Wagner Gonzalez |
A desclassificação de Felipe Massa no Grande Prêmio do Brasil por
questão de temperatura em um pneu, no último fim de semana, mostrou
que a temporada de caça às bruxas continua firme e forte. Pode haver mais
pressão por trás disso do que aquela medida pelos manômetros da FIA.
Tirando o arrojo de Max
Verstappen em suas ultrapassagens e as arquibancadas e tribunas quase cheias de
lugares vazios, só mesmo a desclassificação de Felipe Massa para gerar algum
fato importante no GP do Brasil de F-1 deste ano. Verdade que a segunda vitória
consecutiva de um Nico Rosberg pressionado a ponto de pedir que a equipe não
conversasse com ele na fase final da prova também foi notável. Mas quando uma
medição da Federação Internacional do Automóvel, a FIA, aponta uma leitura
bastante diferente das três feitas pela equipe Williams, é difícil não
especular.
Qualquer equipe que seja sempre tenta burlar o regulamento no
estilo crime perfeito e a Williams não é exceção. Daí a arriscar instalar um
pneu cuja calibragem que estivesse 27 °C acima do limite estipulado, seria
abusar da sorte. Mais, uma diferença de 32 °C, se considerada a medição alegada
Rob Smedley, engenheiro do time inglês, certamente traria uma diferença maior
que apenas 0,1 lb/pol² (psi) conforme consta do relatório da FIA. O motivo da
desclassificação — temperatura acima do recomendado pelo fabricante e
referendado pela FIA — revela inconsistência, pois se a banda do pneu estivesse
tão mais quente quanto o indicado, parte dessa temperatura afetaria de forma
mais contundente a pressão de enchimento. Mais: é de se perguntar por que não é
citada a temperatura do pneu do lado esquerdo, pois é pouco provável que a
diferença entre ambos pudesse ser gritante.
Dentro deste quadro três
hipóteses se destacam: uma possível cara de pau da equipe inglesa, um
crasso erro de medição por conta dos técnicos da FIA ou um novo pulo do gato
para burlar o regulamento. No final das contas, o que se vê é uma preocupação
demasiada com os pneus, por tabela, o cerceamento à criatividade em um esporte
que sempre se destacou pela pesquisa, empírica ou científica, em busca de
baixar décimos de segundo por volta, jamais subir um décimo na leitura de um
calibrador. Certa de que não está errada, a Williams já confirmou que vai
recorrer da desclassificação do brasileiro.
Quem acompanhou a
transmissão da corrida pela TV notou a preocupação do diretor de imagem de não
mostrar o público nas arquibancadas, exceto em um ou outro momento. A causa
disso foram as arquibancadas vazias a ponto de poder comprar ingressos nas
bilheterias do autódromo no dia da prova. Não ficaria bem mostrar os lugares
desocupados, nem mesmo aqueles de tribunas especiais onde os ingressos são
vendidos a peso de ouro. A proposta de manter o evento exclusivo a qualquer
custo dá sinais claros de esgotamento, sensação mais nítida quando todos sofrem
com a crise deflagrada por uma política econômica questionável e que mantém o
País em recessão.
A vitória de Nico Rosberg assegurou ao alemão da equipe Mercedes o
título de vice-campeão da temporada: os 25 pontos da vitória o permitiram somar
292, sendo que ao chegar em terceiro lugar Sebastian Vettel chegou a apenas
266, uma diferença impossível de ser anulada com os 25 pontos em jogo na etapa
final da temporada, dia 29, em Abu Dhabi. O resultado completo da prova você
encontra clicando
aqui.
Venham a mim os novos motores
A ladainha sobre novos
motores na F-1 está chegando ao fim: às 17 horas de Paris no dia 23 de
novembro, dentro de uma semana portanto, encerra-se o prazo para que empresas
interessadas em construir um motor alternativo para a categoria apresentem suas
credenciais. Isto significa documentação que comprove a capacidade técnica e
financeira para construir um motor V-6 de até 2,5 litros e com capacidade de
gerar pelo menos 640 kW (870 cv), mas que deverá ter esse índice reduzido para
530 kW (720 cv) em operação de classificação e corrida. Outro parâmetro já
definido é o peso de 135 kg. Não foi estabelecido um preço máximo, mas a
entidade informou que o valor mais baixo será um diferenciador na escolha da
proposta vencedora. Também não há limite de rotação, durabilidade mínima ou
fluxo de combustível e tampouco será usada uma solução híbrida. Ou seja, será
um motor de combustão interna puro e simples. Outras exigências são sistema
hidráulico igual para todas as equipes que usarem o motor e eletrônica
embarcada compatível com o ECU e aquisição de dados padrão da FIA.
Por outro lado, está liberado o uso de um ou dois turbo
compressores, que funcionarão em limites a serem estabelecidos pela FIA,
liberdade de concepção do virabrequim (exceto no seu comprimento), do sistema
de válvulas e do escapamento, que todavia não poderá ter tamanho variável.
Para dar assistência na pista serão autorizadas cinco pessoas por equipe
e exigidos motores para atender às necessidades decorrentes de uma temporada e
5.000 km de testes.
WG
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