Alta Roda nº825/175– 26/02/2015
|
Fernando Calmon |
O Carnaval este ano foi marcado por menos
acidentes, mortos e feridos do que o mesmo período carnavalesco do ano passado
nas estradas federais do País. Ainda é difícil saber se indica uma tendência,
mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez um balanço baseado em seus registros
e estatísticas. Nesta comparação, por cada milhão de veículos registrados no
Renavam, o número de mortos caiu 28%, o de feridos 18% e os acidentes 22%.
Morrerem 120 pessoas (incluídos os atropelamentos) em quatro dias e meio ainda
assusta e muito. Mas é inegável que a PRF se preparou para este período sempre
problemático com ações diversas. No total foram fiscalizados 234.038 veículos,
recolheram-se 1.901 carteiras de motoristas e 48.754 pessoas participaram de
ações de educação para o trânsito. Uma das providências que mais surtiu efeito
foram os testes de alcoolemia. Pelo bafômetro passaram 85.677 motoristas, dos
quais 2.006 foram autuados e 372, presos.
A referência a comemorar aparece quando se comparam as fatalidades nas rodovias
federais no Carnaval de 2007 com o de 2015. Em oito anos, as mortes por milhão
de veículos registrados baixaram nada menos de 56%: de 3,2 para 1,4. No
entanto, a relação com outros países ainda não pode ser feita, pois a frota
registrada é cerca de 30% maior do que a real. Afinal, como já comentado nessa
Coluna, os carros no Brasil têm certidão de nascimento, mas não de óbito.
Milhares de veículos viram sucata todos os anos, mas continuam no Renavam:
poucos se habilitam a enfrentar a burocracia e os custos de cancelar a
documentação.
As estatísticas da PRF, no entanto, têm seu valor porque a mesma base, ainda
que errada, serviu de critério em todo o período avaliado. Há alguns fatores
importantes deixados de lado entre eles a densidade do tráfego. Não foi
possível descobrir se menos veículos circularam neste Carnaval por razões
econômicas: combustível mais caro, índice menor de confiança no futuro e o País
em ambiente recessivo.
Esse dado é tão importante que nos EUA o balanço de acidentes, feridos e mortos
leva em conta a frota real (lá bem controlada) e a média de distância
percorrida anualmente por veículo. Com organização estatística pode-se medir
por amostragem direta e indireta, por exemplo, pelos planos de manutenção nas
oficinas.
No Brasil deve-se esperar uma melhoria constante na segurança à medida que mais
automóveis entrarem em circulação com freios ABS e bolsas infláveis. Nada, no
entanto, se equivale à qualidade das estradas como fator de menor risco.
São Paulo, o estado com as rodovias mais modernas e seguras do País, comprova
isso. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, comparando o período carnavalesco
de 2014 e de 2015, o número de mortos caiu de 40 para 21. Deve-se notar que a
malha rodoviária federal em São Paulo é minúscula, enquanto a estadual
representa mais de 40% do total de rodovias no Brasil, incluídas regionais,
estaduais e federais.
Números paulistas, portanto, têm extraordinária relevância e se aproximam de
países desenvolvidos por qualquer critério de comparação.
RODA VIVA
PARA quem costuma desdenhar das leis de mercado, basta ver o
repasse do aumento do IPI não integral para todos os modelos. Alguns
fabricantes oferecem acessórios sem aumento de preço ou subsidiam seu valor.
Veículos mais caros que já não tinham IPI menor sofreram até redução nominal de
preço. Tudo em razão do ambiente econômico e setorial recessivo.
ATUAL geração do Gol deve receber retoques só no
início de 2016. Novidades para 2015 são motores turboflex 1,4 l (Golf, A3 sedã
e Jetta nacionais) e o 3-cilindros, também turboflex, para o Up! GT. Já o Gol
G6, previsto para 2017, usaria a mesma arquitetura MQB do futuro Polo e seria
modelo global, situado entre Up! e Polo. Possivelmente mantendo o nome Gol em
todos os mercados.
VERSÕES de topo do Etios sedã e hatch, batizadas
de Platinum, superaram algumas críticas sobre interior pouco requintado. Visual
melhorou, mas simplicidade excessiva ainda aparece nos detalhes. Exigiria um
novo painel que certamente só virá na segunda geração. Mecanicamente o carro é
muito bom e econômico (em especial o motor de 1,5 L), mas o de 1,3 vence por
pouco os atuais 1,0 L de três cilindros.
RECENTE regulamentação de segurança sobre cintos
de três pontos retráteis para todos os passageiros dos bancos de trás, com
cronograma de aplicação até 2020, deixou uma falha inadmissível. Permite-se
ainda vender um carro sem cintos retráteis para os dois passageiros das
extremidades do banco. Eles têm que ser regulados manualmente: convite para
deixar de usá-los.
FABRICANTES de rastreadores continuam a investir
em produtos complementares para incrementar a segurança contra furtos e roubos
de veículos. Agora é a vez da Pósitron de oferecer rastreamento associado ao
seguro cujo preço pode ser até 50% menor do que as apólices convencionais. O
seguro indeniza pela tabela FIPE cheia em caso de sinistro e obviamente sem
franquia.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário