Coluna 0318 – 22.01.2018 edita@rnasser.com.br |
O NAIAS,
de picapes, suvs, e híbridos
NAIAS, o North American International Auto Show, não é apenas mais uma das mostras pontuais com realização periódica
para mostrar lançamentos de automóveis. Difere do usual: é personalístico por
ocasião, forma e conteúdo. Começa pelo fato de não ser realizado por empresa de
eventos, mas união de concessionários de veículos operando em Detroit, EUA, sempre
referenciada como a Capital do Automóvel por basear quantidade de atividades
industriais.
A particularização continua pela ocasião, ao início de janeiro, ao
lado do usualmente congelado Rio Windsor, separando os EUA e o Canadá, em
período de pouco turísticos gelo e neve. Neste ano temperaturas andaram menores
exigindo espessa roupa invernal, casacos e botas extra pesados. Como
manifestação celeste, e para tornar perigoso o trânsito em vias congeladas e de
pouca aderência e muitos acidentes, ainda houve a queda de um asteroide.
Se tão
diferenciado, tem expressão mundial, sedia apresentações e lançamentos para o
mercado de todo o mundo, mas é direcionado aos compradores dos EUA e Canadá.
Para entender: você sabe qual é o carro
mais vendido nos EUA ? Não, não é presumível sedã, como no restante do
mundo, mas um picape, no caso o F 150 Ford. E os concorrentes não ficam
atrasados, GM tem o Silverado, segundo mais vendido, e FCA, com a marca Dodge,
o Ram 1500, terceiro na grade. Há picapes Honda e Toyota, mas não se alinham
com a volumetria cúbica das marcas nativas.
Não se sabe se os
compradores forçaram à dedicação em picapes, ou se o mercado escolheu o caminho.
Afinal, neles o lucro unitário em muito supera o de automóveis e utilitários
esportivos, e este é o indutor capitalista.
Ranger chama
atenções por voltar à produção no país de origem após ausência de oito anos.
Estilo melhor, mais leve, menos macho-man,
e construtivamente apresenta o caminho tradicional do amplo emprego de chapa de
aço para moldar cabine e carroceria, ao contrário do líder F150 inovando no uso
das chapas e enorme percentual de partes em alumínio. Interior cuidado em
infodiversão e equipamentos de automóveis.
Ford insiste em
dizê-lo exclusivo para os EUA, mas a construção simplória – vamos combinar, fazer picape é coisa primária.
Um macaco bem ensinado é capaz de cometer um - permite ser repetida na
Argentina, base sul americana para fazer picapes. O Ranger vendido no Brasil
comemorará em 2018, 20 anos da operação regional.
FCA, iniciais da
Fiat + Chrysler, tem sensíveis lucros com operação nestes veículos, os mais
vendidos e lucrativos dentre os produtos de alta produção na marca – Maserati e
Ferrari não contam. Picape é o rótulo, a cara do mercado norte-americano, e a
previsão de vendas neste exercício é de recordistas 500 mil unidades. Outra
surpresa projetada para o exercício será a ultrapassagem do Silverado pelo RAM,
a melhor prova de boa gestão da marca, induzindo melhorar o produto.
Para passar a GM
deve vender mais de 85.000 u/a. Novo RAM mede 22 cm acima do modelo anterior,
sendo 10 cm na cabine, para maior conforto, incluindo inclinar o encosto do
banco traseiro, e adições pró conforto focaram infodiversão. O chassi emprega
98% de aço de elevada resistência; motores V6, 3,6 litros e V8 5,7 litros,
15/85 e L-4 3,0 litros, diesel, transmissão automática oito velocidades;
capacidade de reboque em 5,7 t.
FCA passou por
processo depurativo, cortou sedãs medíocres, concentrou a pouca verba restante
dos grandes gastos no Alfa Romeo Giulia e Stelvio para melhorar a operação RAM,
com vendas imediatas – um trimestre, ou ¼ do exercício antes da chegada do GM
Silverado, com previsões de vendas no outono sobre equatorial, em três meses.
Se Max Manley, à frente da RAM e autor de sua ascensão no mercado, conseguir a
façanha, terá garantido sua senha para promoção na grande mudança de cargos e
postos na FCA daqui a dois anos quando o polêmico Sergio Marchionne, atual CEO,
deixará o cargo.
