Alta Roda nº 766/116– 09/01/2014 |
Fernando Calmon |
Ofuscada sobre a celeuma
irresponsável sobre a (quase) continuidade por mais dois anos de produção de
modelos sem airbags e ABS de série, uma ótima notícia passou praticamente
despercebida. Desde 1º de janeiro último
toda a gasolina comercializada no Brasil terá teor de enxofre de apenas 50 ppm
(partes por milhão) ou S-50.Antes a especificação da ANP (Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) era de absurdas 800 ppm, embora a
Petrobras já viesse reduzindo bastante essa carga ao longo dos anos.
Ajudou a mistura com etanol que tem zero de enxofre.
Os benefícios atingem motores futuros, com tecnologias avançadas (injeção direta estratificada, por exemplo, diminui consumo) e os atuais. Nestes haverá redução de depósitos e contaminação do óleo, diminuição de poluentes, além de menor teor de aromáticos e olefínicos.Por fim, a gasolina S-50 é menos sujeita à oxidação e à consequente formação de goma e seus depósitos indesejáveis. Oxidação, fenômeno natural de envelhecimento do combustível, pode ser retardada em no mínimo três vezes (de três meses para nove meses ou mais).
Desentendimento inacreditável entre ANP e Petrobras adiou por 18 meses (até julho de 2015) a aditivação obrigatória de toda a nova gasolina, hoje opcional. A Agência quer adição feita nas refinarias (monopólio da estatal) e a empresa desejava empurrar para as distribuidoras. Como a regulamentação é de 2009, dá para ver mais uma vez como o governo federal administra mal suas próprias decisões.Graças a essa gasolina de maior qualidade as operações (desnecessárias na maioria das vezes) de limpeza de válvulas injetoras e corpo de borboleta perderão o sentido. Era hora também de pelo menos dois fabricantes, Ford e VW, cancelarem a discutível troca de óleo do motor a cada seis meses. Trata-se de desperdício financeiro para os motoristas, com reflexos ambientais. Assim, o combustível fóssil se alinha às melhores especificações mundiais, embora alguns países já ofereçam a S-10 – 10 ppm de enxofre (no Brasil só a gasolina Podium, da Petrobras).
Por outro lado não se cogita de incentivar o aumento de eficiência energética no uso de etanol em motores flex. Estudo interessante foi apresentado em recente seminário do Instituto Nacional de Eficiência Energética. Entre 1983, quando se criou o primeiro programa de economia de combustível, e 2013 o consumo médio de gasolina dos motores dos quatro maiores fabricantes evoluiu 21% e o de etanol, apenas 7%. A comparação em MJ/km, mais adequada por compensar a diferença de conteúdo energético entre os dois combustíveis, mostrou que a média atual favorece em 1,5% o uso de gasolina nos motores flex. Como se trata de média há motores melhores e piores, quanto a esse indicador.
No programa Inovar-Auto, cujo maior mérito é impor menor consumo, erroneamente não há distinção das metas entre os dois combustíveis. Já se sabe que tecnologias como injeção direta e turbocompressor são favoráveis ao etanol em motores flex. Isso acaba de se comprovar na unidade turboflex do BMW 320i. Embora sem fornecer dados de consumo, a fábrica estima que bastam 25% de diferença no preço dos postos para garantir menor custo/km ao rodar com etanol.
RODA VIVA
BARREIRA mágica de quatro milhões em vendas anuais de
veículos não se atingiu em 2013 e nem se prevê este ano. Em relação a 2012
houve queda de 0,9% (veículos leves e pesados somados). As 3,76 milhões de
unidades (nacionais e importadas) interromperam a trajetória de nove anos de
licenciamentos recordes. Anfavea espera que o mercado cresça só 1,1% em 2014.
PELO menos em 2013 foram dois recordes. Produção cresceu 9,9%, para 3,74 milhões de unidades, graças à substituição de produtos importados e ao grande salto de 26,5% nas exportações (563.000 unidades). Mercado externo ainda está longe das 900.000 unidades de 2005. Mas em valores (US$ 16,5 bilhões), novo recorde, graças às autopeças e máquinas agrícolas.
AGORA que a Fiat adquiriu controle de 100% da Chrysler abre-se caminho para a completa fusão. A empresa americana, hoje, é lucrativa graças à rápida recuperação do seu mercado interno. O grupo italiano ainda é deficitário, mas passa a ter acesso total ao caixa da Chrysler. Grande alívio para a Fiat, que poderá depender menos de resultados no Brasil.
CARLOS GHOSN, principal executivo da aliança Renault-Nissan, veio ao Brasil para anunciar produção de motores Nissan na nova fábrica do March/Versa, em Resende (RJ), a inaugurar em abril próximo. Essa coluna antecipara a informação há mais de um ano. Produção, por enquanto, será apenas do motor de 1,6 litro; o de 1 litro continuará vindo da Renault.
FINALMENTE garantia total de três anos começa a ser regra no Brasil. VW anunciou ampliação (antes limitada a motor/câmbio) aos veículos produzidos aqui. Ficaram de fora apenas Saveiro (veículo comercial) e modelos que saíram de linha (Gol G4 e Kombi) ou estão saindo em 2014 (Golf antigo e Polo). Outras marcas terão que acompanhar.
PELO menos em 2013 foram dois recordes. Produção cresceu 9,9%, para 3,74 milhões de unidades, graças à substituição de produtos importados e ao grande salto de 26,5% nas exportações (563.000 unidades). Mercado externo ainda está longe das 900.000 unidades de 2005. Mas em valores (US$ 16,5 bilhões), novo recorde, graças às autopeças e máquinas agrícolas.
AGORA que a Fiat adquiriu controle de 100% da Chrysler abre-se caminho para a completa fusão. A empresa americana, hoje, é lucrativa graças à rápida recuperação do seu mercado interno. O grupo italiano ainda é deficitário, mas passa a ter acesso total ao caixa da Chrysler. Grande alívio para a Fiat, que poderá depender menos de resultados no Brasil.
CARLOS GHOSN, principal executivo da aliança Renault-Nissan, veio ao Brasil para anunciar produção de motores Nissan na nova fábrica do March/Versa, em Resende (RJ), a inaugurar em abril próximo. Essa coluna antecipara a informação há mais de um ano. Produção, por enquanto, será apenas do motor de 1,6 litro; o de 1 litro continuará vindo da Renault.
FINALMENTE garantia total de três anos começa a ser regra no Brasil. VW anunciou ampliação (antes limitada a motor/câmbio) aos veículos produzidos aqui. Ficaram de fora apenas Saveiro (veículo comercial) e modelos que saíram de linha (Gol G4 e Kombi) ou estão saindo em 2014 (Golf antigo e Polo). Outras marcas terão que acompanhar.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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