Alta Roda nº 974/324 – 04 /01 /2018
Fernando Calmon |
Há
grandes interesses ligados à conectividade de veículos.
Correlação de dados em tempo real entre carros, seus usuários e o meio ambiente
vão se transformar em novos negócios para toda a cadeia automobilística. Nos
últimos três anos cresceu significativamente o número de carros conectados nas
estradas: mais de 5,5 milhões no mundo e cada um deles gera 25 GB de dados por
dia.
Esse valioso volume de informações não se restringe ao veículo, sua rota,
velocidade, desgaste de peças e componentes, mas também a fatores externos como
o ambiente em torno e as condições do tempo. Esse conjunto conhecido como “Big
Data” vai trazer alternativas reais aos negócios do setor.
A prioridade atual dos fabricantes é direcionar a aquisição de dados para
aumentar a segurança. Ninguém, porém, desconhece a possibilidade de que possam
ser correlacionados e utilizados de forma a melhorar o relacionamento com os
clientes. Por outro lado, a cadeia de serviços em que se incluem as
concessionárias terão novas oportunidades de aumentar seu faturamento no
mercado de pós-venda.
O faturamento mundial da indústria automobilística é de aproximadamente US$ 3,5
trilhões (R$ 11 trilhões) por ano, dos quais 80% vêm das vendas de veículos e
20% de serviços de manutenção (aftermarket). Segundo o site inglês Just-Auto, a
crescente aceitação de automóveis conectados, semiautônomos e, em futuro mais
distante, autônomos se transformará em novas receitas para o setor.
Especialistas chamam essa fonte de “monetização de dados”.
Alguns analistas consideram que se trata de um segmento à parte, com valor
próprio estimado em US$ 1 trilhão nos próximos 10 anos. Esse novo modelo de
negócio colocará foco em todos os aspectos da mobilidade desde compartilhamento
de carros, novos aplicativos, monitoramento e diagnósticos remotos (essencial
para que oficinas se preparem previamente para melhor atender os clientes),
navegação mais precisa em tempo real, até formas de entretenimento a bordo de
alta sofisticação.
Estarão abertas, assim, oportunidades também para os setores de
telecomunicações, companhias de seguro, locadoras e outros que gravitam em
torno dos veículos. Todos vão querer morder um pedaço dessa maçã.
Monetização de dados é o que levou a indústria automobilística a acordar, ainda
em tempo, para os avanços dos gigantes da telemática na seara alheia. Google,
Apple e um pouco atrás a Microsoft não se contentaram em adquirir, praticamente
sem custos, as informações valiosas de seus clientes individuais. Dentro de um
automóvel as possibilidades aumentam exponencialmente, como visto acima.
Ao partir da premissa de que a massa de dados obtida de um carro conectado tem
enorme valor, cooperação será a palavra-chave para exprimir melhor as novas
experiências. Por enquanto, as conexões com smartphones por meio de sistemas
como Android Auto (Google) e CarPlay (Apple) são atraentes, mas no futuro
chegarão mais alternativas. É esperar para ver.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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