Alta Roda nº 975/325 – 11 /01 /2018
Fernando Calmon |
Em 2017 o mercado
brasileiro finalmente parou de cair e iniciou uma trajetória de recuperação.
Em dezembro de 2016 já se esperava um ano melhor mesmo porque se completou um
quadriênio de baixas consecutivas: um tombo de quase 50% sobre o ano recorde de
2012 com 3,8 milhões de automóveis e veículos comerciais (leves e pesados). O
Brasil chegou a ser o quarto maior mercado do mundo e caiu para oitavo.
O ano passado foi em particular importante porque a produção se recuperou de
forma mais rápida graças às exportações, com reflexo positivo no nível de
emprego da indústria. Os 762.000 veículos enviados ao exterior marcaram um
recorde histórico (mais 46,5% sobre o ano anterior). Esse volume representou
28% da produção total de 2,7 milhões de veículos. Um porcentual saudável seria
exportar 30% da produção, desde que o mercado interno ajudasse com números mais
robustos.
Em 2017 venderam-se 2,24 milhões de veículos que significaram recuperação de
9,2% (a coluna tinha previsto 9% há pouco mais de um ano). Em dezembro último a
média diária de comercialização foi de 10.633 unidades com apenas 31 dias de
estoques totais, indicando bons ventos à frente. Em 2018, apesar de incertezas
políticas e econômicas, a reação positiva continuará. Existe até uma rara
coincidência sobre as previsões para este ano. Fenabrave (concessionárias) e
Anfavea (indústria) estimam crescimento de 11,8% e 11,7%, respectivamente, do
mercado interno de autos e comerciais. A Coluna aposta em percentual um pouco
maior, 14,1%.
Este ano a Anfavea prevê produção de 3,055 milhões de unidades (mais 13,2%),
das quais de 800.000 exportadas (mais 5%) e mercado interno de 2,5 milhões de
veículos. Percentualmente a maior recuperação (em torno de 35%) ocorrerá no
mercado de importados com o final do programa Inovar-Auto, em 31 de dezembro
passado. Este impunha um acréscimo de 30 pontos percentuais do IPI para um
volume acima de 4.000 unidade/ano para modelos que não fossem argentinos ou
mexicanos.
O novo programa de diretrizes para a indústria, batizado de Rota 2030 e
importante por ser mais longo, incentivar pesquisa e desenvolvimento locais,
além de projetar novas metas de eficiência energética para modelos nacionais e
importados, teve seu anúncio postergado para fevereiro próximo. Esse conjunto
de medidas será fundamental para um crescimento sustentável e, acima de tudo,
previsível sem surpresas ou trancos. Se aprovado sob os termos longamente
discutidos, é perfeitamente possível que em 2022 o Brasil retorne aos níveis de
mercado de 2012 completando o ciclo de 10 anos perdidos. A indústria
automobilística enfrentou quatro crises graves de mercado (incluindo esta)
desde seu primórdio, em 1956.
O que se pode esperar em 2018 é um ano com muitos lançamentos, tanto de
produtos locais e regionais (Argentina e México), como de outras origens. Serão
mais de trinta entre inéditos ou de nova geração. Destaques para os nacionais
VW Virtus, Fiat Cronos (este vem da Argentina), Toyota Yaris, Citroën Cactus;
os importados Ford Mustang, Audi A8, BMW X3, VW Tiguan, Kia Stonic, Volvo XC
40, Jaguar E-Pace, Honda CR-V, Jeep Wrangler e Renault Alaskan. As
repaginações, também numerosas: VW Golf, Ford Ka e Honda City são apenas
algumas.
RODA VIVA
PRIMEIRO SUV compacto da VW estreia no Salão do Automóvel
de São Paulo, em novembro próximo, mas estará um mês antes no Salão de Paris. O
T-Cross terá produção simultânea no Brasil, em São José dos Pinhais (PR), e na
Espanha. Mas o início de fabricação, segundo fonte da Coluna, é 1º de janeiro
de 2019 com início efetivo das entregas em março.
APÓS o fim do IPI adicional sobre carros
importados, a Renault ainda estuda a viabilidade comercial de importar a
segunda geração do seu SUV grande Koleos fabricado na Coreia do Sul. Está
próximo de ser lançado na Argentina, onde a primeira geração foi importada e
depois descontinuada em razão dos impostos e cotação cambial. As mesmas razões
daqui.
COMPARTILHAMENTO de veículos, na modalidade
aluguel temporário, ainda avança de forma moderada no Brasil. No entanto, a
Moobie, que começou em 2015, conseguiu reunir uma comunidade de 30.000
participantes e 2.000 veículos cadastrados. Ideia, no caso, é ceder o carro por
prazo determinado (em média R$ 70,00/dia) e assim ajudar nas despesas,
principalmente no começo do ano.
OUTRO aplicativo de compartilhamento de
transporte, Zumpy, é bem avaliado em Belo Horizonte (MG) e agora lançado
nacionalmente. Sua atividade se concentra em dar caronas pagas em meio urbano.
Os passageiros pagam valores de R$ 4 por trajetos de até 6 quilômetros, R$ 5
para viagens de seis a oito quilômetros, R$ 6 por viagens de oito a 10
quilômetros e assim sucessivamente.
RESSALVA: no Honda Fit 2018, avaliado pela coluna
no dia a dia, falta regulagem de altura do banco do passageiro, não do motorista.
Interessante seria acrescentar uma saída auxiliar para o sistema
multimídia.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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