edita@rnasser.com.br - 61.3225.5511 Coluna 0113 - 02.01.2013
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Vida Automóvel. O que teremos em 2013
2013 é um ano especial na nossa breve
história automobilística. E você será agente ou observador das mudanças. Nele,
as novas motorizações de menor tamanho, o uso dos turbos, os carros chineses
aqui produzidos, o grande leque de produtos, maior variedade mundial.
Não é resultado exclusivo da erupção
das novas classes D e C, apenas parcela em grande conta. Outra, a ascensão do
Brasil, em colheita tardia dos frutos que você, eu, nós, patrocinamos há
décadas com o super pagamento de impostos. Também, a pressão ecológica mundial
para reduzir a má relação entre automóveis, seu espaço, danos à natureza e, do
outro lado, o homem - com ou sem carro. E a crise do subprime estadunidense,
a irresponsável rolagem das dívidas permitida pelo governo dos EUA, ao aparelhar,
pagando compromissos, colocando em postos chave, banqueiros e gestores econômicos
privados. A crise veio, cruzou oceanos, espraiou-se por continentes, plantou o
pânico financeiro, cortou o barato e o mercado mundiais.
Moral da história, os países
emergentes, ditos BRICS, sempre contidos por variadas políticas que
interessavam a alguns, e não interessavam a todos, chegaram ao ponto
irrefreável e incontornável de crescimento - Brasil, Rússia, Índia e China -
recentemente África do Sul, como referência continental africana.
Nosso mercado cresce em expansão
projetada, tem estrutura, insumos, mão de obra e expertise, daí ter
alcançado números - em 2012, 3,8M de veículos novos vendidos domesticamente –
igual a toda América Latina.
Assim, ideal a investimentos das
marcas aqui instaladas, esporeadas a atualizar produtos, e a novas, buscando beirada
nas vendas. Afinal, exceto chineses, russos, indianos, sul africanos, os
mercados estão congelados.
Muitos lançamentos – umas cinco
dezenas -, óbvios pela maior variedade de marcas em alguma atividade industrial
em todo o mundo.
Do ponto de vista do consumidor, os
automóveis aumentarão de preço. Tanto pelo retorno, até julho das alíquotas
plenas de IPI, também pelos obrigatórios freios com ABS e de almofadas de ar em
todos os veículos de todas as marcas, até o final do exercício. Isto dará fim à
Kombi e Uno Mille.
Usar automóvel será punido pelo
aumento do preço da gasolina. Diz-se, para acertar a contabilidade da
Petrobrás, mas é dado curioso, pois a produção local custa muito menos que
contabiliza a Petrobrás, como commodity aplicando o
valor como se fosse produzida no exterior.
A dieta na redução do IPI, enzima de
vendas nos anos passados, em saltos a cada 60 dias, chegando julho às medidas
originais, aumentará a competitividade no mercado.
O setor – associação, marcas,
distribuidores -, projeta crescer 5%. Mas será certo festejar produção de 4M de
unidades, individualizando o Brasil como excepcional base produtora e mercado
consumidor no cenário mundial, onde a relação veículos x habitantes bateu no
teto.
Mercado em mudança, as quatro grandes
marcas cairão dos 70% marcados em 2012. Óbvio. A cada Renault, Peugeot,
Citroën, Honda, Toyota, Nissan, JAC ... vendido, é um Fiat, Volks, GM ou Ford a
menos.
Marco importante: o Hyundai HB20 será
referência. Não por produção e vendas, entre 120 mil e 130 mil – nem 3% do
mercado –, mas por tecnologia e uso. Embora seja único da marca produzido no
Brasil e em meio a leque de seus importados, será a nova referência: “-
Gasta menos que o Hyundai ? As peças são mais caras que as do Hyundai ? A
garantia é igual à do Hyundai ?” O HB20 será a cara da Hyundai.
Novos carros
Ano industrialmente rico. Fiat,
líder, sem produto novo, mas versões e dedicação no desenvolver veículo a ser
feito na fábrica que erige em Goiana, PE. Menor, substituirá o Uno, mais barato
do país, motor dois cilindros, 850 cm3, cabeçote Multi Air – a maior novidade
tecnológica nas últimas décadas – também lá produzido. Não é apenas outra
fábrica, mas polo industrial, mudando produtos, motores, clientes. De lá,
também, carro maior em versões Dodge e Alfa Romeo.
Teoriza-se, a CAOA, representante da
Hyundai, exceto o HB20, montará o hatch i30. Representada
coreana Hyundai e representante paraibano caminham para cisão de
relacionamento. Informações reais, ou plantadas, dizem a CAOA teria acordo com
chinesas Great Wall, e Chan Gan, para produção em caso de perder a Hyundai. A
enorme queda em vendas, e cair ao a 10o. lugar facilitam a conta.
