Wagner Gonzalez |
Terminada a segunda das três
sessões de treinos livres, Barcelona mostrou que a Mercedes continua
dando as cartas na F-1 e promete mais, que a Ferrari dá sinais de viver uma
fase Fênix e Felipe Nasr mostrando que será o primeiro piloto da equipe. Nascar
abre temporada com vitória de Joey Logano (Ford Fusion) na Daytona 500 e trio
brasileiro Allam Khodair/Marcelo Hahn/Cristiano Hahn (Lamborghini) vence em
Homestead.
O passado está de volta
Anos atrás a equipe Brown, aproveitando a estrutura
comprada da Honda a troco de pão amanhecido, impressionou a todos pela
superioridade demonstrada nos testes de inverno; durante o ano dominou o
campeonato — vencido por Jenson Button —, e estraçalhou os críticos que juravam
de pés juntos e mãos atadas que tudo não passava de um bote para atrair
patrocinadores. Os patrocinadores jamais chegaram com os recursos que uma
equipe de ponta faz jus, mas a equipe simplesmente aniquilou a concorrência.
Na Red Bull, que segue com seu carro pintado no estilo
dos protótipos de teste das grandes fábricas de automóveis, Daniel Ricciardo
brilhou no segundo dia, mas a relação com a Renault ainda não s consolidou como
as partes esperavam. Já se fala até mesmo que a marca francesa estaria
considerando voltar a participar da F-1 com sua própria equipe como forma de
capitalizar melhor o investimento feito nos motores.
Completada a segunda rodada de treinos livres desta
temporada, a equipe Lotus se vê em situação semelhante à da Brown: Pastor
Maldonado (Posição final 3, 1:24.348) e Romain Grosjean (P1 1:24.067) lideraram,
respectivamente, duas e uma sessão de testes, com o francês emergindo como o
mais rápido de todos. O fato de ter usado pneus super macios deve ser encarado
em uma perspectiva mais realista quando comparado à marca de 1:24.321 que Nico
Rosberg (P2) registrou com seu Mercedes no mesmo dia, mas usando pneus médios.
Posto isto, a Lotus ainda precisa demonstrar seu real
índice de competitividade: essa diferença de equipamento pode ser traduzida por
algo entre 0,5 e 0,8 segundo por volta. Lewis Hamilton deu 201 voltas (quatro
voltas a mais que Rosberg), mas acabou mais lento que seu companheiro de equipe
(P9 – 1:24.923).
A economia ficou por aí: a equipe alemã foi a que mais
andou nesses quatro dias de Barcelona, completamente praticamente a distância
de sete GPs (2.076 km), apesar das faltas — abonadas com atestado médicos —, de
seus dois principais pilotos: Nico Rosberg sofreu as dores de um nervo
inflamado na quinta-feira e Lewis Hamilton experimentou uma gripe das mais
fortes. Sobrou para o piloto reserva Pascal Wehrlein, que parece ter ganho a
Mega Sena do fim de semana: no acerto de contas do aluguel dos motores
Mercedes, a Force India (1.415 km) aceitou Wehrlein como seu
piloto-reserva e o escalou para andar em Barcelona com o carro de 2014. Há rumores
que a situação econômica da equipe de Vijay Mallia é tenebrosa a ponto de
atrasar o cronograma desta temporada.
Como os dois titulares de Stuttgart estavam sem condições
de pilotar, o novato acabou vivenciando o privilégio de andar em dois chassis
diferentes, uma dádiva para qualquer piloto em início de carreira na F-1. No
final seu melhor tempo, pasme, foi com o Force India de 2014 (P19 – 1:27.333),
tempo 1”573 melhor que sua melhor marca com o carro 2015 da Mercedes. Os dois
pilotos oficiais da equipe cujas origens remontam à Jordan Grand Prix, ficaram
em P7 (Sérgio Pérez, 1:24.702) e P18 (Nico Hulkenberg, 1:26.591).
Se a Mercedes manteve o foco na durabilidade e acertos de
corrida, a Lotus mirou na velocidade e na promoção que isso gera, algo importante
em época de vacas magras e patrocínios esquálidos. De qualquer maneira, o fato
de ter completado 1.680 km mostra que o seu conjunto é infinitamente superior
ao de 2014 e que Romain Grosjean voltará a marcar importantes pontos ao longo
do ano. Quanto a Maldonado, é esperado que ele faça uma temporada menos
vibrantes, por assim dizer…
Segunda equipe em termos de distância percorrida (1.913
km), a Ferrari deu o recado de que a Scuderia está realmente mudando demasiado,
a ponto de Kimi Raikkonën (P5, 1:24.584) ter dado sorrisos e elogiado o novo
carro. Sebastian Vettel se concentrou em um programa diferente: (P16, 1:26.312)
ao contrário de Räikkonën, que andou com pneus macios, o alemão marcou seu
melhor tempo com pneus de composto médio, menos eficiente. Soube-se em
Barcelona que o ex-campeão mundial de aeromodelismo na categoria planadores, o
sul-africano Rory Byrne, voltou a colaborar com a equipe. A julgar pelo passado
de Byrne — um apaixonado pela caça submarina e destaque em todas as equipes que
ajudou a destacar —, pode-se dizer que o veterano engenheiro ainda tem muita
lenha para queimar.
