Coluna 2314 06.06.2014 - edita@rnasser.com.br
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Audi ocupa espaços – e planta dúvidas
Será desorientado olhar a Audi como mais uma importadora
disseminando pequenas quantidades de seus veículos no Brasil. País mudou, mundo
idem, hoje sua compra é seletiva análise entre os muitos concorrentes. Audi tem
projeto de crescimento e sedimentação. Nas mãos de Jörg Hoffmann, constrói
fábrica; definiu futuros produtos – A3 e utilitário esportivo Q3-; dinamiza o
mercado; abre leque de opções; foca-os nas preferências dos clientes, como os
sedãs.
Começou bem o ano, recordes de vendas contínuos,
publicidade intensiva, e coroou as ações com a apresentação de versão do líder
A3 sedã em apto equilíbrio de características e preços a liderar vendas
da marca.
Tem novidade, o A3 sedã motor 1.4 TSFI, a partir de R$
94.800. R$ 99.800, versão mais completa, e menos R$ 13.800 em relação à versão
com motor 1.8.Na prática do A3 1.4, o amplo torque de 20,5 quilos
acelera com brio, pouco mais de 9s de 0 a 100 m/h, e velocidade final em torno
de 210 km/h, consome pouco. Confortável, atualizado, bom de sensações, a ele
faltam poucos itens, como a câmera de ré – traz sensores e, a quem gosta,
ignição sem
chave.
Venderá muito e auxiliará a marca a atingir as desejadas
10 mil vendas neste ano – ultrapassou a metade em cinco meses.Adicionalmente cria consciência crítica, e instiga consumidores
quanto a preço. Porque este automóvel, importado, com todos os custos
deste processo e mais imposto alfandegário, custa quase o mesmo que Toyota
Corolla na versão Altis, fabricado em São Paulo – e sem o estabilizador
eletrônico ESP?
Citroën 2015, mudanças sutis
Linha Citroën para 2015 é do tipo mexe pouco em time que
vai bem. Mudanças, nas denominações, redistribuição de equipamentos entre
versões, e poucas mudanças visuais, como o AirCross, nas máscaras de
faróis, rack do teto em cor grafite, e oferecendo pintura geral
em branco nacarado.
Equilíbrio
Produtos da marca bem expõem sua característica
diferenciativa: estilo, acessórios, equipamentos, detalhes. Isto está
preservado na Linha 2015. Nomes mudaram. Mantém a Origine, de
entrada, a R$ 40.990, pacote mínimo de ar condicionado, direção elétrica,
vidros dianteiros e travas elétricas. Em degrau, Attraction, por R$
4 mil adicionais, rodas em liga leve, vidros elétricos traseiros, luzes diurnas
em LED, comandos de som no volante.
Acima, Tendance, 1.5 e
transmissão manual a R$ 45.490. Motor 1.6 e transmissão automática, R$
49.990. Tendance 1.5 e transmissão manual deve ser a opção de quem não
enfrenta trânsito. Quem o faz, por questão de saúde, automática. Porque
Tendance? Pacote confortável e inclui o para brisas com 1,3 m2, grande charme.
Picasso
Política idêntica, mudança em designação
C3 Picasso Origine a
R$ 46.890. Tendance em opção de motor 1.5, manual, R$ 47.790.
1.6 automática, salto grande: R$ 54.890. Topo, Exclusive, 1.6
manual a R$ 55.890. e automática por R$ 59.890
Aircross
Topo da linha nacional, minivan aventureira Aircross tem sutil
mudança visual.
Mudanças em
denominação, novo padrão familiar. Preços partem de R$ 55.190, Tendance 1.6
manual.
E,Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.
Frase, do humorista carioca Sérgio Porto, o Stanislau Ponte Preta,
1923-1968, bem define a situação. Mercado de automóveis em contenção, redução
do número de dias úteis para anunciar e vender – protestos, Copa, Eleições -,
não aconselha mudanças. Citroën manteve suas vendas, participação, e prevê,
segundo Gustavo Rotta, gerente geral de produto, comercializar 65.000 unidades
em 2014 – mesmo volume de 2013. (Pessoalmente acredito em mais. Com a
holding PSA passando por crise nunca vista em mais de século de existência,
sócios externos, novo mandão trazido da Renault e querendo mostrar serviço, o
chicote vai cantar. Não se sabe a que custo de corte na equipe mas, com
certeza, com tal incentivo, vendas irão aumentar. – RN)
A aposentadoria do Embaixador
O automóvel indiano Hindustan Ambassador (Embaixador)
–1957-2014-, encerrou produção no final de maio, superando a Kombi brasileira
–1957–2013 -, vista como o maior anacronismo veicular quando em produção. Era a
Series IV do Morris Oxford, projeto inglês da década de ’40 e, como a Kombi, de
primarismo mecânico interpretado como resistência aos buracos, à falta de
pavimentação, e desafiador às agruras dos países sem motorização. Lá, pioneiro,
o Amby reinou solitário muitos anos.
