O Campeonato Brasileiro de
Fórmula Truck teve neste domingo (8) uma das corridas mais movimentadas de sua
história. Um acidente envolvendo sete pilotos e a interrupção da corrida, que
assim teve duas fases e encaminhou as definições de resultado para a soma dos
tempos de prova de cada piloto, não impediram o paranaense Leandro Totti de
atingir um feito inédito: o de vencer todas as quatro primeiras etapas de uma
temporada.
Giaffone e Totti
eram, nesta ordem, os dois primeiros colocados no GP Petrobras quando a corrida
foi interrompida, na sexta volta, para remoção dos caminhões envolvidos no
acidente. A diferença entre eles era de 192 milésimos de segundo. Depois das 33
voltas que compuseram a fase final da prova, Totti cruzou a linha de chegada
0s503 à frente do companheiro de equipe. Somados os tempos, sua vitória foi
confirmada por uma margem de 0s311.
Outros três
paulistas completaram o pódio. Roberval Andrade foi o terceiro com o Scania da
Ticket Car-Corinthians Motorsport. O quarto foi Paulo Salustiano, com o
Mercedes-Benz da ABF Racing Team. Djalma Fogaça, com o Ford da DF Racing Fans,
foi quinto. “Só tenho a agradecer à minha equipe, que está sempre colocando os
caminhões na pista para testar e desenvolver, estamos trabalhando forte. Essa é
uma vitória de toda a equipe”, definiu Totti.
Giaffone reconheceu
ter um caminhão mais rápido nas voltas finais. “Eu precisava terminar a menos
de dois décimos para ganhar na soma de tempos e sabia que a gente não poderia
bater de jeito nenhum. Na penúltima volta, tentei passar, vi que não ia dar e
recuei, para me armar para a última, mas ali ele enfiou uma quarta (marcha) e
freou tarde demais. Eu não faria com ele, mas foi uma estratégia que ele
decidiu, depois a gente conversa”, descreveu.
Foi a segunda vez,
no atual regulamento desportivo da Fórmula Truck, que a soma de tempos de duas
fases distintas de uma corrida foi aplicada para determinar seu resultado
final. A direção de prova já teve de recorrer ao artifício na segunda etapa da
temporada de 2013, em Londrina, quando a chuva levou a uma interrupção da prova
para que as equipes trocassem os pneus de todos os caminhões. Paulo Salustiano
ficou com a vitória naquela ocasião.
A CORRIDA
Dada a largada,
Roberval Andrade ultrapassou o companheiro de equipe Danilo Dirani e assumiu a
segunda posição. Um toque com Paulo Salustiano fez com que Jansen Bueno saísse
da pista. No complemento da primeira volta, Salustiano saiu da pista na entrada
da reta dos boxes e bateu na proteção de pneus. O posicionamento de seu
Mercedes-Benz na área de escape ocasionou a primeira intervenção do Pace Truck
na prova.
Bueno, Beto
Monteiro, José Maria Reis e Wellington Cirino tomaram o caminho dos boxes para
reparos nos caminhões, enquanto Andrade tomava a primeira posição de Felipe
Giaffone – como a ultrapassagem ocorreu já sob a intervenção, o bicampeão
brasileiro devolveu a posição ao pole-position. Após duas voltas com o Pace
Truck na pista a relargada foi dada. Leandro Totti deu início à sua pressão
sobre Andrade.
Dirani e Valmir
Benavides, quarto e quinto colocados, aproximaram-se do grupo dos três
primeiros, enquanto Débora Rodrigues perdia ritmo por conta de problemas
mecânicos e, com seu caminhão envolto em fumaça, dirigia-se lentamente aos
boxes. Bueno, que havia desistido da corrida, voltou à pista na terceira volta
válida de corrida. Na quinta volta, Totti tomou a linha interna do traçado e
ultrapassou Andrade na terceira curva da pista.
A abertura da sexta
volta foi marcada pelo acidente que envolveu os caminhões de Pedro Muffato,
João Maistro, Adalberto Jardim, David Muffato, Jaidson Zini, Luiz Lopes e
Ronaldo Kastropil. Com óleo na pista, vários pilotos saíram da pista na curva
de acesso aos boxes e bateram. Michelle de Jesus, que vinha logo atrás do grupo
que saiu da pista, evitou atingir o caminhão de Jardim com uma manobra que
recebeu aplausos.
A prova foi
interrompida com o acionamento da bandeira vermelha para remoção dos caminhões
envolvidos no acidente. O trabalho consumiu mais de uma hora. Uma nova largada
foi dada para mais 45 minutos de corrida, com o resultado passando a ser
determinado pela soma dos tempos dos pilotos em cada uma das partes da prova. Débora
Rodrigues, que havia abandonado antes do acidente, conseguiu tomar parte da
disputa.