Se Byrne se destaca pelos seus 71 anos (10/1/1944), a
Toro Rosso (1.894 km) é atração pelos dois novatos selecionados para pilotar
seus carros nesta temporada. O holandês Max Verstappen (30/9/1997) vai
completar 18 anos três dias após o GP do Japão, marcado para 27 de setembro e o
espanhol Carlos Sainz Jr (1/9/1994), não é muito mais velho… Verstappen, filho
de Jos — piloto que passou maus momentos quando seu Benetton pegou fogo quando
era reabastecido no GP da Alemanha de 1994 — tem mostrado bom ritmo e foi
o segundo mais rápido no treino de domingo quando marcou o seu melhor tempo da
rodada de testes, 1:24.739, suficiente para deixa-lo em P8 no resultado geral.
Encarando seu trabalho sob outra ótica e mais preocupado em ganhar confiança no
carro, Sainz Jr (P13, 1m25.604), bateu forte no domingo, vítima dos fortes
ventos que sopravam no Circuito de Catalunya, mesma causa oficial do acidente
com Fernando Alonso.
Felipe Massa, Valteri Bottas e a piloto-reserva Susie
Wolff dividiram o chassi FW37 da equipe Williams (1.894 km) e tiveram
agendas de trabalho específicas. Wolff (P22, 1:28.206) deu início aos trabalhos
e marcou seu dia de treinos de forma infeliz: recém-saída dos boxes, ela acabou
colidindo com Felipe Nasr, que vinha em uma volta rápida, encurtando
sobremaneira a atividade de ambos. No segundo dia Massa (P6, 1:24.672),
dedicou-se a trabalhar a acertos de corrida, enquanto Bottas ( P12, 1:25.345)
encarou um programa de durabilidade. Ambos se esmeraram em treinar paradas no
boxe, um ponto que já causou muitos dissabores à equipe de Grove, que percorreu
o total de 1.894 km neste teste.
Destaque no teste de Jerez, a Sauber (total de 1.390 km
rodados) optou por outra linha de trabalho, certamente ligada à programação da
Ferrari. O acidente de Nasr (P11, 1:24.956) e pequenos problemas mecânicos
atrapalharam tanto o brasileiro quanto o sueco Marcus Ericsson (P17 1:26.340),
que a cada sessão de treinos reforça que não deverá andar na frente do seu
companheiro de equipe.
Ainda com muitos problemas relativos ao motor Honda, a
McLaren (577 km) acabou sendo o destaque o acidente que envolveu Fernando
Alonso (P14, 1:25.961) por volta das 13 horas de domingo. Informações que o
espanhol teria desmaiado e, consequentemente perdido o controle do carro, foram
negadas pela equipe; a falta de imagens de vídeo da dinâmica do acidente
impediram que o assunto fosse esclarecido com maior segurança. Por medida de
precaução o piloto passou dois dias no Hospital Geral da Catalunha, em Saint
Cougat.
Ontem voltaram a circular suspeitas de que a causa do
acidente teria sido um problema iniciado com uma peça do sistema elétrico, que
teria explodido ou sido ejetado do seu ponto de fixação. Uma foto publicada
pelo diário espanhol Marca mostra uma área bastante escuro na lateral esquerda
do carro, exatamente no local onde em condições normais seria visto o logotipo
de um patrocinador. A descarga elétrica decorrente desse acidente teria causado
o comentado desmaio de Alonso. Cabe lembrar que Jenson Button (P20 1:28.182)
foi obrigado a interromper seu treino no sábado por causa de um retentor do
MGU-K, a unidade recuperadora de energia cinética.
Apontar a mudança de vento como causa de acidentes e
saídas de pista não é novidade na F-1. Nos tempos de Ayrton Senna a McLaren foi
obrigada a mudar o desenho do bico dianteiro após testes em Silverstone
deixarem claro que o chassi perdia muita estabilidade ao completar a curva
Copse, a primeira após a reta dos boxes. A melhor descrição da situação atual
da equipe saiu da boca de Button:
“Não teremos um bom carro na primeira corrida do ano, mas
na última certamente teremos um carro competitivo..”
