Alta Roda nº813/163 – 04/12/2014
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Fernando Calmon |
O
Programa Nacional de Renovação da Frota de Veículos Automotores (PNRF), por
enquanto, não passa de uma proposta e segue longe das prioridades do governo
federal. Até agora, depois de um ano, não veio resposta para a iniciativa de
dez entidades, incluindo sindicatos, que propõem um programa inicial de
substituição de caminhões com mais de 30 anos de uso.
Estima-se que até 200 mil desses veículos ainda circulem por ruas e estradas em
condições precárias de funcionamento, manutenção deficiente (ou mesmo sem
nenhuma) e sob ameaça constante de se envolver em acidentes. Na melhor das
hipóteses sujeitam-se a panes constantes que poderão atrapalhar o trânsito.
Um estudo apontou que eles representam em torno de 7% da frota total de
caminhões, mas respondem por 25% dos acidentes graves no País. O objetivo é até
modesto: trocar 30 mil unidades/ano por modelos usados menos velhos e, se
possível, por seminovos ou até novos em segmentos como caminhões leves. De
fato, o governo deveria criar algum incentivo – a exemplo de outros países –
para viabilizar a proposta. Sem contar enormes prejuízos humanos e materiais,
apenas a economia de combustível alcançaria R$ 5 bilhões em dez anos.
Entretanto, a situação fiscal do governo se deteriorou nos últimos 12 meses. Se
já era difícil quando das sugestões iniciais, no momento está ainda pior.
Fala-se apenas em aumento de impostos ou retirada de incentivos. Triste, mas a
solução não aparece nem mesmo no horizonte.
Infelizmente, certas iniciativas parlamentares mais atrapalham do que ajudam.
Na semana passada, a primeira comissão da Câmara dos Deputados a avaliar um
projeto de lei, de 2011, sobre o tema, optou pela rejeição. A proposição está
bem longe da realidade: determina a troca obrigatória (grifo
da Coluna) de qualquer veículo com tempo de uso superior a 15 anos, além de
criar incentivos para a substituição. Segundo a Agência Câmara, o Poder Público
ofereceria linha de crédito para compra do carro novo, enquanto os usados
seriam aceitos como parte do pagamento do financiamento.
O projeto ainda passará por quatro comissões na Casa, mas se trata de pura
perda de tempo mesmo que as finanças públicas não estejam em situação tão ruim.
De pouco adianta reconhecer o problema, sem se debruçar sobre alternativas
viáveis.
Renovação de frota deve ser precedida por um programa bem elaborado de inspeção
veicular. É inadmissível que um País com frota real de 40 milhões de automóveis
e veículos comerciais e mais 13 milhões de motocicletas deixe de submetê-la a
controles de segurança, manutenção e emissões. Claro que inspeção técnica
veicular (ITV) deve começar apenas no quarto licenciamento (três anos de uso em
diante), ser bienal até o décimo ano e anual depois desse prazo.
Em outros termos, já existe escala bastante alta para regulamentar o serviço em
vários Estados brasileiros e a preço razoável. A partir da inspeção viriam
iniciativas de reciclagem e a renovação de frota ocorreria a reboque. A Câmara
dos Deputados ajudaria muito se desengavetasse estudos de mais de 15 anos e
criasse condições econômicas e técnicas para a ITV. Sem mais perda de tempo.
RODA VIVA
DESDE 1º de novembro o ESC (sigla em inglês para
controle eletrônico de estabilidade) passou a ser obrigatório em todos os
carros novos vendidos nos Estados Unidos e também na Europa. É complementar ao
ABS (obrigatório aqui) por uma relação custo-benefício bem razoável. Falta o
Brasil estabelecer prazo de aplicação escalonada, no que a Argentina já se
adiantou.
CRUZE 2015 recebeu modificações discretas: grade frontal mais elegante, luzes
diurnas de LED e novas rodas com aro de 17 polegadas. Câmbio automático ficou
um pouco mais rápido nas trocas ascendentes e reduzidas. Motor não recebeu
modificações, mas para concorrer com Corolla e Civic de igual para igual
deveria oferecer também um 2-litros para assegurar mais torque.
MUITO prática a seleção de marchas por botões, no
lugar da alavanca, no Uno Sporting de câmbio automatizado. Usando só uma
embreagem ainda há limitações, mas já se vê evolução. Se esta opção não combina
com a sigla Sporting nem com o motor de 1,4 L (mesmos 85 cv), o carro melhorou
muito em acabamento e equipamentos: até câmera de ré opcional no espelho
interno.
PRINCIPAL executivo da Jaguar Land Rover, Ralph Speth,
veio ao Brasil para a pedra fundamental da nova fábrica de Itatiaia (RJ),
primeira 100% do grupo fora da Inglaterra. Confirmado o Discovery Sport
nacional para o início de 2016, continua a dúvida sobre o segundo produto.
Empresa foi evasiva na resposta, mas pelo menos não negou que estuda o sedã
Jaguar XE.
INAUGURADO na Grande São Paulo um conceito diferente
de abrigar até 400 veículos antigos de colecionadores. A empresa Box 54 se
assemelha a uma marina de barcos. Além do aluguel do estacionamento em amplo
galpão, o serviço completo inclui conservação e possibilidade de fazer
funcionar regularmente carros, motos e até tratores.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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