Wagner Gonzalez |
Movimento para
tombar Interlagos ilumina a possibilidade real de tombar o autódromo paulistano
para sua atividade fim. Proposta liderada por Floriano Pesaro será votada no
início do ano e pode trazer consequências positivas para outras praças
desportivas e culturais de São Paulo. Jan Balder homenageou Francisco Lameirão
no encerramento da temporada paulistana
Um trabalho de
base, que envolveu a nata dos verdadeiros autoentusiastas do automobilismo
paulistano, parece próximo de atingir sua meta: o tombamento do autódromo de
Interlagos para sua atividade fim, uma proposta relativamente nova que preserva
praças desportivas culturais da especulação imobiliária e permite realizar as
reformas necessárias para sua adequação a melhoramentos d segurança e
funcionalidade.
O vereador paulistano Floriano Pesaro, certamente garantiu boa
parte dos votos que o elegeram a um mandato de deputado federal a partir de
2015 ao liderar esse movimento, onde Mário Covas Neto (ex-piloto e campeão
brasileiro em categorias do kart e automobilismo) e Andrea Matarazzo – seus
pares na Câmara Municipal paulistana -, e seu assessor direto Sandro Kuschnir
tiveram participação importante. Segundo Pesaro, a ideia é mais abrangente do
que um simples tombamento:
“Ao tombar Interlagos para sua atividade fim estamos indo além de garantir sua
existência permanente. Explorando o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial
queremos garantir que Interlagos seja usado para o automobilismo e para o
kartismo.”
O trabalho
iniciado há mais de um ano envolveu pesquisas do crescimento econômico e social
do entorno do autódromo, a cultura de esportes a motor que se desenvolveu na
região e as consequências econômicas e trabalhistas na região. A reabertura da
Escola Básica de Mecânica Interlagos (que já formou cerca de 1.900 alunos) e a
criação do Museu Paulistano de Automobilismo e Kartismo estão incluídas no
pedido de tombamento, documento protocolado em 9 de dezembro. O projeto será
ser analisado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico,
Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP), durante o primeiro
trimestre de 2015.
Lameirão homenageado
Poucos eventos
poderiam ser mais adequados à homenagem prestada a Francisco Lameirão do que a
prova de encerramento do Torneio de Regularidade 2014, evento organizado e
promovido pelo ex-piloto Jan Balder. Competição disputada no autódromo de
Interlagos, o evento é focado no público que aprecia e pratica o automobilismo
em moldes tradicionais: proprietários de veículos de desempenho esportivo,
sejam eles originais ou, como de dizia nos anos 1960, envenenados. Nessa época
surgiu uma geração de pilotos que consolidou a presença brasileira no
automobilismo internacional e o desenvolvimento de preparadores e construtores
voltados ao esporte. Vários desses corredores foram além e se destacaram também
ao formar equipes que elevaram os padrões profissionais e técnicos dentro e
fora das pistas.
Um dos nomes mais significativos dessa época é o Francisco Dias de Souza
Lameirão, nascido no Brasil e educado em Portugal, onde voltou a morar quando
disputou a temporada europeia de F-Ford de 1970. Mais conhecido como Chiquinho
Lameirão – ou simplesmente “Português” nas conversas de pista -, ele pilotou
para várias equipes oficiais e, mais tarde, em diversas categorias defendendo a
equipe Motoradio, pela qual venceu os campeonatos brasileiro e paulista de
Fórmula Super-Vê em 1975, categoria que tinha ares e nível técnico similares à
F-3 europeia da época.
Foi esse piloto
que Jan Balder, outro ícone e apaixonado do automobilismo, homenageou no
encerramento da temporada paulista de automobilismo no último fim de semana. A coluna
Conversa de Pista participou desta homenagem ao entregar, através deste
jornalista, o troféu comemorativo.
Na F-1 o futuro
está no passado
A volta a
motores mais barulhentos e de especificações mais tradicionais pode acontecer a
partir de 2016. Proposta neste sentido será votada em reunião envolvendo
construtores, Bernie Ecclestone e a FIA (Federação Internacional do Automóvel),
dia 6 de janeiro. Igualmente o encontro vai definir o padrão de modificações
que as fábricas deverão adotar para aperfeiçoar as atuais unidades de potência
(o conjunto formado pelo motor V6 e dois sistemas de recuperação de energia)
durante a próxima temporada.
2014 segue
aprontando
A morte de Joe
Cocker (1944/2014), vítima de câncer nos pulmões, não foi a única notícia ruim
dos últimos dias. Os apaixonados pela F-1 assistiram a mais capítulo na saga
“Ecclestone, Poder e Disputas” após o banco Bayern LG anunciar que abriu um
novo processo na Justiça alemã contra o bam-bam-bam da F-1, ainda com
referência à venda de ações da holding que explora os direitos comerciais da
categoria. Desta vez o valor da indenização solicitada é de € 345 milhões,
valor que supera tranquilamente R$ 1,2 bilhão. Consta que Ecclestone reagiu ao
ataque abrindo processo contra a instituição financeira na Justiça britânica.
2015 promete.
Hartstein acusa
Todt e Saillant
O cirurgião
norte-americano Gary Hartstein, que até 2012 ocupou o cargo de responsável
médico da FIA para a F-1, acusou o presidente da entidade, Jean Todt, e Gerard
Saillant, renomado profissional de medicina que atua no Instituto FIA e
acompanha de perto aquela categoria. Recentemente Saillant visitou o reitor do
Hospital Universitário de Liege (Bélgica), onde Hartstein trabalha e leciona há
25 anos, em busca de afastar o colega desses cargos. Posto que o desligamento
do norte-americano da FIA aconteceu por e-mail e em um contexto de amplo
desgaste com Todt, o fato de Gary criticar o tratamento adotado para a
recuperação de Michael Schumacher e a análise e procedimentos adotados no
acidente com Jules Bianchi teriam sido as causas da atitude de Saillant. O
assunto tem potencial para terminar em um desgastante processo.
WG
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