Alta Roda nº 721/81 – 21/02/2013 |
Fernando Calmon |
Prioridade
para circulação dos automóveis nas cidades é a regra no Brasil. Todos estão
cansados de ouvir. Será mesmo que existe esse “privilégio”? Em função de
arrecadação de impostos, a lógica econômica diz que quem paga a conta deve (ou
deveria) usufruir, se não os melhores serviços, pelo menos algo proporcional ao
desembolso.
Fique
de lado toda a imensa cadeia de impostos, taxas, tarifas e penduricalhos
fiscais e parafiscais, em níveis federal, estadual e municipal, que incide sobre
os motoristas ao longo de toda a vida de suas máquinas. De longe, a maior carga
fiscal do mundo, direta e indireta. Foco é no IPVA. O Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores (inclui barcos e aviões, mas quase tudo vem de veículos sobre
pneus), apenas em 2012, arrecadou nada menos de R$ 27 bilhões (cerca de US$ 14
bilhões), segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. E US$ 14
bilhões, só como ordem de grandeza, foi o custo histórico da hidrelétrica de
Itaipu, ainda hoje a maior do mundo em geração efetiva, que levou sete anos em
construção.
Metade
de apenas esse único volumoso imposto vai para Estados e a outra metade,
dividida entre municípios. Então, prioridade mínima para a circulação de
veículos deveria incluir coisas corriqueiras como manutenção das vias e, mais
do que isso, a sinalização semafórica. Seria absurdo, então, pedir câmaras de
vigilância (em funcionamento efetivo) e painéis eletrônicos que indicassem
situações de emergência, mais do que previsíveis em cidades do porte de São
Paulo? A resposta, provavelmente, é que se trata de privilégios.
Volte-se
ao corriqueiro, então. Chuvas fortes de verão, inundações de praxe, queda de
árvores, falta de luz e o trânsito, obviamente, caótico. Mas como reagir, horas
depois de um temporal, já com iluminação pública recuperada, a mais de uma
centena de semáforos apagados ou embandeirados? Revoltante, uma viagem de 20
minutos se transformar em duas horas porque a cidade mais rica e que mais arrecada
impostos possui apenas 200 cruzamentos com no-breaks, que em caso de apagão
mantêm equipamentos elétricos e eletrônicos em funcionamento.
Não
é vantagem indevida nenhuma. Tanto que a prefeitura paulistana e a
concessionária de energia assinaram convênio para outros 178 sinais com
no-breaks. Mas não foram instalados e se desentendem sobre a data em que deveriam
ter sido. Mais grave: quem garante que a manutenção preventiva foi ou será
feita? Metade das câmeras de vigilância de trânsito está inoperante por falta
de cuidados. Mas os radares, fontes de arrecadação, estão perfeitos e com
no-breaks, na maioria.
Plano
de semáforos inteligentes, que se autoajustam ao nível do tráfego, foi
desdenhado e sua ampliação, nunca efetuada. Certamente faz parte de regalias,
daquelas que merecem condenação veemente. Mais fácil é impor rodízio de
circulação pelo final da placa, que cria outros problemas e adia soluções
inteligentes.
Indústria
automobilística gera impostos suficientes para ampliar o transporte sobre trilhos
(subterrâneo e aéreo) e melhorar, realmente, o trânsito nas grandes cidades.
Motorista e automóvel não podem ser culpados pela inépcia do poder público. Ou,
para sempre, pagar e ficar calado.
RODA
VIVA
CORTES de preço (2 a 20%)
nos modelos BMW e MINI, em função da aprovação da fábrica em Araquari (SC), dá
à marca grande poder de competição. Carros mais caros, como o agora lançado
Gran Coupé 640 (R$ 399.950) não se beneficiaram. Só dentro de seis meses haverá
solenidade no local das obras, mas início de produção, confirmado para fim de
2014.
ESPERA-SE que Mercedes-Benz seja
próxima marca premium alemã a confirmar produção no Brasil, nos próximos três
meses. Não descartou utilizar instalações industriais da Nissan, em Resende
(RJ), no segundo semestre de 2014, por conta de parcerias entre as matrizes no
exterior. Mais provável, porém, é partir para fábrica exclusiva, em outro
local.
FOCO do regime
automobilístico, Inovar-Auto, é estimular fábricas e investimentos dedicados a
novos produtos. “Puxadões” bastam nos aeroportos. Ainda depende de definições
pelo governo federal o controle de conteúdo local de autopeças e componentes. Tema
é complexo e de difícil formulação. Fala-se em três a quatro meses para solução
final.
CRIATIVA firma alemã
Foliatec lançou na Europa filme protetor para veículos em spray. Camada formada,
totalmente invisível, protege para-choques, grades, rodas, faróis, lanternas e
outros componentes. Adere em metal, plástico e vidro. Protege contra arranhões,
pedriscos, lama e sujeira. Pode ser removido sem deixar vestígios e reaplicado.
DOCUMENTÁRIO Nutz, da produtora Firma Filmes, de Dino
Dragone, breve em cartaz, traz interessante depoimento de Fernando Jaeger sobre
a reprodução perfeita de antiga concessionária Vemag, a Dekabras, de São Leopoldo
(RS). Instalações refletem exatamente o visual de cerca de meio século atrás,
inclusive carros no salão de exposição.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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