Maior produção
O balcão está maior que o forno, e
venderá quem puder entregar. Daí, para atender à demanda, as maiores montadoras
investem no ampliar capacidade industrial. Fiat faz nova fábrica, VW aumenta
produção veículos em Taubaté e motores em São Carlos, SP. A empresa muda.
Melhorou os produtos mais vendidos e prepara re nascimento, com produtos iguais
aos feitos em outros mercados. Começará, como a Coluna também
antecipou, com o Santana. Nome antigo, sugerindo sedã grande, baseado na boa
plataforma do Polo, recém apresentado na China, na fórmula criada para mercados
emergentes e de poucas exigências, aviada por Renault Logan, seguida por
Chevrolet Cobalt, Nissan Versa, Fiat Grand Siena. Construção barata, sem
investir em plataforma ou mecânica, rentável. Depois, a hora da virada, com
produto atual: o UP! e, novidade mundial, o Taigun, pequeno utilitário esportivo,
com tudo para ser moda.
GM ficará para trás. Há poucos anos,
tentando se salvar da grave crise que gerou, cortou investimentos industriais e
economizou ao desenvolver produtos. Dai, vem caindo em participação e
representatividade no mercado. Explicável. Criou produtos sobre plataformas
antigas, fez gambiarrasnos motores com a base do Monza, e
economizou em projetos, como o Cobalt, de maus resultados. Apesar de ter
exportado muitos dinheiros para a matriz, não mereceu autonomia para fazer o
Cruze, de origem da coreana fábrica Daewoo. Perdeu-a para o México com
exportações ao Brasil. Terá versão sedã do recém lançado Ônix.
Última das grandes, a Ford aumenta a
capacidade industrial, investe em São Bernardo, SP, para lá produzir o novo
Fiesta, hatch e sedã, diferentes dos modelos produzidos em
Camaçari, BA. Terá o único Ka no mundo, trocando a velha plataforma para a do
atual Fiesta feito na Bahia e para lá será transferido. A mudança significará
sair do segmento dos picapes pequenos. Completará a linha com o picape Ranger,
os novos Focus a fazer na Argentina, e o Fusion, bem acertado em linhas e seu
motor turbo.
Em Pinhais, PR, a Renault quase dobra
a capacidade industrial. Renovará o Logan, e tapas estéticos
no Sandero e no Duster para marcar ano/modelo, e enfatizará versões mais
simples e baratas para o Fluence, motores 2.0 e 1.6. Novidade, Logan picape.
Aliada, a Nissan instala fábrica para 200 mil/ano. Além do March produzirá
Livinas, picapes Frontier e, como a Coluna antecipou
mundialmente, um sedã Mercedes Classe A. Restrita às cotas impostas aos carros
mexicanos, trará novo Sentra e Altima. Peugeot lançará o 208 e Citroën
insistirá em complementar linha com os DS importados, até a mudança do Pallas.
Olhos puxados
A nova peculiaridade do mercado, os
compradores sem vivência com veículos novos, e aos quais basta a mítica, a
imagem, a distância das oficinas, permite às montadoras fazer estrepulias. Em
vez de produtos novos, economia em projeto e construção, usando plataformas - a
parte inferior onde se fixa mecânica e carroceria – e ás vezes motores com
décadas de projeto e uso. Tal postura gera situações como o Toyota Etios,
junção de peças pré-existentes, para o mercado indiano, inferior em exigências
às do cliente brasileiro. No descompromisso, ou desrespeito, as saídas de
ventilação ficam no lado direito –onde, na Índia de mão inglesa,
vai o volante. Os revestimentos nas portas são suportados apenas por
clientes primários, felizes com o primeiro carro O Km, sem reclamar: ásperos,
plástico sugerindo ser reciclado, sem bons encaixes. Vende pouco. O Etios é a
maior decepção entre formulação e comercialização e espera-se, em vez de Harakiri,
provoque apenas demissões de falsos intelectuais em mercado, e correção
respeitosa no produto.
Em Catalão, GO, a MMC produz
Mitsubishis, e iniciou fazer o ASX. E, por acordo, série inicial do jipinho
Suzuki Jimny, em rígido processo de nacionalização de peças.
Os coreanos chegaram pelo Hyundai
HB20, terão versão Kia, e os chineses veem o Brasil como mercado natural a seus
produtos. Embora os olhos puxados japoneses e coreanos traduzam confiança
construtiva, nos chineses não dá para avaliar. Lá são muitas as marcas, e entre
o inferno e o céu há enorme gradação. Assim, se nacionalidade significa
qualidade - um alemão, um coreano, um japonês tem-na implícita - com os
chineses há que esperar para ver a felicidade ou a desgraça dos primeiros
compradores. Até agora as amostragens não valem, porquanto importações. Mas ao
final do ano a Chery, com Celer, por si, em Jacareí, SP, e a JAC, com o J2, em
sociedade com o empresário Sérgio Habib, serão os balões de ensaio ao julgar
dos consumidores.