Jogo Duro
Mostras como esta
exibem a ausência de um trabalho acadêmico sobre a evolução ou involução da
humanidade no consumir veículos cada vez maiores, mais pesados pela expansão do
uso de maior quantidade de materiais, condenáveis ecologicamente pela crescente
utilização de materiais com extração e processos nem sempre adequados ao meio
ambiente, e portadores em suas vastas caçambas e espaços, da incômoda dúvida: porque são planejados para oferecer capacidade
de carga e trabalho muito superiores à necessidade e ao uso?
Quem, dos
visitantes sul americanos ou europeus, esperava encontrar um novo VW Amarok,
decepcionou-se. Veículo já superou o ciclo de vida como produto, mas não foi
revisto. Além dos picapes das três maiores participantes no mercado, houve
apresentação de utilitários esportivos, como a nova geração do VW Tiguan, agora
para 7 passageiros – crescendo em tamanho e preço, abrindo caminho a renca de
sucessores menores. Marca terá um SUV/SAV em cada segmento.
Utilitários
esportivos e crossovers representaram
10% de crescimento na Mercedes, cujo picape Classe X inicia ser vendido a
partir da Espanha e, final do próximo ano, na América Latina. Tais veículos
dominaram o estande Mercedes, ante realidade do crescimento ter permitido
superar a rival BMW no segmento de SUVs.
A demanda pelos modelos GLA e GLC
fê-la o maior fabricante de carros Premium pelo segundo ano consecutivo, ao
vender 620 mil unidades, ¼ das vendas da marca. A Mercedes prepara novos
concorrentes com tal formato. Surpresa foi novo jipe G. Bem dotado, preço
superior, apesar da Mercedes afirmar ter prejuízo com a operação de pequenos
números, mudou-o completamente, iniciando novo ciclo.
No caminho de
implementar opções em picapes, com o Ranger, Ford também incrementou o Edge, de
tíbia presença no mercado brasileiro. Tomou inspiração nas versões M BMW e AMG
Mercedes, preparando-o para melhor performance, incluindo desenvolvimento da
transmissão automática de 8 velocidades e motor V6, 2,7 litros, duplo turbo,
340 cv.
De automóveis apresentados,
o VW Jetta chegará no Brasil, produzido no México – há vertente de produção
local, dentro da nova visão da empresa tornando o país líder nas exportações
para a América Latina. Utiliza a racional plataforma MQB, flexível em
dimensões. Aqui baseia o Golf, o Polo e o Virtus, de apresentação próxima.
Cresceu, tem dimensões assemelhadas do Passat, e missão importante, apagar,
fazer esquecer os problemas com as emissões ilegais dos motores diesel no tal Dieselgate. Na esteira de sedimentar-se
como maior produtor mundial de veículos, VW investirá solidamente no grande mercado
norte-americano – US$ 3,3Bi até 2020 – para vintena de novos produtos.
Quem
Na prática, quantos dentre os modelos lançados em
Detroit virão para o Brasil?
Poucos, por
fatores diversos, a começar pela falta de interesse das marcas produtoras – por
exemplo GM e Ford importam restritos modelos, e a importação por agências
particulares nem sempre entusiasma o interessado. Dos produtos com tecnologia
híbrida algumas unidades poderão ser trazidas, mas apenas como representantes
folclóricos. E a legislação regulatória da indústria automobilística
brasileira, de vigor recém encerrado, reduziu o mercado para os importados, e por
complicações intestinas, a nova ainda não foi baixada, intranquilizando mercado
e importadores por desconhecer carga tributária, gravames, penduricalhos,
incidentes sobre os veículos.
Híbridos ou
elétricos, exceto pelo Toyota Prius com operação bem estruturada de importação,
vendas e assistência – e pedidos ao Governo Federal para impostos favoráveis à
produção local -, deverão ser coisa de referência institucional, nada sólida ou
densa. Afinal, para uma operação com frota elétrica, falta-nos o insumo básico,
a disponibilidade de energia elétrica. Há, a se lembrar igualmente, automóvel é
visto no desorganizado Brasil, sob o aspecto tributário, como bem supérfluo,
daí a tributação nos portos e nas ruas, reduzindo suas vendas.
Roda-a-Roda
Gente
– Mariana Romero, analista, novo rumo. OOOO Porsche Brasil procura profissional
para exercitar assessoria de imprensa. OOOO Dentre empresas alemãs de automóveis VW, Mercedes e Audi fazem bem tal
trabalho. OOOO Dan Gurney, 87, piloto, passou. OOOO Retrato do corredor californiano dos anos´50, alto, bem apessoado,
dentadura equina, dirigiu e ganhou em quase todas as categorias, de Fórmula 1 a
24 Horas de Le Mans. OOOO Criou o gesto de aspergir champagne do podium. OOOO
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