Fernando Calmon |
FILOSA, DA FCA, AFIRMA MANTER INVESTIMENTOS
A previsão de como estará o mercado brasileiro de
veículos, depois que todas as concessionárias puderem reiniciar vendas
presenciais, é de uma queda anual de até 40% em relação a 2019. Conversei com
os presidentes das três maiores fabricantes, FCA, GM e VW, sobre o presente e o
futuro. Em meio a tantas declarações de desânimo, ainda há espaço para algum
viés positivo? Vamos descobrir nesta e nas próximas duas semanas. Começo com
Antonio Filosa, da FCA.
O que vai mudar
depois da pandemia?
“O comportamento das pessoas e da própria sociedade. Vendas
online devem ganhar força. A jornada de compra será cada vez mais digital, e
isto exige novas estratégias de atendimento e pós-vendas. Consumidores terão
que adiar a compra do carro. Mas haverá muitas pessoas que se sentirão inseguras
em meio a multidões. Estas desejarão o carro próprio e conectado, como pagamento
de combustível e de produtos sem precisar sair do veículo. Vejo uma tendência a
maior demanda de veículos de entrada, de menor preço. Mas o segmento de SUVs é
o que mais cresce e continuará assim.”
Antonio Filosa, da FCA |
“O mercado brasileiro continuará a ser um dos maiores e
mais atraentes do mundo. Já pudemos observar em crises anteriores a tendência
de recuperação rápida. Agora espero que em três anos voltemos ao número de
2019. A taxa de motorização mostra que a frota brasileira ainda tem muito
espaço para crescer, pois está abaixo da de outros países com nível equivalente
de renda ao nosso. A velocidade da recuperação dependerá do controle do Covid-19
no país e da confiança na economia. Mas é consenso que todos querem retomar a
atividade e voltar a crescer. Cria um cenário potencialmente positivo à frente.”
Que lições tirar
dessa crise?
“Os aprendizados. Nossos processos produtivos e
administrativos moldaram-se à nova realidade com nível ainda mais alto de
atenção à saúde e à segurança. A velocidade de adaptação e aceleração da digitalização
tende a perdurar. O conselho global de administração da FCA, que eu integro,
admira o Brasil. Nosso principal acionista, John Elkann, viveu aqui. Conhece bem
o País e sua capacidade de se reinventar. A isto se soma o histórico de bons
resultados na região que resultam em forte confiança no Brasil. Nossos investimentos
estão mantidos, com prazos um pouco alongados. Trabalharemos muito para ampliar
nossa linha de produtos e surpreender o consumidor com soluções inovadoras.”
VW NIVUS CRIA UM SEGMENTO PRÓPRIO
O plano de revelar o Nivus em etapas completou mais uma
fase. Agora sem disfarces, o primeiro SUV cupê compacto do mercado brasileiro, projetado
e desenvolvido aqui, também será produzido na Espanha para o mercado europeu e
de outros continentes. A versão europeia estreia só no segundo semestre de 2021
e terá pormenores diferentes que a VW ainda não revelou, embora seja o mesmo
carro.
Sua personalidade é o ponto forte, sem semelhanças de
estilo com o T-Cross e o Polo. Deste herdou as principais dimensões de chassi,
com distância entre eixos (256 cm) e largura (175 cm) praticamente iguais, além
de portas, para-brisa, caixas de rodas e as colunas dianteiras e centrais. Vão
livre do solo, 2,7 cm maior que o do hatch (17,6 cm x 14,9 cm), mostra que não
houve exagero. Para ter outra referência o Nivus é 8 cm mais baixo (149 cm) que
o T-Cross (157 cm), para garantir silhueta elegante em harmonia ao conceito do
projeto.
A inclinação das linhas do teto (pintado de preto) é um dos
pormenores atraentes e inclui defletor também preto. Cresceu em comprimento 7
cm (426 cm) em relação ao T-Cross (419 cm). Os racks de teto são discretos. O
porta-malas do novo modelo, de 415 litros, ficou maior do que o T-Cross que tem
373 litros, na posição normal do encosto do banco traseiro (na posição vertical
aumenta para 420 litros, mas é incômodo). As rodas de liga leve são exclusivas
e têm desenho arrojado.
Outro destaque de estilo: conjunto de faróis, luzes
diurnas e de neblina, além das lanternas traseiras. Nas versões mais caras tudo
em LED. Internamente o painel e o quadro de instrumentos digital são do Polo,
embora a nova central multimídia VW Play e o volante (igual ao do novo Golf)
sejam diferenças marcantes. O suporte para celular foi eliminado. Os materiais
de acabamento são simples demais, inclusive sua textura. No apoio de braço nas
portas há apenas uma pequena faixa de tecido. Atrás, o espaço para pernas e cabeças
dos passageiros será igual ao do Polo.
O motor será sempre o 1-litro de 128 cv/20,4 kgfm
(etanol) e câmbio automático epicíclico de seis marchas. Espera-se que a fábrica
tenha feito um ajuste fino no câmbio para evitar os atuais pequenos trancos na
arrancada.
A VW iniciará pré-vendas em junho. Entregas das primeiras
unidades devem ficar para o final de julho ou mesmo agosto. Ainda não anunciou
preços, mas a gama de versões será enxuta. Na média (com alguma superposição) ficará
entre Polo e T-Cross, na faixa de R$ 70.000 a 100.000.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmofernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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