Números de Barcelona
Posição/Piloto/Carro-Motor/Dia da melhor
volta/Tempo/Composto do Pneu
1) Romain Grosjean, Lotus E23-Mercedes, 4, 1:24.067/Super
Macio
2) Nico Rosberg, Mercedes W06, 4, 1:24.321, Médio
3) Pastor Maldonado, Lotus E23-Mercedes, 3, 1:24.348, Super Macio
4) Daniel Ricciardo, Red Bull RBR 011-Renault, 2, 1:24.574, Macio
5) Kimi Räikonnën, FerrariSF15-T, 2, 1:24.584, Macio
6) Felipe Massa, Williams FW37-Mercedes, 2, 1:24.672, Macio
7) Sérgio Pérez, Force India VJM07-Mercedes, 2, 1:24.702, Super Macio
8) Max Verstappen, Toro Rosso STR 010 Renault, 3, 1:24.739, Super Macio
9) Lewis Hamilton, Mercedes W06, 2, 1:24.923, Médio
10) Daniil Kvyat, Red Bull RBR 011-Renault, 4, 1:24.941, Macio
11) Felipe Nasr, Sauber 34-Ferrari, 4, 1:24.956, Super Macio
12) Valteri Bottas, Williams FW37-Mercedes, 4, 1:25.345, Macio
13) Carlos Sainz Jr, Toro Rosso STR010, Renault, 4, 1:25.604, Super Macio
14) Fernando Alonso, McLaren MP4/30-Honda, 3, 1:25.961, Macio
15) Jolyon Palmer, Lotus E23-Mercedes, 2, 1:26.280, Macio
16) Sebastian Vettel, Ferrari SF15-T, 4, 1:26.312, Médio
17) Marcus Ericsson, Sauber Ferrari, 3, 1:26.340, Macio
18) Nico Hulkenberg, Force India VJM07-Mercedes, 4, 1:26.591, Macio
19) Pascal Wehrlein, Force India VJM07-Mercedes, 3, 1:27.333, Médio
20) Jenson Button, McLaren MP4/30-Honda, 1, 1:28.182, Médio
21) Pascal Wehrlein, Mercedes W07, 1, 1:28.489, Duro
22) Susie Wolff, Williams FW37-Mercedes, 1, 1:28.906, Médio
Quilometragem percorrida por cada equipe
1) Mercedes, 520 voltas, 2.076 km
2) Infiniti Red Bull Racing, 414 voltas, 1.945 km
3) Scuderia Toro Rosso, 411 voltas, 1.913 km
4) Williams, 407 voltas, 1.894 km
5) Lotus, 361 voltas, 1.680 km
6) Ferrari, 345 voltas, 1.605 km
7) Sauber, 319 voltas, 1.480 km
8) Force India, 304 voltas, 1.415 km
9) McLaren, 124 voltas, 577 km
Penske e Logano vencem em
Daytona
Roger Penske e Joey Logano foram os grandes vencedores da
edição 2015 da 500 Milhas de Daytona, que terminou em bandeira amarela e cujas
voltas finais você
poder ver clicando aqui. Foi a segunda vitória de Penske e a primeira de
Logano na prova que abre, em grande estilo, a temporada da categoria mais
popular do automobilismo americano.
Brasileiros conquistam
Homestead 200
O trio formado por Allam Khodair, Marcelo e Christian
Hahn venceu a prova 200 Milhas de Homestead, que teve a participação de
inúmeros brasileiros. O trio da equipe Blau deveria marcar a estréia da
Lamborghini Gallardo R-EX, mas um acidente nos treinos forçou a utilização de
um carro-reserva, que estava preparado na especificação FL2, menos avançada. A
presença de vários pilotos e pessoal técnico do Brasil nessa prova denota uma
situação que aflige o esporte no Brasil; os custos mais reduzidos em relação aos
praticados no automobilismo e a falta de uma categoria similar são as causas
para tal situação.
Varela e Gugelmin na Rússia
A dupla Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin terminou em
quarto lugar o Baja Russia Northern Forest, prova de abertura do Campeonato
Mundial de Cross Country, encerrada domingo em Karelia. A dupla vencedora foi
formada pelos finlandeses Jouni-Matti Ampuja e Markku Antero Hurskainen,
que não estão inscritos no campeonato mundial. Com isso a classificação doa
prova para efeitos de contagem de pontos indicou como vencedores Tapio Suominen
e Toni Nasman, que tal como os brasileiros pilotaram uma Toyota Hilux da equipe
Overdrive.
WG
Nenhum comentário:
Postar um comentário