quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez

LAVOISIER SEMPRE PRESENTE

Ainda que em seus tempos terrenos a Fórmula 1 fosse algo tão impensável quanto as novidades que a internet nos traz atualmente, Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794) nunca esteve tão presente na F-1 atual. Após meses de bate-boca e carros sujos lavados no paddock, Renault e Red Bull parecem ter reciclado a última crise de um casamento que já foi exemplo de felizes para sempre e ganha novo fôlego.
Nas temporadas de 2010 a 2013 não teve para ninguém: o triunvirato Red Bull/Renault/Vettel dominou a F-1 com asas, queijos e cervejas da melhor qualidade. Tudo ia bem até que a ideia de Jean Todt vingou e tornou-se mandatório o uso de motores híbridos, aqueles que usam motores a combustão ligados a sistemas recuperadores de energia. Ninguém se preparou melhor para isso do que a Mercedes-Benz, que desde 2014 assumiu o papel de protagonista total e absoluta da categoria, triunfo que trincou e até fraturou as bases do relacionamento entre a Red Bull e a Renault. Quanto decisão de Sebastian Vettel deixar a equipe após um ano de resultados pífios, pouco a ver: seu contrato com a Ferrari estava assinado há anos.
Após um ano desastroso, especialmente se comparado à conquista de quatro títulos consecutivos, as acusações entre Red Bull e Renault cresceram como o suspense de uma ópera e quando tudo indicava que uma tragédia se abateria sobre Dietrich Mateschitz, eis que a paz voltou a pairar sobre o reino do senhor dos energéticos. A Renault deverá anunciar em breve que a relação não está acabada, a Red Bull dirá que as ofensas não passaram de uma crise digna de qualquer matrimônio, etc. e tal. Só que a partir de agora não será bem como antes: a equipe terá que pagar pelos motores e o contrato deve durar uma, no máximo duas temporadas.
A FIA assiste impávida essa confusão, onde o resumo da ópera é deveras conhecido: impedir que a Red Bull tenha um protagonismo que atrapalhe os negócios e crie confusão tanto para os interesses de Bernie Ecclestone quanto para os fabricantes de motores. Para a Renault interessa reformular seus gastos e ter uma equipe de ponta para desenvolver seu V-6 e manter a condição de fabricante de motor com mais vitórias na categoria enquanto define e implementa seus planos para a Lotus. Para não passar recibo de mãezona, a marca francesa deixará de equipar a Toro Rosso, que será impulsionada por motores Ferrari, muito provavelmente rebatizados como Alfa Romeo. Ou seja, até mesmo na F-1, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma…
Mallya condenado na India
Nome que comanda a equipe Sahara Force India, o empresário indiano Vijay Mallya foi considerado inapto pela Suprema Corte da índia para obter empréstimos em seu nome nesse país. A ação foi movida pelo State Bank of India e outros que emprestaram cerca de U$$ 1 bilhão a Mallya, há pouco mais de três anos, com o objetivo de reerguer a Kingfisher Airlines. A empresa aérea já deixou de voar e seus credores se mobilizam para leiloar os bens móveis e imóveis na esperança de recuperar o capital investido. A decisão deverá afetar o futuro da equipe de F-1, cujo futuro parece estar em sua incorporação pela holding Diageo e uma possível associação com a Aston Martin, solução que agradaria a Bernie Ecclestone e à Mercedes-Benz.
A FIA (Federação Internacional do Automóvel) encerrou ontem o prazo para que interessados em fabricar um motor de F-1 alternativo, tanto em termos de potência quanto de custos. As já conhecidas Cosworth e Ilmor e a ADR, fabricante de motores da GP3 e Endurance, categoria de onde derivará o motor P66 destinado à F-1. A decisão de permitir um motor com menos restrições de desenvolvimento e maior potência absoluta pode soar como uma solução interessante para as equipes pequenas, mas tem potencial nefasto em relação às grandes marcas envolvidas na categoria. Entre estas possibilidades estão a decisão de assumir de vez a categoria, ou até mesmo debandar e investir em outras modalidades.
Londrina não coincide
Uma das provas mais tradicionais do automobilismo brasileiro de resistência, a competição 500 Milhas de Londrina deste ano ganhou proeminência no cenário nacional ao ser realizada em data não coincidente com a 12 Horas de Tarumã. Com isso espera-se um grid bastante competitivo e numeroso para a corrida, que acontece sábado no autódromo dessa cidade. Mais detalhes no site www.500milhasdelondrina.com.br.
Camara brilha em Macau
O mineiro Sérgio Sette Camara se destacou na disputa do GP de Macau, a prova mais complexa do calendário internacional da F-3, graças às peculiaridades do circuito local: demasiado estreito e ondulado, sem áreas de escape e com curvas tão fechadas que em uma delas é proibido ultrapassar. Após uma largada cautelosa o brasileiro recuperou-se e chegou a ocupar o quinto lugar, quando um pneu furado pôs fim às esperanças de terminar no pódio. De volta à pista, Sette Camera aproveitou os pneus menos desgastados instalados em seu carro e abaixou em seis décimos o recorde anterior, estabelecido pelo suíço Edoardo Mortara em 2009, ao marcar 1’10”186. O sueco Felix Rosenqvist obteve sua segunda vitória consecutiva no traçado chinês.
WG

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