Alta Roda nº 720/80 – 14/02/2013 |
Fernando Calmon |
Decisão já esperada, a Volkswagen acaba de anunciar a
produção no México da sétima geração do Golf, automóvel mais vendido na Europa
e, somada sua versão sedã Jetta, a família de modelos de maior venda no mundo,
à frente das famílias Corolla e Focus. Está prevista sua importação a partir de
2014.
Este é mais um sinal da baixa competitividade de produção
no Brasil, pois aqui o Golf estacionou na quarta geração. Porém, o México se fortaleceu
por vários motivos. Além da moeda desvalorizada e baixos custos trabalhistas e
de fabricação, tem a vantagem de se situar na zona de livre comércio da América
do Norte, de onde importa autopeças produzidas em escala gigantesca e,
portanto, a preços menores. O país também acertou acordos com a União Europeia
e o Japão, além do Brasil/Mercosul. Não à toa a Audi confirmou, antes, sua
fábrica mexicana para 2016. De lá poderá exportar, sem impostos, para três
grandes blocos econômicos.
Novo Golf é o segundo modelo da arquitetura MQB (sigla em
alemão para Matriz Transversal Modular). A partir dela, o Grupo VW vai
desenvolver nada menos de 40 produtos, de compactos a médios-grandes e SUVs, de
cinco marcas diferentes. O Brasil está na rota da MQB, que mostra flexibilidade
de adaptação a linhas de montagem convencionais, segundo Ulrich Hackenberg,
vice-presidente do grupo. Ele declinou de comentar quando e quais modelos, mas
admitiu que, se o mercado continuar em crescimento e alcançar custos
competitivos, o Golf também poderá ser feito aqui.
Abre-se, entretanto, uma janela para fabricação de
compactos de entrada, em que o País mostra ainda ser razoavelmente competitivo.
Até pouco tempo, os grandes grupos automobilísticos tinham margens de ganho bem
pequenas em carros desse tipo e, assim, pouco interesse em desenvolvê-los. Mas
a Renault começou a mudar esse cenário ao lançar o Dacia Logan, de sua
subsidiária da Romênia, em 2004. Hoje, são seis derivações que utilizam uma
arquitetura antiga e já amortizada, da própria Renault, voltada para oferecer
bastante espaço a preço baixo. Real alternativa para quem só podia adquirir
carros usados.
Não tardou a marca se expandir. Vendeu-se quase um milhão
de unidades, em 2012, em 36 países, dois terços das quais com logotipo francês.
A lucratividade está em torno de 9% por unidade, estimada pelo banco Morgan
Stanley, muito acima das minguadas margens nos combalidos mercados maduros, em
especial Europa. Claro, outros fabricantes estão de olho.
Primeira a anunciar um projeto de baixo custo foi a
Nissan. Fará renascer a marca Datsun e utilizará plataforma Lada, marca russa
que já esteve no Brasil, e hoje na aliança Renault-Nissan. Pretende produzir um
carro por apenas 3.000 euros (R$ 8.000), fora impostos, vendê-los em mercados como
Índia, Rússia e Indonésia e ainda ganhar dinheiro.
Agora, Volkswagen e Fiat anunciaram, quase ao mesmo
tempo, estudos para esse promissor filão, igualmente com marcas novas. Ambas
precisam ver que arquiteturas poderiam lançar mão e em que países a produção
seria viável. Nada se sabe, ainda, sobre chances no Brasil, mesmo porque até o
momento carros rústicos são pouco atraentes aqui. Mas oportunidades de
exportação poderiam surgir e viabilizar a produção.
RODA VIVA
ANO começou
bem com o melhor janeiro, em produção e vendas, da série histórica. O que
ajudou foi o estoque formado em dezembro do ano passado: permitiu não repassar
o primeiro dos três aumentos de IPI desse semestre. Ainda assim, ritmo de
vendas diárias caiu e subiram os estoques totais de 24 dias (dezembro) para 29
dias (janeiro). Criaram-se 1.156 empregos novos.
APESAR do
investimento de US$ 500 milhões para adaptar o Fiat 500 às regras de segurança
dos EUA e mudanças nas linhas de montagem da Chrysler mexicana, seu sucessor,
em 2015, deverá ser fabricado apenas na Polônia, onde o subcompacto chique
começou em 2007. Vindo da Europa, ficará bem mais caro, como era antes, em
razão do imposto de importação de 35%.
ESPAÇO interno
(em relação às dimensões externas), motor de 1,35 l/108 cv e equipamentos de
série são pontos vantajosos no subcompacto JAC J2, por R$ 32.000. Faltam coisas
simples: destravamento das portas por botão central ou relógio que não obrigue
desligar o rádio para saber a hora. Direção e suspensões precisam também
melhorar.
PROFESSOR da
PUC Minas e advogado, Leonardo Vilela acredita que Lei Seca para motoristas
ainda suscita dúvidas jurídicas. “Um dos problemas anteriores era exigência de
grau alcoólico. Isso continua dúbio. O Superior Tribunal de Justiça, em 2011, decidiu
que, se a lei prevê uma referência, não se pode presumir. Ou seja, tem que haver
prova efetiva deste grau.”
LOGO depois do
Carnaval, aumenta em 50% o número de motoristas que procuram o serviço de
reparo de para-brisas, de acordo com a Carglass, empresa especializada. Além do
maior fluxo de carros nas estradas, é necessário observar certa distância da
traseira de caminhões, principalmente.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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