Alta Roda nº 736/87 – 06/06/2013 |
Fernando Calmon |
No
mundo, hoje, circulam mais de um bilhão de veículos leves e pesados, sem
incluir motocicletas. Antes do final da década a frota atingirá 1,4 bilhão e
quase todo esse crescimento virá de países emergentes. É uma tendência que não
reverterá tão cedo. Afinal, a densidade de motorização – medida em número de
habitantes por veículo – nesses países ainda está muito distante dos chamados
desenvolvidos.
Essa conta, claro, deve ser feita a partir de números da frota real. Como já
comentado nessa coluna, as estatísticas do Denatran consideram que os veículos
só recebem certidões de nascimento, no caso Renavam (Registro Nacional de
Veículos Automotores). Não há certidões de óbito e então existiria uma frota
fantasma 35% maior que a efetiva.
No ano passado, a densidade de motorização no Brasil atingiu algo como 5,5
habitantes por veículos (h/v), ao se considerar a frota real. Esse índice é de
4 hab./veic. na Argentina e 3,5, no México. Ainda estamos muito longe dos EUA
(1,2 h/v) e de países da Europa ocidental (média de 1,5 h/v).
Essas distorções estatísticas levam a equívocos, quando se fala de trânsito. Em
São Paulo, por exemplo, é muito comum afirmações de que a cidade está sufocada
por mais de sete milhões de automóveis, quando na realidade esse número teórico
(registros Renavam) incluem motocicletas, utilitários, caminhões e ônibus.
Por outro lado, a empresa que faz as inspeções ambientais na capital paulista
registrou 3,5 milhões de veículos. Mesmo com evasão exagerada de 25%, a frota
real seria de 4,5 milhões de veículos. Se incluídas 300.000 motos, ainda se
estaria distante dos sete milhões.
São Paulo mostra densidade em torno de 2,5 h/v, o dobro do País. Mal servida
por transportes públicos e a menor rede de metrô do mundo, em proporção à
população, o trânsito, de fato, é dos piores. Resultou na adoção de rodízio de
veículos por final de placa no centro expandido (minianel de uns 100
quilômetros de extensão periférica).
Tal rodízio, divididos em dois períodos de três horas, é uma solução torta,
inclusive por seu traçado. Mais eficiente seria o pedágio urbano, aplicado em
quatro cidades do mundo. A improvisação em matéria de engenharia de trânsito
leva, de tempos em tempos, a se cogitar de incluir outros trechos, o que traria
mais confusões do que benefícios ao atrair mais carros para esses corredores.
A cidade também diminuiu a velocidade máxima em várias avenidas, o que limitou
sua capacidade de escoamento, algo sem sentido. Agora, ameaça utilizar radares
para multar motoristas pela média de velocidade (ilegal pelo Código de Trânsito
Brasileiro). Ou seja, os carros rodariam ainda mais devagar pelo temor da
multa, em prejuízo do fluxo.
Entretanto, um arroubo de bom senso pode brilhar em São Paulo e reproduzível em
várias outras cidades brasileiras que rumam para os nós no trânsito. Trata-se
de uso de tecnologia moderna e conhecida, simplesmente ignorada até agora.
Plano é formar uma rede de fibra ótica de 1.000 quilômetros que interligaria
1.000 câmeras de monitoramento, 3.000 cruzamentos com semáforos inteligentes,
150 painéis de mensagens eletrônicas e 5 centros de controle de tráfego de
área. Essas informações em tempo real estariam disponíveis também em sites,
aplicativos de internet, programas de navegação em celulares inteligentes e
centrais multimídias dos veículos.
Orçado em R$ 300 milhões, uma ninharia perto das vantagens, e se todo
implantado, seria um programa muito mais eficiente do que qualquer rodízio e
outras improvisações.
RODA VIVA
MODELO que a Ford lançará no início de 2014
para substituir o atual Ka, será pequeno mas não um subcompacto como o futuro
Ka europeu. Carro a ser produzido em Camaçari (BA) terá pouco a ver com o
homônimo europeu, além do motor de 3 cilindros. Aqui haverá versões hatch e
sedã, como compactos-padrão, porém menores que o Fiesta.
TOYOTA prepara sedã intermediário
entre Etios e Corolla para dar combate direto ao Honda City. Lá fora há o Vios,
mas este divide arquitetura com o Yaris, caro para ser produzido aqui. Tudo
indica que será mais um compacto anabolizado, a partir do Etios sedã esticado e
nova carroceria que lembra o Vios. Mesma fórmula do próprio City, Grand Siena,
Cobalt e Linea.
AUDI R8 V10 Plus (preço estimado, R$ 800
mil) traz a tradicional fórmula de mais potência (25 cv) e menos peso (alívio
de 50 kg). Parte melhor desempenho vem da nova caixa de câmbio automatizada de
duas embreagens e sete marchas. Curiosamente, não possui trava para estacionar
(posição P). Mas o controle de arrancada é para valer: qualquer um faz 0 a 100
km/h em 3,5 s.
REJUVENESCIMENTO de
linhas, em conformidade com o estilo de Gol e Voyage, traz novo fôlego à picape
Saveiro. Unificação da arquitetura eletrônica e equipamento moderno de áudio
trazem sensações agradáveis no dia a dia. Versão Cross tem apêndices na dose
certa. Suspensões quase ignoram buracos e lombadas, um ponto alto do modelo.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967,
engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas
automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda
começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e
revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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