Fernando Calmon |
Ter-se transformado no quarto maior fabricante de
veículos do mundo significa, afinal, que a defasagem generalizada de modelos
lançados no País começa a desaparecer.
Exemplo evidente, o todo novo Peugeot 208 chega as ruas agora em abril,
apenas 11 meses depois do mercado europeu.Posicionado
no padrão mais alto de equipamentos, o hatch compacto da marca francesa parte
de R$ 39.990 (Active, motor 1,5/93 cv) e vai a R$ 54.690 (Griffe, motor 1.6/122
cv, automático). Seu preço de entrada, curiosamente, é igual ao do Citroën C3,
marca do mesmo grupo, só que oferece mais. No ano passado, ao contrário do
resto do mundo, Citroën superou em quase 10% as vendas da “matriz” Peugeot, sem
novidades em tempo recente. A decisão estratégica do grupo, agora, é evitar
essa situação em todos os mercados. Meta é vender de 2.500 a 3.000 unidades do
208 por mês, factível por sua diferenciação.
Estilo arrojado, vincos marcantes e luzes diurnas de LED
(Griffe) destacam o modelo entre tantos. Com a maior distância entre eixos dos
hatches compactos (2,54 m), coloca-se muito bem em termos de espaço interno,
mas o porta-malas de 285 litros se alinha à média dos concorrentes. Destaque
para o maior teto fixo panorâmico de vidro (0,66 m²), disponível de série a
partir da versão intermediária Allure, embora o para-brisa estendido do C3
provoque melhor sensação. Em ambos, aliás, estão ausentes as úteis alças de
teto.
Direção de assistência elétrica com regulagem da coluna em
distância/altura (de série), ar-condicionado de duas zonas de resfriamento
(inédito em compactos nacionais) e apliques cromado e preto piano nas versões
mais caras colocam o carro como referência do segmento, embora plásticos menos
rígidos fossem desejáveis. Tela de toque multimídia de 7 pol inclui GPS (mapas
da América Latina), diversos recursos e operação intuitiva.
Um dos pontos altos do carro é a posição de guiar,
diferente dos outros. Volante tem diâmetro horizontal de 35 cm (cerca de 10%
menos que o convencional) e vertical de 33 cm. Permite, assim, visão do quadro
de instrumentos por cima do volante, de forma natural e desvio mínimo do olhar.
Se todos adotassem esse arranjo, não seria má ideia, pois a tendência de uso
generalizada de direção assistida dispensa volante de maior diâmetro. Regulagem
do banco em altura (de série) é fácil e de modo correto, ao contrário de
concorrentes como Onix e HB20.
Ideal no dia a dia é o motor mais potente, porém o de 1,5
l também mostra seu valor. Acerto de suspensões muito bom, como a grande
maioria dos carros aqui afinados, apesar da altura livre do solo 1 cm acima do
versão europeia. Câmbio manual poderia ter cursos de engates mais curtos,
enquanto o automático de quatro marchas é caro (R$ 4.000) para o que oferece em
termos de suavidade.
Estratégia da Peugeot, a exemplo de outros, é reposicionar
os atuais 207 sedã e hatch em torno do R$ 30 mil. Quando o motor de 3
cilindros/1 litro estiver disponível, em menos de um ano, o 208 terá versão
mais acessível para brigar por volume. E o SUV compacto 2008 complementará a
linha no início do segundo semestre de 2014 para a árdua luta pela quinta
colocação no mercado com Hyundai, Renault, Honda e Toyota.
RODA
VIVA
FORD prevê
ao menos dobrar vendas, a partir de 20 de abril, do novo Fiesta hatch graças ao
início da produção em São Bernardo do Campo (SP). Antes importado do México, só
tinha versões de topo. É primeiro carro de classe mundial produzido no
município que foi berço da indústria automobilística e perdeu investimentos ao
longo do tempo por problemas sindicais.
SINCRONIZAR saída de cena do
Gol G4 e entrada do inteiramente novo subcompacto Up!, entre o final deste ano
e o começo do próximo, toma as atenções da VW que completa 60 anos no Brasil.
Posicionamento de preço é segredo bem guardado. Tanto pode posicioná-lo abaixo
como acima do atual Gol G5, numa gaveta estratégica que pode incluir realocação
do Fox.
COMEÇA a se consolidar a
solução híbrida para carros médios e principalmente grandes em vários dos
principais mercados mundiais do Hemisfério Norte. No Hemisfério Sul o preço
continua um grande empecilho. Primeiro híbrido com motor turbo, VW Jetta acaba
de ser lançado com objetivo de fazer frente às boas vendas do Prius, em
especial nos EUA.
RÁPIDA avaliação do
Jetta híbrido, nos arredores de Genebra (Suíça), impressionou. Apesar de a
bateria acrescentar 104 kg ao peso total, quando o motor elétrico entra em ação
em paralelo ao de combustão (5-cilindros/2,5 litros) a sensação de colar as
costas no banco é quase a de um esportivo. Pormenor: ponteira de escapamento
foi escondida para lembrar um elétrico puro.
NOVA regulamentação
que estimula produções brasileiras na TV por assinatura abre oportunidades a
programas dedicados ao automóvel. No próximo dia 8, canal +Globosat, estreia
Oficina Motor em horário nobre, 21 horas. Com 52 min. (uma hora, no ar) é
responsabilidade da produtora carioca Midmix.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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