Alta Roda nº 970/320 – 07 /12 /2017
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Um projeto de lei importante para manter sob
controle – ou mesmo diminuir – as emissões de gases de efeito estufa foi
aprovado há uma semana pela Câmara dos Deputados. Acredita-se que a tramitação
pelo Senado do chamado RenovaBio será
tranquila e, finalmente, o País terá um mecanismo moderno para limitar a
liberação de CO2 na atmosfera.
Os meios de transporte (terra, mar e ar) respondem por cerca um quarto das
emissões totais deste gás capaz de provocar mudanças climáticas, segundo a
grande maioria dos cientistas. Há os que discordam, porém está bem difícil
convencer os seus pares do contrário, ou seja, considerar o gás carbônico de
efeito neutro sobre o clima do planeta.
RenovaBio é um programa estratégico bem estruturado e recebeu aperfeiçoamentos
em sua tramitação. Uma das mudanças desconsiderou metas anuais obrigatórias de
adição de etanol à gasolina ou de biodiesel ao diesel, para aliviar pressões
oportunistas. Estas mais atrapalham do que ajudam. O Brasil assumiu diretrizes
de descarbonização dos transportes previstas na Conferência Mundial do Clima.
Precisava mesmo de legislação sem subsídios ou renúncia fiscal para
biocombustíveis.
A ideia teve inspiração nas leis do estado americano da Califórnia. Para
cumprir as metas cria-se o comércio de créditos de carbono (CBios). As grandes
emissoras (petrolíferas, em essência) compram créditos dos produtores de
biocombustíveis. Estes são estimulados a buscar máxima produtividade e assim
gerar mais Cbios. Fabricantes de veículos também se sentiriam estimulados a
investir em motores mais eficientes.
Na verdade, essa é uma tendência em curso e só precisava de um empurrão
estratégico. Desde 2014, Unicamp, USP, ITA e Instituto Mauá de Tecnologia
receberam o apoio do Grupo PSA (Peugeot, Citroën, DS e Opel) e da Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para fundar o Centro de
Pesquisa em Engenharia (CPE) Professor Urbano Ernesto Stumpf. O nome homenageia
o cientista falecido em 1998, considerado o pai do motor a etanol no
Brasil.
Com o RenovaBio abre-se a possibilidade de autossustentação de CPEs que, além
de oferecer resultados práticos, possam absorver riscos ao pesquisar algo
inédito e avançado, como já acontece nos EUA, Europa e Japão. Aliás, colaboram
com o Centro acima citado cientistas da França, Itália, Inglaterra e
Alemanha.
A própria Fapesp promoveu, quinta-feira passada, em São Paulo, o seminário
Eficiência Energética e Biocombustíveis. Um dos trabalhos apresentados, da
Universidade Federal de Minas Gerais, foi sobre o desenvolvimento em
laboratório de um motor exclusivamente a etanol. Depois de 14 anos, chegou a um
resultado surpreendente ao aproveitar todo o potencial e características
específicas do biocombustível.
Esse motor turbo de 1 litro entrega 185 cv de potência e seu consumo de etanol
é até 10% inferior a um equivalente a gasolina. “O etanol sempre superou a
gasolina em termos de eficiência energética. A novidade aqui é a paridade de
consumo de combustível”, explicou o professor José Baeta.
A viabilidade comercial dependerá de mais estudos e investimentos, agora
viabilizados, em tese, pelo RenovaBio.
RODA VIVA
ESTRATÉGIA da Ford para importar o Mustang
incluía, desde o início, a versão repaginada da última geração. Em geral isso
ocorre depois de quatro anos, mas neste caso a previsão era mudar no terceiro
ano. Pré-venda em 11 de dezembro na faixa dos R$ 300 mil e versão única GT
Premium. Motor V-8, 466 cv e câmbio automático de 10 marchas. Aceita
provocações...
PROJETO Berlineta deve se materializar em 2019.
Trata-se de um carro de competição brasileiro em colaboração com a
ítalo-germânica MICLA. Apenas 850 kg de peso, motor central, tração traseira e
mecânica a definir. Seu estilo é um tributo ao inesquecível Willys Interlagos,
a versão nacional do Alpine A108, cuja releitura moderna acaba de estrear na
Europa.
ATMOSFERA interna e motor 1.0 turbo são os grandes
destaques do novo Polo. Bancos com assentos generosos, painel bem projetado,
espaço para pernas na parte traseira, precisão de direção e ótimo câmbio
automático de seis marchas completam o conjunto. Rodas de aro 17 da versão
Highline tornam o rodar bem mais áspero do que as de aro 15 da
Comfortline.
FARÓIS de LED (Diodos Emissores de Luz) vão
substituir de forma mais rápida do que se pensava os de xenônio. Embora a
tecnologia LED seja cara, o aumento de produção está diminuindo seu custo. Além
disso, ao contrário de lâmpadas de xenônio, dispensam sistemas de regulagem
automática de altura dos fachos e de limpeza das lentes por jato de água.
PARA inibir o uso do celular enquanto se está ao
volante, a GM decidiu entrar no ramo de comércio eletrônico, nos EUA, por meio
da central multimídia no painel. De início a oferta de itens é pequena: apenas
reservas em restaurante, teatro e pequenas compras. Faz parte da estratégia de
evitar distrações. Já disponível e aos poucos em toda a linha de modelos
naquele mercado.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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