Fim após constante declínio de vendas, dificuldades de
ganhos tecnológicos, e até de fornecedores de peças com tecnologia antiga –
engrenagens da caixa de marcha fornecidas por pequena metalúrgica no interior
do Paraná -, estéticas, e a óbvia superação se comparado com outros indianos,
mais recentes como Suzuki e Fiat. Chegou a ter 70% do mercado, um ano para
entrega, iniciou a palidez institucional ao perder o cargo de veículo do
Primeiro Ministro, para um BMW blindado, caminho tomado pela burocracia,
deixando a fidelidade ao pioneiro, pela atualização e conforto. O Amby não
tinha ar condicionado, mas prosaico e cinquentista ventilador fixado ao painel
de instrumentos.
Na furca entre investir, mudar métodos e produto, e venda
de 2.000 unidades – 0,1% do mercado indiano -, no ano fiscal encerrado em
março, a Hindustan optou encerrar a produção, e vender a fábrica de onde saíram
por 56 anos.
A frota de taxis na India é rica em Ambys, o
mais resistente a trabalho duro. Deixa saudade aos usuários pelo bom espaço no
banco traseiro.
Na terra da Tata – outra marca -, dona de Jaguar e Land
Rover, não há espaço para o Amby.
Roda-a-Roda
Nostalgia - Para se tornar referência em força e
performance, e sacudir da bandeira do saudosismo, as marcas Dodge e SRT
apresentaram novo Dodge Challenger SRT 2015 e versão de pico, a Hellcat.
Decoração lembra modelos de 1971, os mais radicais Muscle Cars.
Retrato – Tomadas e saídas de ar no capô, grandes
aerofólios frontal e posterior são âncoras com o passado. No Hellcat novo motor
6.2 Hemi, e compressor volumétrico, fazem mais de 600 cv de potência.
Transmissões manual de seis velocidades ou automático com oito. O SRT utiliza o
392 c.i. – uns 6.400 cm3 e produz 492 cv. Sem planos para importação.
Futuro – Novo motor é jogo duro: virabrequim e
bielas forjados para enorme resistência, compressor com dois intercoolers,
radiador para óleo e linha de combustível com 12,5 mm de espessura. Tudo
indica, nasceu nova família e a do 392 não terá amplo futuro.
Caminho – Chegam os veículos autônomos, capazes de
andar por controles e sensores externos: a Google se acerta com a Roush
Enterprises finalizar a engenharia rolante e montá-los - em Michigan, casa de
Ford, GM e Chrysler.
Em casa - Uso urbano,
velocidade em 40 km/h. Série inicial 100 unidades - sem volante e pedais. Curto
como o Smart, quer ser referência em segurança.
Herança – Indiana Tata,
feliz com vendas e lucros, apoiou gestores da Jaguar no resgate do atrevimento
de seus esportivos, donos de recordes de velocidade e vitórias em provas de
resistência, como as cinco em Le Mans.
Coupé – Em alumínio o novo F Type chega ao Brasil. Três
motorizações, três preços, todos com compressor, em vez de turbo: R 5.0
V8 5,0 litros, 550 cv e aproximados 68 quilos de torque, aceleração de 0 a 100
km/h em 4,2s e final cortada a 300 km/h. R$ 662.000. Irmão do meio, F, V6,
3.0, 380 cv, R$ 497.700, e simplesmente F Type, 340 cv, R$ 426.300.
Mercado – 40 cv
a mais valem aproximados R$ 71 mil entre as versões F e a básica ? No
mercado de equinos, sim. Embora vendidos em tropa, o custo unitário equivale a
R$ 1,8 mil, barato para um PSI...
Prêmio – Recentes e pequenas mudanças estéticas,
faróis em LED, motores mais dispostos, auxiliaram julgadores internacionais
especializados a conferir ao Alfa Romeo Giulietta o prêmio “Compasso
d’Oro 2014” em desenho industrial.
Razão - Giulietta e MiTo deverão ser sacralizadas
pela marca a curto prazo, pelo árduo trabalho de manter viva a rede de
distribuidores. Hoje sintetizam, resumem, e mantém a marca Alfa Romeo
respirando, até a chegada dos novos produtos anunciados para a grande virada de
comportamento.
Ícone – Ford faz eventos para apresentar e vender o
Mustang no mundo. Semana passada abriu inscrições para 500 unidades na Europa.
Surpresa, vendeu-as em 30 segundos! E restaram 9.300 encomendas.
Brasil – Ao Brasil irá traze-lo. Enquanto isto a
importadora Direct Imports informa ser a primeira “credenciada” para importar o
automóvel.
Pinóquio – A Ford desconhece. A importação pode ser
feita, custando caro, pela aquisição feita em revendedores, preço inflado por
lucro, impostos e transporte internos nos EUA. A garantia e o fornecimento de
peças não ocorrem pela marca, mas pelo importador. Tipo la garantia soy
yo ...
Problema – Com milhões de automóveis chamados
a re call por economia porca e mortal no sistema de ignição,
muitas ações indenizatórias, acordos bilionários para tentar deter o processo,
a GM demitiu 15 executivos. Diz ser responsáveis por conhecer os problemas,
resolvendo não levá-los para a direção. Esta, diz, só tomou conhecimento quando
o caso chegou à imprensa.
