Alta Roda nº 977/327 – 25 /01 /2018
Ao contrário das exibições recentes na Europa, o
Salão de Automóveis de Detroit, nos EUA, que continuará aberto até o próximo
dia 28, deixou de enfatizar tanto os veículos híbridos, elétricos e autônomos.
Claro, eles estavam lá, mas a ideia principal foi a de transição, um reflexo de
dificuldades crescentes. Preços baixos dos combustíveis líquidos, grandes
distâncias a exigir infraestrutura de carregamento de baterias e deficiência de
geração de energia indicam mudanças bem mais lentas do que se imaginava.
Isso não impediu a Ford de anunciar, nos próximos cinco anos, o lançamento de
16 elétricos ou híbridos entre 40 produtos novos. No seu estande, porém, a
ênfase estava em potências crescentes. Tanto no Mustang Bullitt (homenagem aos
50 anos do filme com Steve McQueen), quanto no SUV Edge ST. Sem contar a
chegada no final do ano do Mustang Shelby GT550, mais de 700 cv, mostrado
apenas em teasers aos jornalistas.
Os automóveis, que no passado representaram pela primeira vez menos de 40% dos
17,2 milhões de veículos vendidos no país, continuam a crescer. Mesmo os
médio-compactos a exemplo das novas gerações do Kia Cerato, Hyundai Veloster e
VW Jetta. Este será importado do México no final do ano e terá cerca de 4 cm a
mais de entre-eixos e comprimento, além de suspensão traseira por eixo de
torção que ajudou a diminuir um pouco seu preço nos EUA.
SUVs e crossovers respondem por mais de 40% do mercado americano e assim o
Mercedes-Benz Classe G, renovado depois de quase 40 anos, destacou-se. Mudou
menos por fora e mais por dentro ao incluir enorme tela multimídia e engenhoso
acesso à terceira fila de bancos. Aproveitou para apresentar o Mercedes-AMG CLS
53 Edition 1 com um alternoarranque de 21 cv que se somam aos 435 cv do
6-cilindros turbo.
BMW apresentou o elegante crossover compacto de tração dianteira X2, verdadeiro
contraponto ao Mercedes GLA. Pretendia ainda mostrar o X7, mas o carro sofreu
acidente de transporte. Uma de suas marcas inglesas, a MINI, recebeu uma
renovação de meio ciclo de vida. As lanternas traseiras remetem ao desenho da
Union Jack, bandeira do Reino Unido.
A Jeep, além do clássico Wrangler lançado dois meses antes no Salão de Los
Angeles, atualizou o Cherokee sem aquela polêmica parte frontal. No entanto, o
modelo fica muito próximo em dimensões ao Compass, o que gera conflito de
“interesses”.
Para FCA, o lançamento mais importante foi a renovada picape pesada RAM 1500
que provavelmente será importada. Além de mais leve, introduziu avanços como
sistema elétrico de 48 volts e molas pneumáticas nas quatro rodas (opcional). A
Chevrolet contrapôs a Silverado 2019, aliviada em 204 kg, mas mantendo caçamba
de aço. Sua tampa, porém, é de alumínio e pode receber sistema elétrico de
abertura e fechamento.
A Ranger, igual à produzida na Argentina com modificações específicas para o
mercado local, retornou depois de seis anos. A Ford reconheceu que picapes
médias voltaram a interessar aos compradores. No ínterim a Toyota Tacoma
(diferente da Hilux) se esbaldou...
A chinesa GAC também está no Salão e pretende começar a vender nos EUA em 2019.
Precisa ter muita coragem e dinheiro para gastar.
RODA VIVA
PRESIDENTE da VW do Brasil, Pablo Di Si, confirmou algumas
antecipações dessa coluna sobre o robusto plano de 20 produtos (novos ou
modificados) até 2020/21. Serão mesmo cinco SUVs/crossovers: os importados de
sete lugares Tiguan (México) e Atlas (EUA); Tarek (Argentina), base Jetta MQB;
T-Cross, base Virtus MQB e Taigun (nome cogitável), base Polo MQB.
PRIMEIRA mulher a comandar um grupo automobilístico no
Brasil acaba de ser nomeada. Trata-se da brasileira Ana Theresa Borsari, 46
anos. Ela liderava a Peugeot e agora acrescenta Citroën e DS (marca de grife
importada), tendo passado antes pela matriz na França. Sinergia no Grupo PSA
(inclui a Opel, na Europa) já existente, será aprofundada também aqui.
EMBORA pareça a GM ter reagido ao teste anterior do
Latin NCAP (maio de 2017), em que o Onix zerou na escala de estrelas (máximo de
cinco), na realidade a fabricante apenas atendeu às normas da ABNT, de 2013,
para impacto lateral. O prazo era 2018. Agora, o Onix recebeu três estrelas em
teste patrocinado. Governo brasileiro anunciou mesma exigência em 2020
(projetos novos) e 2023 (todos à venda).
INDÚSTRIA de pneumáticos reagiu bem à entrada de marcas importadas,
especialmente da China. Dunlop (do Grupo Sumitomo, também dono da marca Falken)
implantou fábrica inteiramente nova, em outubro de 2013, em Fazenda Rio Grande
(PR). Empresa produz 15.000 pneus/dia em ambiente de competição feroz para linhas
de produção de veículos e reposição.
DICA para ar-condicionado. Desligar o sistema e deixar
apenas ventilação 10 minutos antes da chegada ao destino. Segundo a Mahle, isso
seca condensação nos dutos de ar e do evaporador, além de reduzir a formação de
bolor, bactérias e leveduras. Vantagem adicional: evita choque térmico em dias
de muito calor.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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