Mais recente das ex-nacionais,
cearense assumida pela Ford, em março a Troller terá novo jipe, projeto
nacional, mostrado no Salão. E a TAC, única efetivamente brasileira, para
viabilizar-se deixou Joinville, SC, a sociedade com o governo do estado, por Sobral,
CE, atraída pelos incentivos da região nordeste.
Importados
Contidos por legislação, imposição de
impostos, ou importados do México através de cotas por empresas com atividade
nos dois países, os importados pelas empresas sem fábrica local, no máximo
repetirão as vendas de 2012. A rede revendedora se reduzirá, punida pelas
medidas governamentais.
De produto, atrativa referência não
terá números proporcionais, mas será o Viper, agora chamado SRT pela Fiat.
Recém lançado, motor V 10, 8.000 cm3, 640 cv será importado oficialmente.
Em suma, entre produtos novos, outros
resultantes de mistura de vários pedaços, ou produtos atualizados, a disponibilidade
de veículos automóveis em muito se ampliará a partir do próximo ano. Bom para o
comprador.
Como alarme institucional. O SINIAV,
sistema de monitoramento que o governo federal implantará por terceirização,
controlará todos – todos - os carros 2013. Você será acompanhado pelo satélite,
perderá sua liberdade individual, terá sua vida conhecida pelos terceirizados,
vai arriscar-se. Cada carro terá um chip e ao final deverá assinar o serviço.
O executivo deve explicar isto ao
Ministro Joaquim Barbosa, última esperança de alguma moralização. A receita de
arrecadação não exala bom cheiro.
Quem vem, com que, onde e quando
Quem faz, o que, onde
Marca
|
Produto
|
Onde
|
Quando
|
Audi
BMW
|
A3, A4, Q3
?
|
S.J. Pinhais, Pr
Araguaí, SC
|
2014
2014
|
Chan Gan
Chery
|
?
Celer
|
Goiás
Jacareí, SP
|
2014
2013
|
Chevrolet
|
Onix
|
Gravataí, RS
|
Iniciada
|
Chevrolet
|
Trailblazer
|
S.José Campos, SP
|
Iniciada
|
Ford
|
New Fiesta
Sedan
|
Camaçari,
Ba
|
2013
|
Ford
|
EcoSport4x4 Auto
|
#
|
Iniciada
|
Hyundai
|
HB20X
|
Pirassununga, SP
|
2013
|
JAC
|
J2
|
Camaçari, Ba
|
2013
|
M-Benz
Mitsubishi
|
Classe A sedan
ASX
Lancer
|
Resende, RJ
Catalão, Go
#
|
2015
2013
2014
|
Nissan
Peugeot
|
March
208
|
Resende
Resende, RJ
|
2014
jan 2013
|
Suzuki
|
Jimny
|
Catalão, Go
|
dez 2012
|
VW
|
Gol 2 portas
UP !
Santana
Taigun
Golf 7
|
São Bernardo, SP
Taubaté, SP
São Bernardo, SP
Taubaté, SP
Campo Largo, PR
|
Iniciada
2013
2013
2014
2015
|
Surpresa, a Fiat continua líder – e
cresceu
É indelicado, ou distante da
realidade, entender a manutenção da liderança de vendas no mercado doméstico
como surpresa. Não é. Ao contrário, é consequência de projetos e ações bem
articuladas, permitindo à montadora mineira cravar, pelo 12o. ano
consecutivo, as maiores vendas de veículos leves no Brasil.
O dado é importante, e tem maior
relevo pelo perfil que une o maior número de marcas, e pelo fato de as maiores
quatro mantenham 70% das vendas. Embora haja um encolher desta participação, em
aritmética e constante diminuição pela presença de muitas marcas e produtos, a
Fiat conseguiu o aparentemente impossível: crescer 1% de participação. A
montadora agora tem 23,2%, seguida pela VW, que se expandiu 0,7% e ficou com
fatia de 21,2% no bolo. Do grande pedaço detido pelas quatro maiores, GM caiu
0,8% e Ford 0,3%.
A referência é importante, pois o
caso da Fiat no Brasil é único. Não é apenas a mais vendida no Brasil, mas
adicionalmente, é líder continental em vendas, um recorde para a marca no
mundo.
Sorte não é coisa aleatória, um raio
feliz que cai sobre uma pessoa – física ou jurídica. Tem mais a ver com prever,
preparar-se, estar no local certo e na hora certa. E assim como surpresa não
serve para rotular a manutenção do sucesso da Fiat, muito mais ligada ao
preparar-se, ao ampliar capacidades, ao dar substância à operação da rede
revendedora, ao perceber oportunidades para incluir seus produtos, fazer
vendas, e crescer contrariando a aritmética.
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