar a Lotus no apagar das luzes da temporada de 2015
largou em desvantagem frente à equipe de Gene Haas, que dá mostras de se tornar
a boa surpresa da temporada. Falando em surpresas, a estreia de Stafan
Vandoorne, pela McLaren, mostrou um piloto aguerrido, combativo e que custa
muito menos por ponto do que os campeões e caros Fernando Alonso e Jenson
Button. Se Vandoorne for confirmado para mais uma apresentação em função de
permitir a recuperação completa de Fernando Alonso, o espanhol e o inglês devem
começar a procurar emprego para a próxima temporada.
A mais nova crise econômica da Sauber poderá significar a
incorporação do time suíço pela holding FCA. A negociação seria um passo
importante para lançar as bases da volta da Alfa-Romeo à F-1.
Interlagos, pobre Interlagos
Em Interlagos uma série de
largadas para categorias como Copa Classic, F-1600, Marcas e Pilotos e Old
Stock, além do Torneio Interlagos de Regularidade, competição apoiada pelo
AutoEntusiastas. Se a Federação de Automobilismo de São Paulo (Fasp) e seus dirigentes
– os mesmos que presidem e administram os clubes -, não assumirem seu papel
real nesse processo os clientes potenciais do esporte não vão demorar a virar
as costas e matar a galinha de ovos de ouro que alimenta meia dúzia de
cartolas. Não se viu serviço de bombeiros, o padrão dos comissários de pista
(os bandeirinhas) deixou a desejar e não havia qualquer controle de público nas
áreas próximas à pista. Este vídeo mostra muito bem o procedimento
adotado em um acidente na prova de Old Stock.
Mais, um competidor, que tem
cargo diretivo na Confederação Brasileira de Automobilismo, disputou a prova
dessa categoria, onde também é um dos promotores. Nem essas “imunidades”
impediram que ele fosse desclassificado por não usar a indumentária exigida
para os pilotos, o que é um ponto a favor do diretor de prova, Marcus
Ramaciotti. Tão lastimável exemplo ocorreu apesar ter anunciado de antemão que
faria vistoria completa no equipamento de segurança.
Regional bem organizado é a
salvação
Novamente volto a defender que
a solução para a sobrevivência do automobilismo brasileiro depende diretamente
das atividades regionais. No autódromo de Tarumã, próximo a Porto Alegre, o circo
da Endurance deu um belo espetáculo e reuniu 37 carros na disputa dos 500 Km de
Tarumã, competição onde a vitória foi decidida por escassos 600 milésimos de
segundo em favor da dupla Franco Pasquale/Tiel de Andrade (Protótipo Tubarão).
Nilson e José Ribeiro, pai e filho, ficaram em segundo com um protótipo MXR.
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