Uma das recentes novidades no programa Inovar-Auto (2012-2017)
foi a adoção de pequenos bônus nos ciclos de aferição para as metas de redução
de consumo de combustível.
Trata-se de recursos técnicos que não podiam ser
captados em laboratório, porém efetivos no uso cotidiano. Quatro itens passaram
a valer:
Sistema desliga-religa o motor em paradas
Indicador de troca de marcha no painel
Controle da aerodinâmica da grade frontal
Sistema de monitoração de pressão dos pneus (SMPP)
SMPP é o mais importante não apenas por evitar aumento de
consumo de combustível de pelo menos 1% a cada 10% de calibragem dos pneus
abaixo do recomendado. Deve-se notar que mesmo circulando por vias bem
pavimentadas, com rodas e pneus novos, é normal perder no mínimo 10% de ar por
ano. Mas, dependendo de outras condições, um pneu sem a checagem quinzenal
recomendada, pode rodar com pressão de 20% a 30% abaixo do normal sem que o
motorista perceba.
O segundo aspecto está na segurança. Pneus com pressão
baixa dificultam o controle do veículo em manobras e frenagens emergenciais. Pesquisas
no exterior indicam que em 86% de acidentes analisados pelo menos um pneu estava
subinflado. Também compromete sua durabilidade e atinge o bolso do motorista. Pneus
sem pressão normal ficam mais sujeitos a furar. Assim, além do incômodo, pode
comprometer a integridade dos ocupantes do veículo, se acontecer em locais de
risco criminal.
A pressa e o esquecimento são, em geral, citados pelos motoristas
por negligenciar a calibragem. Recentemente, SMPP tornou-se obrigatório em toda
a União Europeia e já o era nos EUA, valendo também para motocicletas e
veículos pesados. Uma luz no painel indica a baixa pressão e, em modelos mais
caros, aparece em qual ou quais rodas está o problema.
Existem dois tipos de SMPP: direto e indireto. O direto é
o mais utilizado e consiste de sensor de pressão na válvula de ar de cada pneu,
pequeno transmissor de radiofrequência, além de microcontrolador e bateria. No
painel há o receptor e ícone iluminado que aponta a anomalia em qualquer dos
pneus sem individualização. Os mais sofisticados indicam a pressão em cada pneu,
inclusive do estepe, e usam pequenas etiquetas ou transponders que dispensam bateria. Há vários fornecedores, inclusive
no mercado de acessórios.
Na Inglaterra, a empresa WheelRight desenvolveu uma
máquina para registrar automaticamente a pressão dos pneus em questão de
segundos. Sem sair do carro (veja foto), o motorista recebe a informação na
tela do aparelho ou imprime.
SMPP indireto trabalha com os mesmos sensores que medem a
rotação de cada roda do sistema ESC (em inglês, controle eletrônico de
estabilidade), também obrigatório nos EUA e Europa. Se há perda de ar,
altera-se o diâmetro dinâmico do conjunto roda e pneu, suficiente para acender
a lâmpada no quadro de instrumentos. O arranjo é mais simples, porém exige que
o motorista restabeleça o sistema por meio de um botão ou no computador de
bordo, após recalibrar os pneus.
Pelas vantagens diretas e indiretas, além de preço
acessível, o SMPP deveria também ser obrigatório no Brasil. Por enquanto, é apenas
equipamento incentivado no Inovar-Auto.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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