segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez

E a reforma continua
Duas semanas após o cancelamento da abertura da temporada da F-Indy, o governo do DF libera verba para terminar reforma do autódromos Ferrari e Sauber se destacam no primeiro treino da F-1 2015 e lista de inscritos do Mundial de Endurance tem três brasileiros



Após o cancelamento da prova de F-Indy ter acontecido de maneira quase surpreendente e muito decepcionante tudo indica que o Autódromo de Brasília não sucumbirá a políticas equivocadas e sanha imobiliárias No final da semana passada o Governo do Distrito Federal anunciou a “liberação de R$ $20.479.297,00 para reforço de dotação orçamentária consignada no vigente orçamento”. O montante deverá ser usado para garantir a continuidade das reformas iniciadas no Autódromo de Brasília, cujo asfalto jamais havia sido retificado desde a fundação do traçado, em 3 de fevereiro de 1974.  Você pode ver o estado do autódromo clicando aqui e aqui em vídeos postados no Blog do Jovino.

Se a F-Indy já riscou do calendário a etapa brasileira, tudo indica que o calendário de provas nacionais deverá ser respeitado e a primeira competição a acontecer no local deverá ser a segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Stock Car,  programação que inclui também provas das categorias Marcas e F-3, cujo certame começou no último fim de semana, em Curitiba. A liberação da verba e a execução de reformas necessárias no traçado brasiliense não deixa de ser uma boa notícia dentro do clima de insegurança e indefinição que assombra o automobilismo brasileiro. Já o Autódromo de Interlagos continua envolto em uma situação que deixa pilotos, equipes, preparadores e uma quantidade significativa de profissionais que vive do automobilismo em regime de apreensão. No calendário oficial da Federação de Automobilismo de São Paulo não havia nenhuma competição de “asfalto” (como a Fasp denomina as provas programadas para o circuito completo de Interlagos) marcadas para este ano além daquela realizada em janeiro passado.



F-1
Mal acabou de mudar seu regulamento referente ao trem de força, a F-1 já fala de boca cheia que nova alteração radical está em jogo. Desta vez seria a substituição das atuais unidades de potencia (conjunto formado pelo motor de combustão interna e unidades recuperadoras de energia cinética e térmica) por outra que englobe motores V8 biturbo capazes de produzir 1.000 cv. A idéia inclui  automóveis com soluções mais radicais, seja lá o que isso signifique para as cabeças pensantes da categoria e a Ferrari, equipe que apresentou a proposta rejeitada solenemente pela Mercedes e pela Honda, que ameaçaram se retirar da F-1 caso a ideia fosse adiante. Uma redução de custos pode ser incluída em um pacote previsto para entrar em vigor em 2018; alterar o fluxo de combustível (atualmente em 100 kg/h) e outros ajustes eletrônicos parece ser o caminho a  ser seguido.

Ferrari liderou em Jerez
Os dois pilotos da Ferrari, Kimi Raikkonen e Sebastian Vettel, ficaram com os dois melhores tempos ao final dos quatro dias de testes que a F-1 realizou em Jerez de la Frontera, na Espanha.  Os dois marcaram esses tempos com pneus de composto médio, o que valoriza o resultado, ainda que tais eventos de inicio de temporada devam ser saboreados como uma boa canja, daquelas temperadas com boas pitadas de precaução, ainda que permita ver alguma luz no túnel que dá acesso ao paddock andaluz.

Para usar o jargão típico do economês, a melhor volta dos quatro dias de testes em  Jerez 2015 (Vettel, 1m20s841), mostra uma evolução sensível com relação ao resultado obtido no mesmo período em 2014 (Kevin Magnussen, 1m23s276). No quesito quilometragem também se nota melhora considerável: 2294 voltas completadas por oito equipes, contra 1470 registradas por 11 equipes em 2014.

