Alta Roda nº787/136 – 05/06/2014 |
Fernando Calmon |
Pouco
se divulgou sobre a importância do Maio Amarelo, mês de ações institucionais
criado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). Na realidade, o
mês passado terminou sem que se notasse nenhum movimento coordenado de
autoridades de trânsito, legisladores ou de outras entidades no sentido de, se
não estabilizar, pelo menos criar condições para que acidentes interrompam sua
curva ascendente no País.
Pior:
o governo brasileiro é signatário da Década de Ação pela Segurança no Trânsito
2011/2020, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ao chegar quase
na metade do prazo as estatísticas continuam a nos envergonhar. A divulgação oficial
do número de mortos em ruas e estradas em 2012, só agora conhecida, aponta para
46 mil, contra 44 mil em 2011.
Pode-se
até certo ponto contemporizar, pois o aumento da mortalidade ficou um pouco
abaixo do ritmo de crescimento da frota. O índice mais usado no mundo para avaliar
riscos relaciona mortos à frota, mas no Brasil esta é uma peça de ficção.
Afinal, veículos que saem de circulação continuam nas estatísticas e a
avaliação verdadeira depende de estudos independentes ao cruzar taxas de
sucateamento natural, acidentes e roubos/desmanches.
Estamos
em quarto lugar na classificação mundial de mortes, mas nossa frota real é
apenas a oitava no mundo. Não para por aí. Segundo a Seguradora Líder,
responsável pelas indenizações centralizadas, acidentes geraram mais de 60.000
fatalidades. Provavelmente, vítimas de atropelamento sem registros nos números
oficiais.
Pesquisa
da Fundação Mapfre, divulgada neste Maio Amarelo, mostra resultados
assustadores. Ouvidas 1.419 pessoas, em todo o Brasil:
·
47%
dos entrevistados tiveram familiar ou amigo morto ou ferido no trânsito.
·
Nota
média dos entrevistados para o trânsito brasileiro foi de 4,6, em escala até
10.
·
2
em cada 3 pessoas acham que os acidentes não podem ser
considerados acidentes.
·
80%
acham que as leis de trânsito não são respeitadas.
·
As vias urbanas são de má qualidade, com nota média
de 4,4.
·
A formação dos condutores no Brasil não tem
qualidade e a educação de trânsito praticamente não existe
.
Enquanto isso a Espanha, dentro do esforço
preconizado pela ONU, conseguiu reduzir 10 mil mortes/ano para 1.800. E a Suécia
pretende chegar a 0% de mortos em acidentes até 2024. Segundo o consultor J. Pedro
Corrêa, o único jeito de um esforço contínuo dar resultados e diminuir fatalidades
seria um acordo político nacional para que a iniciativa de um governo não fosse
paralisada pelo sucessor.
Outro dado muito preocupante da pesquisa: praticamente todos os entrevistados sabem o que é um airbag
(bolsa inflável em colisões), porém 50% desconhecem para que servem os freios
ABS. Torna-se necessário, portanto, uma urgente campanha nacional do governo e
de entidades ligadas ao setor a fim de explicar como se evitam acidentes – ou
se arrefecem suas consequências – por meio de não travamento das rodas. E,
ainda mais importante, que o pedal de freio deve ser acionado com o máximo de
força e nunca pode ser aliviado até passar o perigo, mesmo ao sentir aquela
pulsação no pedal, indicadora de que o sistema está funcionando de forma
correta.
RODA VIVA
MARCADO
para agosto início de fabricação de dois novos modelos: Mitsubishi Lancer
nacionalizado, em Catalão (GO) e VW Fox 2015, em São José dos Pinhais (PR). No
caso deste, o motor MSI 1,6 L (120 cv) deverá substituir o atual VHT 1,6 L (104
cv). Aos poucos, o novo motor tomará lugar do atual em toda a linha para
atender metas de consumo do Inovar-Auto.
CONFORME
antecipado pela coluna, Toyota produzirá – se conseguir todos os incentivos
governamentais – o híbrido Prius na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Desconto
no IPVA e dispensa do rodízio na capital paulista, aprovados semana passada, não
seriam suficientes. Marca espera políticas específicas de IPI e importação para
decidir.
JAGUAR
F-Type cupê chega por preços entre R$ 426.300 e R$ 662.000. Estilo é mais
atraente que o conversível, lançado primeiro (rara inversão de prioridade).
Apesar da carroceria de alumínio, versão R (550 cv) pesa 1.650 kg, mais 150 kg que
o Porsche 911 Carrera S, um dos rivais da marca inglesa. Acelera de 0 a 100
km/h em 4,2 s, nada avassalador. Dirigibilidade, seu ponto alto.
CONFIRMADA
de 18 a 22 de junho, em Araxá (MG), 21ª edição do Brazil Classics Fiat
Show, evento de antigomobilismo com tradição de 30 anos. Além de seleção
rigorosa pelo espaço limitado no Grande Hotel, organiza um movimentado leilão. Na
última edição (2012), 56 automóveis trocaram de mãos, o que envolveu valores
acima de R$ 2 milhões.
ESTADO
de São Paulo acaba de obrigar os cartórios, sem custo adicional, a se
responsabilizarem pela informação ao Detran de transação de veículos. Comprador
e vendedor deslocam-se ao mesmo tempo para suas instalações (pouco ajudou a
diminuir furtos, roubos e fraudes), pagam pelo serviço e o cartório lavava as
mãos quanto ao dever de notificar ao Estado.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
Falando de pesquisa, nunca fui entrevistado, nem conheço ninguém que foi entrevistado ou amigo de alguém........
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