Wagner Gonzalez |
Desde o ano
passado muita água rolou em torno das represas que circundam Interlagos e que
fazem conhecido locutor tupiniquim mencioná-las a cada transmissão do GP do
Brasil. Se é líquido e certo que a pérola “eles não sabem, mas a chuva vem da
rrrepreesa…” soará novamente em indefensáveis ouvidos de telespectadores, não
se pode dizer o mesmo sobre a famigerada reforma no mais tradicional autódromo
brasileiro. Já anunciada e garantida pela atual administração municipal, as
alterações e atualizações necessárias para atender aos caprichos da F-1 parecem
sofrer de descaso tanto quanto a população paulistana nesta fase de projetos
macro – nas consequências caóticas que acarretam – e soluções micro, tais quais
singelas pinturas de faixas a determinar espaço exclusivo para o transporte
público.
O projeto
anunciado pela Prefeitura e pela SPTuris em meados do ano passado anunciava a
construção de novos boxes e padock ao longo da antiga reta oposta e atual
retão, pouco antes da curva Chico Landi; informações oficiosas indicavam
investimentos de aproximadamente R$400 milhões. A proposta agradou Bernie
Ecclestone e um novo contrato para realizar o GP do Brasil por mais alguns
anos, mas no País da Copa Padrão Fifa o valor foi reduzido à metade, o projeto
alterado para uma reforma completa no padock atual e parte desse dinheiro já
teria sido usado para as reformas necessárias à realzação do GP de 2013.
Enquanto isso dirigentes paulistas tentam decifrar nas entrelinhas dos bastidores
políticos detalhes de um cenário famigerado. Como a SPTuris é tacitamente
entregue ao PSD (partido do antigo prefeito Gilberto Kassab), o rompimento
deste com o sucessor Fernando Haddad (PT), criou uma situação onde todo o
processo ficou parado. Consta que a SPTuris deverá ser encampada e substituída
por uma nova secretaria municipal, provavelmente uma manobra onde o novo cargo
criado garantirá apoio em palanques vindouros.
Entra recesso,
acaba recesso, ninguém conseguiu se entender sobre a reforma e sobre os rumos
da edilidade paulistana; somente hoje as autoridades municipais recomeçam a
tratar do assunto. Quem conhece os secretos e, portanto talvez intrincados,
meandros da política arrisca-se a dizer que uma definição sobre o início e
abrangência das obras somente será conhecido só depois que o carnaval chegar… e
partir. O máximo que se permite nesta segunda semana do ano é saber que até
junho o automobilismo paulista terá seu principal autódromo disponível, fato
corroborado pelo calendário de pista publicado no site da Federação de
Automobilismo de São Paulo (www.faspnet.com.br): cinco etapas dias 19/1, 16/2. 16/3,
27/4 22/6. Depois disso apenas o GP do Brasil de F-1 (em novembro) e a
final do certame brasileiro de stock car (dezembro). Para o presidente da FASP,
José Aloisio Bastos, “esta situação impede qualquer planejamento mais
detalhado”.
Apesar de tudo,
o programa deste fim de semana mostra o potencial do esporte em Sâo Paulo e vai
reunir provas das categorias Classic Cup, Força-Livre, F-3, F-Vee/F-1600,
Históricos V8, Marcas e Pilotos, Speed 1600 e Turismo N. O maior grid é o que
reúne os pequenos sedãs da Marcas e Pilotos. Por outro lado, a F-Vee passa por
um momento de reestruturação: um racha entre seus participantes levou os
dirigentes paulistas a aceitar uma divisão na classe, que atende por F-1600.
Mais detalhes sobre a programação do fim de semana em Interlagos você encontra clicando aqui.
Entrada
tardia da Honda já faz marola
O Renault RS 01, primeiro turbo da era moderna (Foto Renault) |
Já faz algum
tempo que a FIA homologou as mudanças para o regulamento da F-1 para 2014 e já
faz quase tanto tempo que a Honda anunciou que retornaria à categoria em 2015.