Falando dos líderes: para a Scuderia era vital conseguir um bom resultado nesse início de temporada: a Ferrari será cada vez mais um instrumento para alavancar vendas e ações da FCA, a nova sigla do grupo formado pela Fiat, Chrysler e suas demais marcas, entre elas a Alfa Romeo, agora marcando presença na carenagem do motor, como alguns leitores da coluna notaram na edição de 2 de fevereiro. Sergio Marchionne, atual bam-bam-bam da FCA, faz o gênero consagrado por Steve Jobs e Carlos Ghosn, executivos racionais ao máximo e sentimentais ao mínimo. Esquecer que Raikkonen foi mais rápido que Vettel, jamais! Mas sossegue a periquita porque o Iceman marcou seu tempo com pneus macios e o Tião com pneus médios...

Como que dar mais corpo ao tempero modenense desta degustação da temporada de 2015 vale ressaltar o trabalho da equipe Sauber, agora a única equipe a compartilhar o V6 de Maranello. Felipe Nasr marcou seu melhor tempo (1m21s545) com pneus macios, isto é fato, mas soube aproveitar sua estreia junto aos suíços para acumular quilometragem e habituar-se à metodologia de trabalho do time de Hinwill, sem dúvida distinta do que conheceu na Williams, reflexo das diferenças de orçamento e experiência entre ambas. Igualmente importante, o brasileiro foi mais rápido que seu companheiro de equipe, o sueco Marcus Ericsson (1m22s019), que já tem mais experiência na categoria.

No pelotão tudesco, o piloto doméstico foi o mais rápido: foi nas mãos de Nico Rosberg e no chassi W06 que o motor Mercedes conseguiu seu melhor resultado (1m21s982). Rosberg e seu inimigo de equipe Lewis Hamilton foram os que mais andaram (308 e 206 voltas, respectivamente), sendo que o inglês foi ligeiramente mais lento (1m22s172), ambos fazendo testes de durabilidade e enfrentando alguns contratempos técnicos.  Felipe Massa (1m22s276) e Valteri Bottas (1m22s319), reeditaram o equilíbrio mostrado na temporada passada, o que permite esperar por uma revanche do brasileiro sobre o finlandês no que diz respeito a pontos marcados no final da temporada. Terceira e última equipe com carros impulsionados pelo V6 alemão (a Force India talvez participe do segundo teste de Barcelona), a Lotus ficou menos ofuscada nas mãos de Pastor Maldonado (1m22s713) do que sob comando de Roman Grosjean (1m23s802), mas diga-se que o venezuelano andou bem mais (137 voltas) do que o francês (53), consequência dos probleminhas típicos que um carro novo em uma equipe com orçamento limitado apresenta.

Na brigada Renault, que praticamente construiu um novo motor e reformulou profundamente o organograma da Renault Sport F1, o número maior de voltas dos carros da Toro Rosso (Verstappen, 170 e Sainz, 182) e da Red Bull (Ricciardo, 83 e Kvyat,, 80) indicam que as unidades de potencia entregues à primeira era menos inovadora e mais confiável, ao contrário do que aconteceu com a segunda, que teve à disposição a versão com subsistemas de última geração.

O traumático papel desempenhado pela Red Bull na temporada passada desta vez coube à McLaren, que estreia o novo motor Honda. “Tivemos muitas dificuldades neste teste,” declarou o líder de Motorsport da Honda, Yasuhiso Arai. “Mas vamos resolver tudo para os testes de Barcelona.” A comprovar a partir do dia 19, quando acontecem mais quatro dias de treinos no circuito catalão.

Os tempos de Jerez

1) Kimi Räikkönen (FIN), FerrariF15-T 1m20s841 (198 voltas)                                  
2) Sebastian Vettel (ALE), Ferrari F15-T 1m20s984 (149)                               
3) Felipe Nasr (BRA), Sauber C34-Ferrari, 1m21s545 (196)                
4) Nico Rosberg (ALE/Mercedes W06) 1m21s982 (308)                                 
5) Marcus Ericsson (SUE/Sauber C34-Ferrari) 1m22s019 (185)                    
6) Lewis Hamilton (GBR/Mercedes W06) 1m22s172 (206)                 
7) Felipe Massa (BRE/Williams FW 37-Mercedes) 1m22s276 (144)  
8) Valteri Bottas (FIN/Williams FW 37-Mercedes) 1m22s319 (134)  
9) Max Verstappen (HOL/Toro Rosso STR 10-Renault) 1m22s553 (170)      
10) Pastor Maldonado (VEN/Lotus E 23-Mercedes) 1m22s713 (137)           
11) Carlos Sainz Jr (ESP/Toro Rosso STR 10-Renault) 1m23s187 (182)        
12) Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull RB 11-Renault) 1m23s338 (83) 
13) Romain Grosjean (FRA/Lotus E 23-Mercedes) 1m23s802 (53)    
14) Daniil Kvyat (RUS/Red Bull RB 11-Renault) 1m23s975 (80)                    
15) Jenson Button (GBR/McLaren MP4/30-Honda) 1m27s660 (41)  
16) Fernando Alonso (ESP/McLaren MP4/30-Honda) 1m35s553 (38)                     