Norma – Governo paulista baixou portaria obrigando
aos cartórios informar à Secretaria da Fazenda transações de venda e compra de
veículos. Medida racional, positiva ao consumidor, dispensa-o de comunicar a
venda a Detran e Secretaria de Fazenda, para livrar-se de multas causadas pelo
comprador que não transfere o automóvel. Tomara se espraie pelo país.
Para assustar – Ótima esta Copa. Como,
ao pouco saber quantum e como foi gasto, iniciamos movimento
de moralidade no uso do nosso dinheiro transformado em impostos. Dados
negativos trazem os protestos e, pósCopa, exigências ao próximo
Presidente. Papo e anúncios não estão resolvendo.
Em trânsito – O descompasso entre vender veículos
novos, e criar áreas para a sua circulação, provocou estudo da TomTom, líder
global em tráfego e fabricante de GPSs. É o 1º. Índice de Trânsito do Brasil.
Características: maiores engarrafamentos em vias secundárias, e nas manhãs de
segunda feira e tardes das sextas. Outros países, nas vias principais e às
quartas feiras.
Em comum – Indica significativo aumento no tempo de
deslocamento dos motoristas, incluindo os de Curitiba e Brasília, cidades
planejadas. Assim: Recife, 60%; Salvador, 59%; Rio de Janeiro, 55%; Fortaleza,
48%; Porto Alegre, 38%; Curitiba, 34% e Brasília, 27%.
Aliás – No tema, o Governo Federal isentou de IOF os
empréstimos tomados fora do país para repasse em financiamento de veículos no
mercado interno. Lá fora os juros são muito menores. Governos tentam resolver a
omissão do dia, ignorando o planejamento. Mais emprego ou mais engarrafamento ?
Programa – Batendo perna ? Polindo o cartão de
crédito na paulistana Oscar Freire nas tardes de sábado 7, 14 ou 21 de junho? Dê
um tempo no Espaço Citroën. Apresentação graciosa do grupo Jazz São Paulo, das
16h30 às 18h.
Terra – Boas projeções de safra agrícola turbinam
feiras agropecuárias Brasil a fora. Na Bahia Farm, em Luiz Eduardo Magalhães,
no sudoeste baiano, Ford apresentou e pré vendeu seus retomados caminhõeszinhos
F 350 e F 4000.
Palco – A marca sobrestara os produtos, arranjou
motor diesel Cummins Euro 5, 150 cv, transmissão de cinco velocidades, freios
ABS, distribuição eletrônica de frenagem e ar condicionado, voltou. Custam,
para receber em outubro, F 350 R$ 97.790 e F 4000 R$ 112.790.
Museu – Família de Rogério Neves Gomes, desaparecido
antigomobilista mineiro, cedeu ao Museu Nacional do Automóvel, em Brasília,
rara treliça, construída por Chico Landi e Toni Bianco, para a categoria
Fórmula Brasil. Possivelmente utilizou motor Alfa Romeo/JK. Desaparecido em
1963, 1964.
Continua – Sabe algum dado desta história? Informe, ajude
o Museu a reconstruí-lo: curador@museudoautomovel.org.br
Mercedes definiu carros brasileiros
Indústria do automóvel no Brasil existe graças às bases
lançadas pelos presidentes Getúlio Vargas, no início da década de ’50, e na
crença e jeito de Juscelino Kubitschek em seguir o projeto do Comandante Lúcio
Meira.
Desde os anos ’20 aqui estavam Ford, Chevrolet,
International. Pós II Guerra, e início do governo Vargas, 1950-1954, Willys,
Studebaker, Nash, Chrysler, a estatal FNM daqui importavam peças e conjuntos,
agregando partes e mão de obra nacionais. Foi quando a Mercedes, então com
representante Alfred Jurzikovski, mediu o tamanho do mercado, decidiu investir.
O projeto não era montar, mas produzir, enorme a diferença de posturas e
investimentos. Iniciou construir em São Bernardo do Campo, SP, e tal definição
mudou o cenário. Nesta época, fim do governo Café Filho –1954-1955-, sem norma,
incentivo ou projeto consistente de atração, investimentos eram pequenos em
relação à atividade, e nos processos, no máximo estamparia de partes das
cabines dos caminhões.
Final de 1955 a Mercedes, pela fundição Sofunge,
contrariou o conceito de época, vazou e usinou um motor no Brasil. Quebrou o
tabu e mostrou haver capacidade técnica local.É um marco na história, ante as atividades tópicas,
superficiais, sem maior compromisso ou investimentos, galpões, equipamentos
baratos, sem manufatura de peças pesadas.
Ao tomar posse JK, convocou o Comandante Meira a ampliar
os tímidos passos da Era Getúlio, o feito e a presença da Mercedes foram aval
institucional. E por si só inibia argumentos contrários sobre dificuldades,
prazos e índice de nacionalização. Não era representante de marca e, ao
contrário das outras grandes, como Ford, Chevrolet, Grupo Chrysler, a recém
instalada Willys, não fazia montagem, mas estava comprometida em crescer com o
país.
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