Arrancadas algumas páginas dos calendários, as marcas que vão disputar a
temporada deste ano – Ferrari, Mercedes e Renault -, já reclamam de
possíveis vantagens que a marca nipônica poderá desfrutar graças ao seu
desembarque tardio. Entre os que já deram conhecimento dessa causa está o
italiano Stefano Domenicali, da Ferrari, que declarou ao jornalista belga
Steven De Groote:
“Já conversamos
com outros fabricantes de motores a respeito do assunto porém não há nada que
possamos fazer. A Honda ainda não está inscrita oficialmente no Mundial de F-1
e alguma atitude restritiva poderia afetar outras marcar interessadas em entrar
na categoria.”
Aperte a tecla/opção “FF” para 35 anos mais tarde e muita
gente que remou contra a Renault naquela época agora renega o que fez frente à
Honda. Só que desta vez terão que engolir seco uma situação nada interessante e
motivos nada saborosos: a partir de 28 de fevereiro a especificação dos atuais
motores será congelada até a temporada do ano que vem. Isso permitirá que a
Honda poderá desenvolver seus motores com base em informações adquiridas
durante as corridas e nos encontros de fabricantes de motores com a FIA. Desta
forma será possível resolver problemas que os rivais enfrentarão e, finalmente,
começar 2015 com um motor já desenvolvido para os coletores de admissão de
comprimento variável, certamente uma das poucas alterações a serem permitidas
aos motores usados este ano. À praticidade de desenvolver o motor sem a mesma
pressão que seus concorrentes os nipônicos também economizarão bastante ao
desenvolver, de cara, a segunda geração dos novos motores turbo da F-1.
Ferrari de Froilán González vai a leilão
Quem teve a chance de passear por Modena nos idos de 1954
e passou pelos arredores de Modena teve boas chances de ver de perto um carro
vermelho com a “matricola” (como os italianos chamam aquilo que nós nos
referimos como “placa” ou, aqui em São Paulo, “chapa”) com a inscrição “Prova
0348 AM”. Esta identificação, típica dos carros de corrida de Enzo Ferrari, foi
usada para identificar o chassi do carro usado por José Froilán González para
vencer, em dupla com Maurice Trintignant, as 24 Horas de Le Mans daquele ano. O
mesmo carro também foi usado por Umberto Maglioli para vencer a última edição
da série clássica da Carrera Panamericana.
Pois bem, se você viu esse carro tem duas chances de
ve-lo novamente e bem pertinho: uma por alguns minutos e outra até que a morte
os separe. A casa Bohnam anunciou que vai oferecer esse carro ao melhor lance
no leilão programado para o Festival de Goodwood deste ano, evento acontece
entre 26 e 29 de junho; a sessão do martelo está marcada para o dia 27. Se você
realmente pensa em fazer aquela loucura que sempre teve vontade e comprar uma
importante peça da história do automobilismo mundial é bom preparar bolso,
coração e dois talões de cheque: um para pagar garantir o lance mínimo estimado
em U$ 15 milhões e outro para cobrir as ofertas de outros possíveis
interessados. E é bom guardar uns trocados para fazer o seguro…
Loeb
treinou na Argentina
Falando no
“Touro dos Pampas” – apelido que Froilán González ganhou pelo estilo agressivo
de pilotagem e por sua compleição física -, vale lembrar que o francês
Sébastien Loeb passou os últimos dias treinando no circuito de Termas del Rio
Hondo. Na melhor de suas voltas com um carro da categoria Top Race (algo
semelhante aos carros usados na seunda divisão da Stock Car brasileira), Loeb
marcou 2´3”; posteriormente sentou-se no Peugeot 308 de Facundo Chapur, da
equipe oficial da marca na classe C da categoria Turismo Nacional, e a bordo
deste veículo, cujo motor produz 273 HP melhorou seu tempo em quatro segundos
neste traçado de 4.806 metros.Isto teria colocado Sébastien outros quatro
segundos atrás do tempo da pole position de 2013 na rodada deste circuito,
posição obtida por Juan Pipkin. O treino do francês nesta pista justifica-se
porque o autódromo localizado na província de Santiago del Estero, cerca de
1.000 km a noroeste de Buenos Aires, receberá dia 3 de agosto uma etapa do
Campeonato Mundial de Carros de Turismo, o WTCC. Ontem, Loeb seguiu para
Sonoma, na Califórnia, onde segue com sua preparação para do programa que marca
a estréia da Citroën na categoria.
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