Manor/Marussia fica sem luz no fim do túnel

Dona de um recebível de aproximadamente U$35 milhões, graças aos pontos marcados por Julien Bianchi no GP de Mônaco de 2014, a equipe Manor (nova denominação da Marussia) tenta de todas as maneiras disputar a temporada de 2015 mesmo sem ter carro, casa ou roupa lavada. Um dos últimos suspiros registrados em seu eletrocardiograma foi tentar disputar o campeonato deste ano com os carros do ano passado, excesso de otimismo que não comoveu ninguém. A última cartada seria não disputar as três primeiras corridas do ano e preparar um modelo novo para começar a temporada na quarta etapa, o GP  do Bahrein, dia 19 de abril. Não é aconselhável apostar que isso aconteça.

Endurance tem 35 carros inscritos e três pilotos brasileiros

A liberdade de desenvolver novas tecnologias e a relativa facilidade em repassar o desenvolvimento desses novos produtos para a produção em alta escala tem levado mais e mais fabricantes a investir no Campeonato Mundial de Resistência, o World Endurance Championship (WEC). Da lista de inscritos divulgada pela Federação Internacional do Automóvel (FIA)na semana passada constam nada menos de 35 carros inscritos, incluindo 11 modelos da classe LMP1 e 10 da LMP2, que englobam carros de competição. Sete modelos Pro e outro tanto na classe Am completam a lista.

Três brasileiros foram confirmados para disputar o campeonato:  Lucas Di Grassi (vai dividir o Audi #8 com Löic Duval e Oliver Jarvis), Piro Derani (completa a tripulação do Ligier Nissan da equipe G-Drive com o mexicano Rodolfo Gonzalez e o colombiano Gustavo Yacamán) e Fernando Rees, cujos companheiros de equipe para o Aston Martin #99 ainda não foram definidos.

Em 2015 o Brasil deixa de fazer parte do calendário, que tem as seguintes etapas:

27/28 de março: Treino livre em Paul Ricard
12 de abril: 6 Horas de Silverstone
2 de maio: 6 Horas de Spa-Francorchamps
31 de maio: Treino oficial em Le Mans
13/14 de junho: 24 Horas e Le Mans
30 de agosto: 6 Horas de Nürburgring
19 de setembro: 6 Horas do Circuito das Américas
11 de outubro: 6 Horas de Fuji
1o de novembro: 6 Horas de Shanghai
21 de novembro: 6 Horas de Bahrain

Le Mans anuncia lista de inscritos
O Automóvel Clube do Oeste, organizador e promotor das 24 Horas de Le Mans, anunciou na semana passada a lista de inscritos para a corrida deste ano. O pôster oficial da prova destaca o Nissan GTR-LM Nismo, um dos principais inscritos na categoria mais importante e que inclui os Toyota TS 040, Audi R18 E-Tron, Porsche 919 (todos de propulsão híbrida), os Rebellion R-One e o CLM P1/01.

Villeneuve de volta
A Stock Car, que no último fim de semana fez dois dias de treinos livres no autódromo de Curitiba, já movimenta o mercado internacional de pilotos. O canadense Jacques Villeneuve, campeão mundial de F-1 de 1997, será o parceiro de Ricardo Zonta na prova de abertura da temporada, dia 14 de março em Goiânia. Os dois foram companheiros de equipe na F-1 em 1999 e 2000, quando defendiam a equipe BAR.

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