Alta Roda nº 769/119– 30/01/2014 |
Fernando Calmon |
Janeiro concentrou acontecimentos no
universo automobilístico como faz tempo não se via. Há uma coincidência
fortuita, claro, mas entre as cinco medidas que começaram a valer, duas já
sofreram adiamento e outra enfrentou uma tentativa. Seria trágico, se não desse
vontade de rir: esse é o país em que o provisório tende a ser definitivo e o
definitivo pode muito bem descambar para o provisório por meios de sucessivas postergações
e/ou correções. Vamos repassar.
1) A lei que criou a obrigatoriedade dos
freios ABS e bolsas de ar frontais correu risco de ser empurrada para a frente.
Primeiro se cogitou de todos os modelos e depois de abrir exceção só para a
Kombi. Bom senso prevaleceu graças à reação da opinião pública, apesar de momentos
festivos de final de ano. Desta nos livramos. Modelos produzidos até 31 de
dezembro de 2013 poderão ser vendidos até o final dos estoques, sem data
definida. É improvável que ao final de fevereiro ainda existam unidades à
venda. O governo não se mexeu para criar um cronograma adicional que estabeleça
testes de colisões laterais, contra poste e simulação de choque traseiro.
2) Simulador de direção nas autoescolas,
sem dúvida, é uma boa ideia. Facilita o aprendizado do aluno e aumenta a
segurança no trânsito porque aulas práticas não conseguem reproduzir todas as condições
de risco no dia a dia. A lei é de junho de 2013 e implantação prevista até 31
de dezembro do ano passado. Resultado mais do que previsível: apenas cinco
Estados regulamentaram o sistema. E São Paulo, o maior da Federação, acaba de
pedir adiamento por 90 dias. Os argumentos da maioria, todos inválidos, vão
desde o “acúmulo” de pedidos nos fornecedores até o aumento de 20% na despesa
dos alunos.
3) Pela quarta vez se adiou a instalação
obrigatória na linha de montagem de rastreadores veiculares. Novamente o
sistema não mostrou confiabilidade. Essa foi uma má ideia porque os problemas
nas grandes cidades são diferentes no interior do País e todos os veículos ficam
onerados da mesma forma. Tal equipamento deveria, quando muito, ser opcional.
Existe, ainda, um programa paralelo de etiqueta digital para fiscalizar
pagamento de impostos e multas. Mais barato, abrange toda a frota circulante em
pouco tempo, ajudando no combate a furto e roubo.
4) Primeira tentativa séria de regulamentar
os desmanches de carros foi feita pelo governo de São Paulo. Trata-se de uma
medida bem mais eficaz para desestimular a criminalidade. Prevê cadastramento
das empresas, acompanhamento pela internet, novas exigências de rastreamento
das peças e proíbe seu repasse para comercialização por terceiros. Componentes
de segurança como freios, sistemas eletrônicos (ABS e outros) e módulos ou
sensores de airbags não poderão ser vendidos.
5) Multas por videomonitoramento. Está aí
uma novidade sem o menor risco de ser adiada. Publicada em 23 de dezembro do
ano passado, autoriza o agente de trânsito a multar por meio de telas que
recebem imagens de câmeras nas estradas e ruas. Única concessão: placas que
avisam sobre vigilância na via. Imagens não podem ser gravadas e a
possibilidade de erro de leitura não se deve desprezar.
RODA
VIVA
CONTINUAM especulações sobre
o preço da versão de entrada do VW up!, substituto do Gol G4, mas de dimensões
externas menores. O carro, um dos principais lançamentos do ano, estará à venda
em fevereiro. Agora já se sabe que custará menos de R$ 27.000. Mais ousados
preveem a faixa de R$ 25.000. Último preço de tabela do Gol antigo/4-portas: R$
27.810.
PRIMEIRO sedã da
Mercedes-Benz abaixo do Classe C, o CLA herdou as linhas do CLS, um belo sedã-cupê.
Modelo está indo bem em vendas no exterior, vendido em média a 10% menos do que
o “C”. Aqui, a série inicial custa R$ 150.500 e terá de enfrentar, além do A3
sedã, o próprio Classe C (com preço de mudança de linha) e outros. Pelo estilo
conquistará fãs.
MOTOR turbo de 156 cv do
CLA, abaixo dos padrões da marca, não chega a decepcionar. Aerodinâmica excelente
(Cx 0,23), comportamento em curvas irrepreensível e acabamento são pontos
altos. Tela multimídia (com GPS, sem toque tátil) e faróis bixenônio contrastam
com ausência de função digital (automática) do ar-condicionado, do banco
elétrico e de sensores traseiros.
GEELY, sétima marca de
automóveis chineses no Brasil, começa com o sedã médio-compacto EC7, em março.
Preço (completo) na faixa combativa dos R$ 50.000, para tentar incomodar Civic,
Corolla, C4, Focus e 408 entre outros. A marca, dona da sueca Volvo, não
esconde que pretende se associar ao Grupo Gandini (40% do capital) para
construir fábrica no País.
PERFIL
Fernando
Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga
também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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