Alta Roda nº 765/115– 03/01/2014 |
Cada vez mais, novos modelos importados
trazem de série o sistema start-stop
(desliga-liga) que interrompe o funcionamento do motor quando o carro para.
Basta levantar o pé do freio, em carros automáticos, ou acionar o pedal da
embreagem, nos equipados com caixa de câmbio manual, para que o motor dê
partida. Tal recurso permite economizar combustível e, nos casos de
congestionamentos, pode significar entre 8% e 12% de alívio no bolso do
motorista, nessas condições específicas.Start-stop
começou nos automóveis caros. Graças ao aumento de escala de produção e à
necessidade de todos os fabricantes, por legislações internacionais, diminuir o
consumo de combustível – e por consequência emissão de CO2 – já
equipa mais de cinco milhões de veículos novos produzidos por ano. Tendência é
de chegar a 40 milhões/ano em 2020.
Golf VII, por ora importado da Alemanha e
depois nacionalizado, é o primeiro a oferecer esse recurso de série ao mercado
brasileiro, entre modelos na faixa de R$ 60.000/70.000. Logo surgiram dúvidas
se, em dias de calor (como promete este verão) e congestionamento, diminuiria o
conforto dos ocupantes ao cortar o ar-condicionado. Todo start-stop pode ser anulado por botão no painel e o próprio sistema
se autoprograma para não desligar o motor, no caso de carga insuficiente na
bateria.
Fabricantes do equipamento afirmam que, na
maioria dos casos, o carro não fica parado por mais de 15 segundos, em média.
Assim, o conforto térmico seria pouco prejudicado. Em países de clima realmente
quente, como o Brasil, o desliga-liga talvez não traga tanta vantagem como nos
do Hemisfério Norte, afastados da linha do Equador.
A fim de mitigar bastante esse problema, a
Delphi espera fornecer, já em 2014, uma solução acessível que permita poupar
combustível sem comprometer a temperatura do habitáculo. Será mais barato e
menos complexo do que um motor elétrico à parte, só para o ar-condicionado.
Alguns minivans europeus já dispõem desse recurso.
Foi desenvolvido um novo evaporador
(componente que resfriar o ar), com reservatório à parte, fabricado em Material
de Fase Mutável (PCM, em inglês). Quando o compressor para de funcionar, o PCM
se derrete ou se liquefaz, retirando calor das tubulações para manter a
temperatura interna previamente ajustada, por exemplo, a 20° C. Funciona por um
a dois minutos e volta a se solidificar, quando o motor do veículo aciona de
novo o compressor e o ar é resfriado.Todo o novo conjunto adiciona poucos
componentes aos evaporadores atuais. Cria efeito de termossifão com o gás
refrigerante já em circulação no sistema, sem partes móveis e simplificando a
instalação. Há várias famílias de materiais com propriedades mutáveis e
reversíveis. A empresa selecionou PCM feito à base de parafina por sua
robustez, propriedades térmicas e confiabilidade em longo prazo.
Sistemas de ar-condicionado atuais aumentam
o consumo de combustível em cerca de 5%. Este novo equipamento reduz a perda em
50%. Novo avanço está previsto para 2016: direcionar o fluxo de ar para partes
do corpo dos ocupantes mais sensíveis à temperatura. Conforto térmico seria
atingido sem a necessidade aquecer ou resfriar o volume completo da cabine.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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