Totti iniciou seu
ataque ao líder Giaffone e consolidou na quarta volta a ultrapassagem que
valeu-lhe a liderança. Bueno e Reis abandonaram de vez a disputa. Valmir
Benavides e Salustiano, outro que conseguiu restabelecer as condições de seu
caminhão e retomar participação, ultrapassaram Andrade, que caiu para a quinta
posição. Na nona volta, André Marques, companheiro de equipe de Totti e
Giaffone, teve problemas mecânicos e abandonou.
Débora e Michelle
travavam um duelo bastante acirrado pelo 11º lugar na prova. Michelle
manteve-se à frente até a 15ª volta, quando foi superada por Débora. Duas
voltas depois houve a intervenção programada do Pace Truck, determinada pela
direção de prova com o propósito de amenizar o desgaste a que os caminhões eram
submetidos sob as altas temperaturas em Brasília – foi o instante em que Dirani
parou seu Scania nos boxes.
Depois de duas
voltas sob bandeira amarela houve a nova relargada. Wellington Cirino superou
Djalma Fogaça, assumiu o sétimo lugar e passou a pressionar o pernambucano Beto
Monteiro. Giaffone procurava manter-se o mais próximo possível de Totti – ele
dependia de terminar a corrida a menos de 192 milésimos de segundo que o
companheiro de equipe para conquistar sua 19ª vitória na soma de tempos, mesmo
terminando em segundo.
Com 21 voltas
completadas, a vantagem de Totti na pista era de 0s194, apenas dois milésimos a
mais que o necessário para sua vitória. A diferença era de 0s130 na 23ª volta e
de 0s137 na 24ª, o suficiente para Giaffone ficar com a vitória na soma de
tempos. Na volta 25, Totti reestabeleceu a margem de quase meio segundo sobre o
companheiro de equipe. Benavides, que tinha a terceira posição, estacionou nos
boxes com problemas mecânicos.
Giaffone voltou a
ter o resultado a seu favor, levando sua desvantagem a 0s157 depois de 27
voltas disputadas na segunda parte da do GP Petrobras. Nas voltas seguintes a
diferença foi de 0s096, 0s155, 0s145 e 0s129, sempre favorável a Giaffone. Na
32ª e penúltima volta, um toque entre os dois fez com que Totti abrisse 0s579 e
voltasse a ter a vitória assegurada – acabou confirmando o resultado com 503
milésimos de vantagem.
O resultado final, determinado pela soma dos tempos das duas fases
da corrida, foi o seguinte:
1º) Leandro Totti
(PR/Volkswagen-MAN), RM Competições, 1h00min10s955
2º) Felipe Giaffone
(SP/MAN), RM Competições, a 0s311
3º) Roberval
Andrade (SP/Scania), Ticket Car-Corinthians Motorsport, a 14s219
4º) Paulo
Salustiano (SP/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 21s178
5º) Djalma Fogaça
(SP/Ford), DF Racing Fans, a 27s350
6º) Marcello
Cesquim (PR/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 29s635
7º) Diogo Pachenki
(PR/Volvo), Copacol Clay Truck Racing, a 36s229
8º) Michelle de
Jesus (SP/Volvo), ABF Motorsport, a 48s284
9º) Raijan
Mascarello (MT/Ford), DF Racing Fans, a 2 voltas
10º) Wellington
Cirino (PR/Mercedes-Benz), ABF-Santos a 4 voltas
11º) Beto Monteiro
(PE/Iveco), Scuderia Iveco, a 5 voltas
12º) Valmir
Benavides (SP/Iveco), Scuderia Iveco, a 7 voltas
NÃO COMPLETARAM
Danilo Dirani
(SP/Scania), Ticket Car-Corinthians Motorsport, a 12 voltas
Débora Rodrigues
(SP/Volkswagen-MAN), RM Competições, a 13 voltas
Geraldo Piquet
(DF/Mercedes-Benz), ABF-Santos Desenvolvimento, a 24 voltas
Leandro Reis
(GO/Scania), Original Reis Competições, a 24 voltas
André Marques
(SP/Volkswagen-MAN), RM Competições, a 25 voltas
José Maria Reis
(GO/Scania), Original Reis Competições, a 29 voltas
Jansen Bueno
(PR/Scania), Muffatão, a 32 voltas
João Maistro
(PR/Volvo), Copacol Clay Truck Racing, a 34 voltas
Pedro Muffato
(PR/Scania), Muffatão, a 34 voltas
David Muffato
(PR/Ford), DF Racing Fans, a 34 voltas
Ronaldo Kastropil
(SP/Mercedes-Benz), Santa Carolina , a 34 voltas
Jaidson Zini
(PR/Iveco), Dakarmotors, a 34 voltas
Luiz Lopes
(SP/Iveco), Lucar Motorsports, a 34 voltas
Adalberto Jardim
(SP/Volkswagen-MAN), RM Competições, a 34 voltas
Melhor volta: L. Reis, na 2ª, 1min13s231, média de 143,496 km/h
Nenhum comentário:
Postar um comentário